Passado o turbilhão da saída de Carlos Ghosn e lenta recuperação da pandemia global do coronavírus, a Renault já planeja os próximos passos em direção ao futuro. A ideia daqui para a frente é se tornar uma marca mais sofisticada e diminuir a pressão sobre os carros baratos de alto volume. Além disso, a Renault liderará o projeto do próximo Nissan March.
Em entrevista ao site francês Le Point, Luca De Meo, CEO da Renault, afirmou que a marca precisa “se afastar dos carros pequenos e baratos”. Para ele, essa estratégia pregada por Carlos Ghosn “é muito perigosa. A Renault não pode ter 70% de seu volume em carros pequenos”.
A preocupação do CEO se dá pelo fato de que o segmento de carros mais baratos compensa a falta de lucratividade por carro vendido pelo alto volume de unidades comercializadas. Hoje, a Renault na Europa tem no Clio e no Captur seus principais modelos, enquanto no Brasil quem domina é o Kwid e o Sandero.
Em comum aos quatro modelos, guardadas as devidas proporções para cada país, é que eles são os carros mais baratos da Renault atualmente à venda. Na Europa ainda há o Twingo, mas ele tem volume de vendas praticamente insignificante.
A ideia da Renault no futuro é ter força maior em carros mais caros e que, consequentemente, deem mais lucro. O segmento de médios onde estão Mégane e Kadjar é interessante para a marca, mas ambos têm desempenho aquém do esperado, vendendo cerca da metade do que os líderes conseguem.
A situação piora ainda mais com Talisman e Koleos no segmento de grandes. Por conta disso, a Renault quer sofisticar sua imagem. O movimento é semelhante ao que a Peugeot fez ao tentar se tornar um meio termo entre marcas premium e generalistas, apostando em acabamento mais sofisticado e mais equipamentos.
No Brasil, a Renault vende somente modelos modificados da Dacia, sendo os únicos modelos 100% Renault o subcompacto Kwid (que tem origem indiana) e a van Master. Aqui o foco nos modelos de alto volume fez com que a marca francesa ganhasse presença no mercado e mais lucro. Por isso a estratégia para a Europa pode ser diferente daqui.
Caso March
Nessa tocada, a Renault será a responsável pelo desenvolvimento da nova geração do March. Descartado para o Brasil em favor do SUV subcompacto Magnite, o Micra (substituto do March) europeu foi lançado em 2016 e já tem sua próxima geração em gestação.
O modelo fará parte da estratégia da Aliança em dar a liderança no desenvolvimento de modelos de acordo com a especialidade de cada marca. A Renault tem o Clio como um dos modelos mais vendidos da Europa, o que justifica que ela toque o projeto de outro hatch compacto.
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