O Volkswagen Virtus é um dos sedãs compactos mais caros à venda no Brasil. Tanto que a versão Exclusive de R$ 152.490 está na mesma faixa do Toyota Corolla de entrada (GLi de R$ 148.990) e do Nissan Sentra (Advance de R$ 151.490). Mas, por incrível que pareça, ele tem qualidades para brigar com esses dois. Menos em acabamento, que é terrível.
Um dos pontos mais inteligentes que a Volkswagen fez na mudança de visual do Virtus foi trocar a versão GTS pela Exclusive. Antes, a esportiva era raridade nas ruas, enquanto agora a variante mais luxuosa é a mais comum de se encontrar nas ruas. Afinal, o público de sedãs é bem mais careta. Mas vale trocar um médio pelo compacto?
Alma de GTS
Apesar de ter perdido as vestes luxuosas, o Volkswagen Virtus Exclusive só trocou o tênis de corrida por um sapato mais social. Debaixo do capô ele mantém o motor 1.4 TSI quatro cilindros turbo flex de 150 cv e 25,5 kgfm de torque ligado a um câmbio automático de seis marchas. Mesmo conjunto do Polo GTS, do T-Cross Highline e de todas as versões do Taos.
Só que o acerto esportivo feito para o GTS permaneceu. Ou seja, temos no Virtus Exclusive um carro que ronca grosso de maneira instigante e um acelerador que responde rápido. O sedã dispara sem dificuldades e tem uma vivacidade que nem Corolla, nem Sentra, com seus motores 2.0 aspirados mais potentes, conseguem.
Oficialmente a Volkswagen declara consumo de 8 km/l na cidade com etanol e 10 km/l na estrada. Já com gasolina, são 11,9 km/l na cidade e 14,7 km/l na estrada. Só que a realidade é bem diferente. Durante nossos testes com etanol, mesmo sem andar no modo Sport, ele dificilmente passa de 6 km/l. Na estrada vai a 11 km/l com etanol. Consumo bem alto.
Grande parte da culpa pode ser atribuída ao câmbio automático de seis marchas, que já está cansado. Apesar de fazer trocas sutis, ele demora a reagir aos movimentos do acelerador, vez ou outra acha que é uma boa ideia largar em segunda marcha (o que exige pisar mais no acelerador) e poderia baixar mais o giro na estrada.
Só falta o Nivus
É instigante dirigir o Virtus, honestamente o melhor carro com plataforma MQB-A0 feito pela Volkswagen do Brasil com motor 1.4 turbo. Só não é o melhor de todos porque a dinâmica do Nivus é ainda superior – por isso, ele precisa, para ontem, de uma versão com motor 1.4 turbo.
Como um bom Volkswagen de alma esportiva, ele tem volante pesado. Nitidamente exigindo mais força para contornar as curvas do que as outras versões do Virtus ou que sedãs médios de mesmo preço. Até nas manobras ela segue pesada, mas combina com a pegada esportiva disfarçada do Virtus Exclusive.
Um dos pontos nos quais a dinâmica desse sedã é tão boa é culpa da suspensão. Ela é dura, verdadeiramente firme a ponto de copiar bastante do asfalto. Mas gruda o Virtus nas curvas como se ele fosse um hatch esquentadinho – lembra até o Golf. O sistema de vetorização de torque (XDS) nas rodas é um dos pontos que mais ajuda nesse quesito.
Claro que suas rodas de 18 polegadas calçadas em finos pneus 205/45 R18 sofrem com a buraqueira e batem bem seco. Mas é um preço a se pagar pela estética refinada que eles trazem, além da condução mais esportiva e divertida. No mais, o Virtus tem um perfil de condução mais esportivo e jovial, totalmente contrário ao Corolla e ao Sentra.
Exclusivo nos detalhes
Para diferenciar o Virtus Exclusive das versões mundanas, o modelo topo de linha conta com retrovisores pretos, rodas de liga-leve de 18 polegadas com diamantado escurecido, detalhes em cinza na grade frontal e para-choques, além de logotipos escurecidos e emblema na lateral. Há ainda aerofólio traseiro.
Mas nada explica o motivo pelo qual a Volkswagen tirou o Azul Biscay das opções do Exclusive, sendo a cor mais bonita que o sedã tem. Nessa variante, você só tem acesso Às entediantes tonalidades Preto Ninja, Branco Cristal (por R$ 900 a mais), Prata Sirius (R$ 1.650 a mais) e Cinza Platinum (mesmo preço do prata).
Diferentemente do Highline que aposta em tons marrons para se diferenciar, o Exclusive adota uma cabine bem escura. Ele tem bancos revestidos em couro preto com costuras do tipo diamante. Há ainda uma faixa em couro costurado com o logo Exclusive no painel e perto da maçaneta. As portas contam com tecido e couro.
O modelo traz ainda teto com revestimento preto e todos os plásticos também em preto. Detalhes do volante, manopla de câmbio, maçanetas e puxador do freio de mão trazem pontos em cinza como contraste. Já o volante tem base reta e aro grosso por conta do revestimento em couro.
Ainda é um Polo
Se todos esses detalhes a mais na cabine fazem parecer que o Virtus Exclusive é um carro sofisticado, não se engane. Ele ainda mantém suas origens, dividindo nível de acabamento com o Polo Track de R$ 87.990. Ou seja, há um mundo de plásticos duros, verdadeiramente ruins para esse preço.
A montagem é bem feita e os plásticos parecem sólidos, mas ao mesmo tempo aparentam uma certa rusticidade nas texturas e uma aparência de que não são nada sofisticados. Concorrentes diretos como Hyundai HB20S e Honda City parecem mais refinados do que o modelo da Volkswagen.
Nem mesmo a faixa de couro no painel adiantou de muita coisa – afinal, ela não é macia ao toque. Nas portas, a mistura de tecido áspero com couro de qualidade questionável torna a situação menos pior do que antes. Mas bem que a VW poderia usar o mesmo revestimento dos bancos (que não é muito bom, mas passa) em toda a porta.
Gente grande
Em contraste ao acabamento interno ruim, que o deixa anos luz atrás de sedãs médios, o Volkswagen Virtus Exclusive não decepciona no quesito espaço interno. Ele é um verdadeiro gigante, com espaço de sobra para as pernas de todos os passageiros e também para a cabeça, ainda que pessoas altas possam raspar um pouco a na traseira.
Ao todo, são 521 litros de capacidade no porta-malas, o tornando um dos maiores da categoria. Há de ressaltar ainda que o modelo conta com volante com ajuste de altura e profundidade, assim como o banco tem ajuste de altura. Ou seja, no quesito ergonomia, ele manda muito bem.
Outro ponto em que ele é nitidamente superior a alguns sedãs médios e também frente a vários compactos é em tecnologia de telas. O painel de instrumentos totalmente digital é referência, tendo gráficos de fácil leitura, qualidade boa da tela e vários menus. Já a central multimídia conta com tela ainda melhor e é bem recheada de recursos.
Ela traz Android Auto e Apple CarPlay sem fio, além de diversos aplicativos pré-instalados (desde iFood a Waze) que podem ser usados compartilhando a internet do celular com o carro. Apesar de historicamente gostar de travar, a VW Play não sofreu com seus problemas de antigamente em nenhum momento durante a semana de testes.
Peitando quem está ali
Posicionado como modelo topo de linha, o Virtus Exclusive traz uma lista vasta de itens de série. Conta com piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência, chave presencial, seis airbags, ar-condicionado digital de uma zona, câmera de ré, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro.
Há ainda farol automático full-LED, carregador de celular por indução, retrovisor elétrico com rebatimento e função tilt-down, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque, retrovisor fotocrômico, luz de neblina de LED, lanterna traseira em LED, controle de tração e estabilidade, além de trocas de marcha no volante.
Pensando em modelos como Honda City Touring e Toyota Yaris Sedã XLS, além dos modelos médios, a ausência de alerta de ponto cego e de sistema de manutenção em faixa pesa contra o Virtus Exclusive. Além disso, seu ACC não traz função stop/go a qual consegue parar o carro totalmente e voltar a andar sozinho. Afinal, ele desarma abaixo de 15 km/h.
Veredicto
Se para você os sedãs médios acessíveis de hoje, como Toyota Corolla e Nissan Sentra são sem graça para dirigir, o Volkswagen Virtus Exclusive preenche certeiramente esse espaço. Vai abrir mão de um acabamento bom em favor de um carro que é gostoso de dirigir em qualquer situação. Daqueles que você quer ficar ao volante o dia todo.
Em um aspecto geral, o que falta ao modelo são poucos itens de série de tecnologia já oferecidos pelos rivais e um acabamento bom. Mas isso é uma falha crônica de todo Volkswagen. Assim como é uma característica boa de todos os modelos da marca alemã uma dirigibilidade verdadeiramente boa.
Você teria um Volkswagen Virtus Exclusive? Prefere ele do que um sedã médio? Conte nos comentários.
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