Existem poucos carros capazes de mudar paradigmas de uma marca e do mercado, mas o Volkswagen Nivus é um deles. Desenvolvido totalmente no Brasil, o primeiro SUV cupê nacional agradou tanto que será vendido também na Europa. Foi o primeiro lançamento brasileiro da nova fase da Volks e responsável por estrear por aqui o novo logotipo e volante.
Mais do que isso: o Volkswagen Nivus tem a difícil missão de agradar aos compradores que estão prontos para dar um passo além do Polo, mas não estão tão dispostos assim a se aventurar no mundo dos SUVs. Exatamente aquele público que antes tinha o Golf como alternativa. Afinal, o Nivus é o SUV para quem não gosta de SUV?
SUV cupê de verdade
Apesar de serem dois segmentos absolutamente antagônicos, os SUVs e os cupês se fundiram de uma maneira que deu muito certo graças ao BMW X6. O perfil mais esportivo da carroceria combinado à altura elevada ao solo trouxe um visual mais individual sem as inconveniências dos cupês de verdade.
Não há como negar que o Nivus segue essa filosofia à risca em dois quesitos: design e posição de dirigir. Ele é inegavelmente um carro bonito e que foge completamente da mesmice de muitos Volkswagen atuais. Você enxerga elementos aqui e ali de outros modelos, mas não é mais como antigamente em que ele seria apenas uma versão P do T-Cross.
O principal destaque estilístico vai para o teto curvado, que adiciona um toque de esportividade não esperado nessa categoria e ajuda ao Nivus a parecer mais baixo e longilíneo. Ao vivo ele é menor do que nas fotos, mas ainda consegue se impor por conta das rodas grandes, caixas de roda bem marcadas e vincos fortes.
Os faróis full-LED e as lanternas (também de LED) conectadas por uma barra preta são elementos que também compõem uma harmonia visual que torna o Nivus um dos SUVs mais bonitos do mercado. E dificilmente você notará que as portas, para-brisa e para-lama dianteiro são os mesmos do Polo. Nesse trabalho de disfarçar suas origens, ele faz a tarefa bem melhor que o Honda WR-V.
Outro ponto em que o Nivus mais puxa para os cupês do que para os SUVs está na posição de dirigir. Normalmente os utilitários esportivos têm o costume de ter bancos mais altos de forma a deixar o corpo como se estivesse em uma cadeira. No Nivus, por usar exatamente a mesma cabine do Polo, o motorista se senta como em um hatch típico da Volks.
O corpo fica mais esticado, a cabine parece envolta ao motorista e não há uma altura exagerada a ponto de parecer mais alto que todos os outros carros no entorno. Realmente você está em um carro mais alto, mas não como se usasse calçado de plataforma, é no máximo uma sola mais alta.
Saudades, Golf
Apesar de o Polo ter sempre sido taxado de mini Golf, faltava ainda alguns pontos para ele se igualar ao hatch médio em dinâmica. E justamente parece o Nivus o mais próximo ao Golf dentro da atual linha Volkswagen. Mesmo sendo um SUV, ele tem comportamento em curvas de hatch esportivo, grudando no asfalto sem reclamar.
Não há aquela oscilação típica dos modelos de carroceria mais alta, até mesmo como ocorre com o T-Cross: o Nivus é firme, comportado e dinâmico. Boa parte disso é fruto da suspensão bem trabalhada pela Volkswagen, que entrega boa absorção de impactos, ao mesmo tempo em que trabalha em silêncio com um notável trabalho acústico.
Sua direção de assistência elétrica tem o peso certo, sendo leve na cidade e mais firme na estrada e em altas velocidades, favorecendo uma tocada mais esportiva e animada. Quem segue nessa mesma pegada é o motor 1.0 TSI três cilindros turbo de 128 cv e 20,4 kgfm de torque.
O motor é surpreendentemente econômico, chegando a médias de 14 km/l em trechos divididos em cidade e estrada quando abastecido com gasolina. O que não parece acompanhar a modernidade e agilidade de seu motor TSI é a transmissão automática Tiptronic com seis marchas.
O câmbio parece hesitar bastante nas saídas de lombadas, onde o acelerador demora um certo tempo a responder e é preciso dar mais pé para que o Nivus reaja, algo que segundos depois provoca uma aceleração mais forte que o desejado. Há também alguns soluços e vacilos na hora de fazer reduções.
Percepção de qualidade
Um dos pontos nos quais o Golf sempre foi elogiado na mesma proporção em que o Polo é criticado é no acabamento interno. Por levar 95% da cabine do Polo, o Volkswagen Nivus tem plásticos duros por tudo quanto é canto e algumas rebarbas decepcionantes. Mas a escolha de tons mais escuros na cabine ajudou ao SUV a parecer mais sofisticado que o hatch.
O painel em preto piano combinado à enorme central multimídia VW Play ligada visualmente ao painel de instrumentos totalmente digital, além do novo volante, ajudaram ao Nivus a de fato parecer um carro de R$ 98.290 (R$ 99.990 com a cor Vermelho Sunset e o kit estético Launching Ediiton).
O volante merece um capítulo à parte: enquanto os bancos são revestidos de um couro de qualidade bastante duvidosa, o volante tem material aveludado que parece ser o mesmo usado pelos menores modelos da Audi. A empunhadura é boa, os comandos fáceis de serem usados e compreendidos. O porém vai para o acionamento duro da buzina que impossibilita aquela buzinada camarada.
Apesar de manter o mesmo entre-eixos do Polo de 2,56 m, a cabine do Nivus é espaçosa. Dá para levar quatro adultos com relativo conforto, desde que os que sentam na dianteira não gostem de ficar com as pernas excessivamente esticada. Não é o SUV mais espaçoso da categoria, mas dá para o gasto.
Coisas que nem o T-Cross tem
Perdendo para seu irmão T-Cross no quesito espaço interno, o Nivus dá o troco em porta-malas com bons 415 litros. Outra vantagem está na lista de itens de série da versão Highline: só ó SUV cupê tem frenagem autônoma de emergência e piloto automático adaptativo que funciona até 25 km/h. O Nivus, aliás, é o carro mais barato do Brasil com esse item.
Em comum aos dois está o painel digital, chave presencial, ar-condicionado digital de apenas uma zona e a nova central multimídia VW Play. Ela tem ótima resolução de tela, é fácil de mexer e tem gráficos interessantes. O Android Auto é conectado via fio, enquanto o CarPlay não necessita de cabos.
Se antes a central multimídia mais completa da Volkswagen possuía GPS e integração com o painel digital, na VW Play do Nivus e do T-Cross isso não acontece. Mas convenhamos, a maioria das pessoas usava os mapas de seus celulares. Tanto que, por conta disso, a Volks instalou o Waze de série na central do Nivus, mas precisa rotear a internet do seu celular para funcionar.
Veredicto
O Volkswagen Nivus nasceu para ser o meio termo entre o Polo e o T-Cross. Ele é o primeiro passo de alguém que está acostumado aos hatches e não tem outra alternativa a não ser migrar para um SUV, mas ainda assim não quer abrir mão da boa dirigibilidade dos modelos mais baixos.
Não é o real substituto do Golf e nem chega aos seus pés em questão de acabamento interno, mas entrega uma dinâmica muito semelhante que o faz parecer mais refinado e caro do que de fato é na hora de dirigir. Ao certo, o Volkswagen Nivus é um daqueles carros que daqui há alguns anos o veremos como responsável por mudar uma parte do mercado.
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