Diferentemente dos EUA, onde as caminhonetes grandes precisam cumprir desde o papel de ser um carro de trabalho até uma alternativa de caçamba a um Mercedes-Benz, aqui no Brasil seu único objetivo é servir como carro de luxo. Prova disso é que a Ford trouxe a F-150 na versão Platinum e agora a RAM reforça o time com a 1500 Limited.

Saindo por R$ 529.990 na variante cromada e por R$ 539.990 na Nigth Edition, ela é substancialmente mais cara que a rival da Ford, que sai por R$ 509.990. Mas o que ela tem a mais para custar R$ 20 mil mais caro que a caminhonete mais vendida do mundo? Bom, algo que fez uma diferença absurda na rodagem já justifica: suspensão a ar.

E é isso que muda o jogo totalmente. A RAM 1500 Limited não pula tanto quanto uma caminhonete média geralmente pularia, além de ficar mais na mão e confortável. Como a proposta da Stellantis é fazer com que a caminhonete passe a ocupar a garagem que antes um sedã alemão estacionava, essa dose extra de conforto é mais do que bem vinda.

Um ponto a ser levantado é que a direção é um pouco além do que seria necessário no quesito leveza. Uma direção com calibração um pouco mais firme em velocidades mais altas seria bem vinda para transmitir mais confiança ao volante. Na hora da manobra, contudo, esse peso de pena é necessário para estacionar esse caminhão.

Muscle-car de caçamba

Debaixo do capô gigantesco temos um motor igualmente enorme: um 5.7 HEMI V8 de 400 cv e 56,7 kgfm de torque. É exatamente o mesmo motor da 1500 Rebel e da Classic. Nos números, a RAM 1500 Limited empata em torque com a Ford F-150 e perde por 5 cv. Só que a entrega é diferente.

No modelo da Stellantis, o motor V8 ronca bem mais alto e se faz mais presente, como se realmente tivesse a intenção de ser um muscle-car com caçamba. A F-150 já age de maneira oposta, fazendo com que pareça ser um acaso ela ter o mesmo motor V8 do Mustang. Na RAM, inclusive, as patadas que o V8 dá são mais instigantes.

O câmbio automático de oito marchas contribui para a ideia de um comportamento mais refinado e sofisticado que a Stellantis quer para sua picape. As trocas são muito suaves e praticamente imperceptíveis. Mas há um pequeno delay ao acordar e reduzir a quantidade de marchas que se faz necessário.

Salão da frente

Em questão de qualidade de interior, definitivamente a Stellantis não anda para brincadeira. A RAM 1500 Limited traz couro em tudo quanto é canto do painel e das portas. Os encaixes são bem feitos e os materiais usados tem qualidade. Por isso até o grupo tenta forçar a barra dizendo que a RAM é uma marca premium. Com a Limited dá até para pensar em concordar.

O couro que reveste os bancos e o volante tem qualidade legítima de uma marca de luxo – provavelmente devem ter pego emprestado da Alfa Romeo. Há costuras e relevos que fazem lembrar botas de cowboy, combinando com elementos de madeira e em metal escurecido. É uma cabine elegante e refinada, que não deve nada a um BMW.

Na segunda fileira, há mais espaço que muitos studios de São Paulo. As pernas ficam espalhadas em toda aquela vastidão de área até as costas dos bancos dianteiros. Há porta-copos por todos os cantos, regulagem individual do ar-condicionado para a traseira, além da possibilidade de reclinar o assento para garantir mais conforto.

De brinde, um teto solar gigante com 1m² de área envidraçada – estou dizendo que ela é mais espaçosa que muito apartamento de São Paulo…Há ainda aquecimento para os bancos traseiros e também dianteiros, enquanto só a turma da frente recebe esfriamento. Há de destacar ainda a presença de vários nichos para objetos, incluindo um enorme no piso.

Na caçamba, a RAM 1500 Limited traz a prática RAM Box que permite colocar objetos molhados ou que não podem tomar chuva em dois espaços completamente selados. A tampa da caçamba pode ser aberta na maneira tradicional ou no modo Fiat Toro, com a tampa dividida em duas partes com abertura lateral.

Veredicto

Tão luxuosa quanto carros verdadeiramente de marca premium, a RAM 1500 Limited coloca um novo patamar de refinamento na categoria, mas também de sofisticação ao rodar. A suspensão a ar fez maravilhas à caminhonete, que está muito mais prazerosa de dirigir e na mão.

Só que tem uma questão pertinente: o preço. Por R$ 529.990, ela é bem mais cara que suas irmãs maiores 2500 e 3500. E com o grande problema, para o picapeiro, que é ter motor a gasolina. Apesar de um produto verdadeiramente bom, fica difícil justificar pagar mais caro por uma caminhonete menor a gasolina tendo duas igualmente refinadas bebendo diesel.

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