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Peugeot 308 não deve nada a um Mercedes | Avaliação

Nível de refinamento tecnológico e de acabamento, faz do Peugeot 308 um surpreendente carro de nível quase premium

Peugeot 308 [João Brigato/Auto+]
Peugeot 308 [João Brigato/Auto+]

Antes de falar qualquer coisa sobre a teceria geração do Peugeot 308, só devo lamentar profundamente o fato de ele não ser vendido no Brasil. É, definitivamente, um dos melhores carros que dirigi em 2023, mas que só está disponível lá fora. Por isso, tive de ir ao Chile para poder experimentar esse modelo.

Oferecido no país das cordilheiras em três versões, o Peugeot 308 testado era da versão topo de linha GT vendia por 27 milhões de pesos. Calma, não se assuste, isso dá algo em torno de R$ 155 mil em dinheiro brasileiro. Se fosse vendido por aqui nesse valor, seria uma pechincha.

Seu Mercedes ou Audi não tem isso

A lista de equipamentos de série do Peugeot 308 GT impressiona pela vastidão de itens. Ele conta até com massagem de diversos tipos e intensidades, além de aquecimento nos bancos dianteiros. Itens os quais Classe A, A3 e Série 1 não sonham em ter. A regulagem elétrica, contudo, é só para o motorista.

Peugeot 308 [João Brigato/Auto+]
Peugeot 308 [João Brigato/Auto+]

Há ainda ar-condicionado digital de duas zonas, painel de instrumentos digital 3D melhor que o presente no 208, chave presencial com abertura e fechamento por proximidade, teto solar panorâmico com abertura, carregador de celular por indução, seis airbags e controle de tração e estabilidade.

Há ainda piloto automático adaptativo com funcionamento nível Volvo, sistema de manutenção em faixa, alerta de tráfego cruzado, sistema de câmeras 360 de boa qualidade, faróis full-LED com acendimento automático, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, frenagem autônoma de emergência e luzes ambiente.

Peugeot 308 [João Brigato/Auto+]
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Consumo de híbrido

Para todos os mercados, o Peugeot 308 é oferecido com motor 1.2 PureTech três cilindros turbo. Há ainda opções híbridas e diesel, mas o PureTech é destaque. Na versão GT, entrega 130 cv e 23,4 kgfm de torque, o que o deixa abaixo do VW Golf com motor 1.4 TSI e do Cruze 1.4 turbo. Além disso, são 3 kgfm de torque e a mesma potência do 1.0 turbo da Fiat que, em breve, estará no 208.

Só que a Stellantis soube muito bem calibrar esse motor à transmissão automática tradicional de oito marchas. É um conjunto muito eficiente e suave. Acelerações são suficientes, assim como retomadas. Não decepciona, mas não empolga como os rivais que já tivemos no Brasil. Porém, o consumo beira o absurdo.

Peugeot 308 [João Brigato/Auto+]
Peugeot 308 [João Brigato/Auto+]

Durante os dias que testei o Peugeot 308 no Chile, rodei cerca de 400 km com ele e o tanque ficou pouco acima da metade. Na estrada, chegou a 16,5 km/l, enquanto na cidade, a melhor média foi de 9,6 km/l. Esse motor, infelizmente, não será usado no Brasil dada a prioridade pelos propulsores da Fiat. Mas seria uma adição ótima vista a economia.

Charme dos médios

Um dos pontos em que um hatch médio sempre se destaca a um compacto e faz os SUVs passarem vergonha é na dirigibilidade. O Peugeot 308 se comporta como um lorde: é firme, sentado no chão e esportivo como manda a cartilha da categoria. Curvas com ele são sempre prazerosas e controladas, mostrando uma dinâmica mais que apurada.

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A suspensão não sofre tanto com buracos como aparenta por ser um carro baixo e com rodas grandes. Outro ponto é que, diferentemente do 308 que já foi vendido no Brasil, o GT não raspa a frente fácil em garagens ou valetas. É muito mais tranquilo conviver com ele. Especialmente porque o isolamento acústico é espetacular. Motor mal se ouve, assim como o barulho externo. É nível premium de verdade.

A direção é pequena, rápida e bem calibrada. É muito leve nas manobras, até exagerada, enquanto na estrada ou em altas velocidades fica verdadeiramente pesada. Já o câmbio, trabalha em suavidade o tempo todo, mas usa as três últimas marchas como overdrive e só mostra força até a quinta na estrada.

 [João Brigato/Auto+]
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O único porém da dinâmica do 308 é que o motor gira a apenas 700 rpm ao usar o creeping. Nesses momentos no trânsito, o 1.2 três cilindros vibra demais, fica áspero e faz o carro parecer que vai morrer o tempo todo. O anda e para do trânsito se torna irritante com isso.

Padrão Europa premium

A cabine do Peugeot 308 surpreende pelo visual e nível de acabamento. O painel tem uma larga faixa de couro na parte superior, enquanto a inferior usa de material emborrachado parecido com o que a Volvo usa. O mesmo vale para as portas, com superfícies macias e couro.

[João Brigato/Auto+]
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A montagem é de nível de marca premium, com elementos bem encaixados e materias de toque agradável. Volante pequeno combinado ao painel de instrumentos digital elevado formam a típica posição de dirigir dos Peugeot. Nem todos se adaptam, mas quem se encaixa bem lá, ama (confesso que faço parte do segundo grupo).

Há de destacar ainda o console central alto que cria uma atmosfera de individualidade para o motorista. Há carregador de celular por indução que só funciona com o celular na posição perfeita (mas que a perde na primeira curva) e dois porta-objetos grandes.

[João Brigato/Auto+]
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Duplicidade

O painel de instrumentos 3D é um show a parte com qualidade e velocidade além da já vista no 208 Griffe e no e-2008. O mesmo vale para a central multimídia, que já tem tradução completa para Português do Brasil (será um spoiler de que o sistema será usado por aqui em um futuro próximo?).

Ela é fácil de mexer e completa, mas insiste em fazer uma demorada transição visual entre os menus que atrapalha a rápida mudança de algum aspecto do carro. Além disso, mantém a péssima mania da Peugeot em deixar os comandos do ar-condicionado em um menu que o obriga a sair do Android Auto e do Apple CarPlay.

 [João Brigato/Auto+]
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Assim como o painel de instrumentos tem duas telas, a central multimídia faz a mesma coisa. A segunda tela, só disponível no GT, traz atalhos para diversas funções e pode ser configurável para as preferências do motorista. Prática e que ajuda a dar um aspecto mais bonito. Mas há comandos físicos também para algumas funções, até algumas do ar-condicionado.

Por isso brasileiro prefere SUV

Uma das grandes questões dos hatches médios frente os SUVs compactos é o espaço. Os utilitários tratam melhor as famílias e são maiores na segunda fileira. Até porque, o Peugeot 308, consegue ser mais apertado que o 208. É impossível um passageiro de 1,87 m sentar atrás de um motorista de mesma altura.

 [João Brigato/Auto+]
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O espaço para as pernas inexiste, tal qual para a cabeça, que fica pressionada pelo teto. É um carro para um casal que raramente dará carona a alguém, só em caso de emergência. Ao menos o porta-malas de 412 litros é bem grande e espaço para bagagens volumosas. Não há abertura elétrica, vale ressaltar.

Joia verde

Lançado há pouco tempo no Chile, o Peugeot 308 chama muita atenção nas ruas. Por aqui, as marcas francesas dominam o mercado junto das chinesas. Peugeot tem boa fama e o visual do 308 atrai atenção a casa esquina, especialmente nesse belíssimo tom de verde. O logotipo novo também ajudou a atrair olhares curiosos sobre o hatch.

A dianteira carrega a identidade visual típica da marca com o dente de leão como luz diurna de LED, acompanhada de faróis finos e agressivos. No GT, a grade frontal tem elementos cromados com efeito 3D. Rodas grandes e suspensão baixa reforçam seu caráter esportivo, junto da saia lateral.

Peugeot 308 [João Brigato/Auto+]
Peugeot 308 [João Brigato/Auto+]

Na traseira, lanternas translúcidas com três filetes de LED se ascendem em sequência ao aproximar do 308. Elas são conectadas por um friso preto, enquanto o para-choque trás cobertura preta com detalhes cromados. É um dos carros mais bonitos que a Peugeot já fez em sua história.

Veredicto

É fato que um hatch médio não interessa ao brasileiro, lamentavelmente. Para a média nacional, um hatch médio não oferece muito a mais em relação a um compacto. Não tem o mesmo espaço que um SUV ou o status semelhante. Para tanto, nosso último hatch médio, o Chevrolet Cruze, morre ainda em 2023 para liberar espaço na fábrica da GM para fazer mais Tracker.

Ou seja, por melhor que o Peugeot 308 seja, e ele é um ótimo carro, não faz sentido ao Brasil. Se fosse vendido por uma marca premium, se justificaria, especialmente porque ele não deve nada ao Mercedes-Benz Classe A, Audi A3 ou BMW Série 1 em refinamento e dinâmica. O que falta é mais potência e um outro logotipo.

Mas isso mostra um aspecto importante na Peugeot. De uns tempos para cá, ela tenta se posicionar um pouco acima das generalistas, especialmente para abrir espaço para Fiat, Opel e Citroën. Com o 308, mostra que isso não é só um desejo, mas uma realidade. Afinal, quando se compararia um Peugeot a um Mercedes em pé de igualdade como ocorre aqui?

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