Até hoje na categoria dos SUVs compactos, somente Jeep Renegade, Renault Duster e Ford EcoSport contavam com tração nas quatro rodas. Contudo, o modelo da Stellantis era o único com motor diesel. Mas isso agora faz parte do seu passado, já que agora todas as versões do novo Renegade serão vendidas somente com motor 1.3 turbo.
Com isso ele solucionou um problema e criou outro. Resolveu a questão de falta de força e excesso de consumo do antigo 1.8 E.Torq. Mas, sem motor diesel, o Renegade está fadado a virar mais um SUV de shopping? Já respondo de antemão: definitivamente não. Ele ainda é um monstrinho do off-road.
Troca justa
Por conta dos novos protocolos de emissões e ruídos do Proconve L7, o motor 1.8 E.Torq se despediu do Renegade. Como substituto, a Stellantis escalou o 1.3 T270 quatro cilindros turbo flex. Com 185 cv e 27,5 kgfm de torque, o Jeep diretamente dispara de um dos mais lentos SUVs compactos para o título de mais potente da categoria.
Só não é o mais torcudo porque ele empata com o Renault Captur nos 27,5 kgfm. E que bela troca. Agora o Jeep Renegade anda verdadeiramente bem. As acelerações são fortes e as retomadas surpreendem pela velocidade. Resta saber como ficará o consumo, visto que na Toro e no Compass o motor 1.3 se manteve sedento por etanol e gasolina.
O que há de inédito por aqui é a combinação do motor 1.3 turbo flex com a tração 4×4 e o câmbio automático de nove marchas. Até então, esses pares só eram vistos com o motor diesel. A Jeep percebeu que o cliente do Renegade diesel acabava migrando para o Compass flex dada a proximidade de preço.
Com a inclusão da tração nas quatro rodas com o motor flex, a Jeep ganha em escala e em preço. Até porque o modelo pagará menos impostos, o que possibilitará valores mais baixos. Hoje um Renegade diesel custa entre R$ 159.990 e R$ 180.990. Preços do novo modelo ainda não foram divulgados.
Diesel por flex
Nosso primeiro contato foi focado no off-road e somente com a versão mais off-road do Jeep Renegade, a Trailhawk. O modelo dispensou os 170 cv e 35,7 kgfm de torque do diesel pelos 185 cv e 27,5 kgfm do motor flex. Mas, na prática, acabou por ser mais do que suficiente.
O câmbio de nove marchas parece melhor escalonado ao flex, trabalhando bem com a força do conjunto, que aproveita do peso mais baixo do Renegade em relação ao Compass e à Toro. Como já era presente nos modelos diesel, a primeira marcha serve como reduzida e só entra em ação com o modo de tração em 4×4 Low.
A versão Traihawk conta com modos mud/sand (agora conjugados), rock, auto e o novo Sport. Cada modo trabalha de maneiras diferentes nos controles de tração e estabilidade, respostas do acelerador e câmbio, além, é claro, da própria tração. E esse gerenciamento eletrônico que é a grande magia do Renegade 4×4.
Com chuvas fortes nos dias anteriores ao nosso teste, a pista da Stellantis em Minas Gerais apresentava condições mais difíceis que o normal. Mas o Renegade as encarou sem a menor dificuldade. Mesmo em pisos com atrito quase zero, ele conseguiu ultrapassar o lamaçal sem atolar ou passar vergonha. É um SUV de verdade nesse sentido.
O mais impressionante foi durante o teste na caixa de ovos em que duas rodas ficam suspensas no ar, enquanto duas entram em contato com o solo. Nesse caso, a lama parecia um sabão em que até um Wrangler teria dificuldades em passar. O Renegade titubeou, precisou de algumas pequenas manobras, mas passou pelo trecho difícil sem dificuldade.
Vale ressaltar que o conjunto de suspensão robusto e o bom isolamento acústico do Renegade fazem com que o off-road com ele pareça tão fácil quanto uma volta ao shopping como seus concorrentes fazem. E para as versões 4×2 não atolarem mais, o modelo ganhou o TC+ dos Fiat Pulse e Strada, que ajudam muito na hora de sair do atoleiro.
Veredicto
Sem ainda poder ver o visual do novo Jeep Renegade ou saber o posicionamento de preços da linha, o veredicto inicial tem de se concentrar somente nas mudanças mecânicas. Hoje na categoria dos SUVs compactos, somente ele ainda respeita a essência de um SUV: robustez e verdadeira capacidade off-road.
É claro que o mercado tem espaço (e deseja) os SUVs de shopping. E o Renegade consegue também cumprir essa função. Contudo, desde a morte do Mitsubishi Pajero TR4, não existia um SUV compacto flex com tamanha capacidade de encarar a lama. Havia o Renegade diesel, mas com preço alto e com outro tipo de motor. Agora flex, a Jeep pretende democratizar o 4×4. Potencial para isso ele tem de sobra.
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