Como diria aquela música: “Que tempo bom, que não volta nunca mais”. Dos motores V8 6.2 naturalmente aspirados dos Mercedes-Benz C 63 AMG W204, passando pelo flat-six do Porsche Boxster, até a era turbo atual, um sleeper se despediu do nosso mercado. O Peugeot 2008 abdicou do propulsor 1.6 THP (Turbo High Pressure) de até 173 cv com etanol.
Esse SUV, que muitos até chamam de perua pelo design da carroceria, agora traz sob o capô o motor 1.0 T200, de três cilindros, sobrealimentado, que já equipa o 208. Em conjunto com a caixa continuamente variável (CVT) de sete marchas simuladas, entrega 130 cv e 20,6 kgfm quando abastecido com etanol. Mas, convence ao volante?
Do vinho para a água?
Sim e não. Muitos vão sentir falta da pegada intempestiva do 1.6 THP, que, junto da caixa automática convencional, oferecia reações rápidas ao volante e um desempenho vigoroso após vencer a marcha lenta, apesar do leve turbolag (o atraso antes de o turbocompressor entrar em ação).
A sensação de sobra de motor, semelhante à transmitida pelo Mercedes-Benz C 63 W204 com 457 cv e 61,2 kgfm, não aparece no Peugeot 2008 T200. Mesmo assim, esse novo Peugeot 2008 T200 não decepciona ao volante.
A escolha do motor turbo e da transmissão CVT deixou o SUV mais interessante ao volante. Essa é uma característica marcante dos carros da Peugeot desde a época do RCZ, assim como no 3008. Apesar do 208 Style T200 pesar 1.177 kg e o 2008 GT, 1.300 kg, a relação peso-potência maior do 2008 (10 kg/cv) não ofusca seu desempenho.
Assim como o Fiat Fastback Impetus, o Peugeot 2008 GT responde rapidamente, transmitindo uma sensação de agilidade a partir de 1.250 rpm, quando o turbocompressor começa a atuar, oferecendo um toque plano até 4.000 rpm.
Isso coopera especialmente no uso urbano, seja em saídas de semáforos ou ao enfrentar ladeiras íngremes, além de garantir ultrapassagens seguras na estrada e uma condução mais linear comparada à época do câmbio automático com conversor de torque.
Para quem deseja uma condução mais esportiva, é possível escolher pelo modo Sport, que deixa as reações mais acesas e também realizar mudanças sequenciais pelas borboletas fixas atrás do volante ou pela alavanca de marchas.
Conforto e Estabilidade
Embora tenha perdido 43 cv em comparação ao 1.6 THP, a sensação de dirigibilidade não foi comprometida e as suspensões cooperam na dirigibilidade.
O Peugeot 2008 utiliza o conjunto McPherson na dianteira e eixo rígido na traseira, com um novo ajuste que melhora o comportamento nas curvas transmitindo uma menor rolagem da carroceria em comparação ao Jeep Renegade, permitindo até algumas estripulias ao volante.
O pedal do acelerador agora é mais suave, priorizando o conforto. Além disso, um problema foi corrigido: anteriormente, o 1.6 THP fazia a frente levantar demais em acelerações fortes, causando torque steering.
Essa tendência era divertida, mas podia surpreender motoristas menos experientes. Com a potência menor, o torque steering foi significativamente minimizado, embora ainda esteja presente.
Para os entusiastas de carros preparados, uma boa notícia: é possível ouvir a válvula do turbo atuando, emitindo o famoso “espirro”, como nos motores T270 usado nos modelos da Fiat e da Jeep.
O Peugeot 2008 ficou mais econômico?
Segundo o Programa de Etiquetagem Veicular (PBEV) do Inmetro, o Peugeot 2008 T200 faz na cidade 12,3 km/l (gasolina) e 8,6 km/l (etanol), enquanto na estrada crava 13,7 km/l e 9,8 km/l, respectivamente.
Ainda falando do consumo, o 2008 THP fazia 7,8 km/l (cidade) e 9,1 km/l (estrada) bebericando etanol e 11,2 km/l e 12,9 km/l, na ordem, quando abastecido com gasolina.
Além do prazer de dirigir, os freios a disco ventilados na dianteira e sólidos na traseira garantem frenagens eficientes, sem a tendência da frente mergulhar. A direção assistida eletricamente é rápida, com retorno preciso, e o volante, de raio reduzido e achatado nas porções superior e inferior, oferece ótima empunhadura.
Garras de Leão
A introdução do motor T200 não é a única novidade na linha 2025 do Peugeot 2008. Agora oferecido em três versões, o modelo também abandonou a mecânica 1.6 EC5 naturalmente aspirada e recebeu um novo design, alinhado ao modelo vendido na Europa e mais próximo do totalmente elétrico e-2008.
As alterações aparecem na dianteira, com o novo para-choque que incorpora as luzes diurnas em formato de garras de leão, substituindo o antigo Dente de Sabre. A nova grade do radiador, com elementos 3D, lembra a do 3008, e o logotipo revitalizado do fabricante se destaca, assim como os faróis Full LED nesta versão GT.
A carroceria do 2008 exibe um design mais vincado, destacando o jogo de luz e sombra, em contraste com as linhas mais retas do Jeep Renegade e Fiat Pulse. As rodas de 17 polegadas possuem um desenho ímpar, com áreas texturizadas e acabamentos diamantados.
Na traseira, a mudança mais radical: as novas lanternas horizontalizadas percorrem toda a largura do SUV, criando uma assinatura luminosa que lembra o Porsche Macan. O compartimento de bagagens cresceu de 355 para 419 litros.
Por dentro do novo Peugeot 2008
Ao entrar no 2008, a habitabilidade se destaca, especialmente pela posição de dirigir baixa, uma das melhores entre os carros à venda no Brasil. Com poucos ajustes, o motorista “veste” o carro, com boa visibilidade frontal e traseira, auxiliada pelo desenho dos retrovisores.
Os bancos da versão GT possuem costuras em verde limão, que também aparecem no volante, na coifa de câmbio e nos encostos dos bancos frontais. Acabamentos em preto brilhante e imitação de fibra de carbono completam o visual.
A ergonomia é reforçada pelos comandos bem posicionados e o quadro de instrumentos 3D de 10 polegadas oferece rápida visualização. A central multimídia de 10,3 polegadas, com Android Auto/Apple CarPlay sem fio, tem interface simples e fácil de usar. Também está disponível o carregador de smartphone por indução.
Com 4,30 m de comprimento, 1,77 m de largura e 1,54 m de altura, o Peugeot 2008 acomoda bem quatro adultos. O espaço traseiro é suficiente para pernas e joelhos, assim como entradas USB para carregar gadgets.
A sensação de amplitude é ajudada pelo teto solar panorâmico elétrico, com uma abertura semelhante ao do Fiat 500 (Cinquecento).
Veredicto
Muitos vão criticar a saída do motor 1.6 THP, mas os tempos mudaram, e a chegada do T200 fez bem ao SUV da Peugeot. Claro, sentiremos falta da pegada do 2008 com até 173 cv, mas o T200 está bem adequado à proposta. Com o câmbio CVT, a dirigibilidade ficou mais linear e progressiva, além de ajudar no consumo.
Para quem precisa de um SUV e quer fugir da mesmice de Jeep Renegade, Volkswagen T-Cross e Nivus, o Peugeot 2008 é uma alternativa muito interessante.
Você teria um Peugeot 2008? Escreva nos comentários a sua opinião!