O movimento da eletrificação tomou conta da indústria, mas nem tudo sai conforme o planejado. Após alguns modelos ficarem aquém do esperado, a Mercedes-Benz está se preparando para lançar novos veículos a bateria.
Essa ofensiva nos próximos dois a três anos levará a montadora de Stuttgart a continuar investindo em veículos a combustão interna devido à demanda dos consumidores.
“Precisamos de flexibilidade por mais tempo até 2030. Continuamos comprometidos em oferecer versões elétricas nesta década, mas temos que garantir que nossos modelos a combustão interna continuem competitivos”, disse o CEO da Mercedes-Benz, Ola Källenius, em entrevista publicada no site Autoblog.com.
A marca reduziu os planos de eletrificação nos últimos meses devido à desaceleração da demanda. As vendas de veículos elétricos da Mercedes-Benz caíram 9% durante o primeiro trimestre, para 50.500 unidades, enquanto as da BMW subiram para 82.700 veículos.
O Mercedes-Benz EQS ficou muito aquém do esperado, tanto nas vendas quanto no design aerodinâmico, que comprometeu a habitabilidade dos passageiros do banco traseiro – um problema no mercado chinês, onde muitos proprietários são conduzidos por motoristas.
A diminuição nas vendas fez a Mercedes-Benz recuar na meta de comercializar apenas modelos elétricos até 2030. A nova projeção é que cerca de metade das vendas sejam elétricas até lá. Audi e Jaguar Land Rover também se ajustaram, já que até mesmo a Tesla sofre com as baixas nas vendas.
Os planos da Mercedes-Benz
Diante desse cenário, a Mercedes-Benz decidiu atualizar o EQS para 2025, oferecendo mais conforto no banco traseiro e a volta da estrela de três pontas sobre o capô.
A próxima geração de automóveis da Mercedes-Benz começará no próximo ano com o CLA e, mais tarde, com o SUV GLB. A montadora também planeja lançar uma versão elétrica compacta do G-Wagon em 2026.
O CLA será oferecido em versões elétricas e a combustão, liderando o portfólio em assistência ao motorista e poder de computação, afirmou Källenius em Sindelfingen.
Carros a combustão continuam
Embora os carros a combustão ainda gerem mais lucros, a empresa de Stuttgart está focada em economizar em compras, custos fixos e gastos não essenciais, disse Källenius.
A Mercedes pode liberar até 10,5 bilhões de euros vendendo sua participação restante na Daimler Truck, cujo período de bloqueio expira no fim do ano. “A participação é uma reserva adicional além de nossa liquidez industrial”, disse Källenius. Ele acrescentou que nenhuma decisão foi tomada e que a montadora está “totalmente focada nas necessidades dos clientes da Mercedes”.
Para economizar, a Mercedes pausou duas das três fábricas de baterias europeias planejadas, parte de uma joint venture de 7 bilhões de euros. A Automotive Cells Company, co-propriedade da Stellantis e TotalEnergies, pausou os trabalhos na Alemanha e na Itália devido à baixa demanda por veículos elétricos.
Problemas de transição
A transição para veículos elétricos enfrenta desafios geopolíticos. A União Europeia deve formalizar tarifas provisórias de até 48% sobre carros elétricos fabricados na China. Se isso acontecer, os modelos Smart feitos pela joint venture Mercedes-Geely na China terão uma tarifa de 20%, além dos 10% existentes, disse Källenius.
“Beneficiar-se de mercados abertos como a Alemanha não justifica um conflito comercial. Fabricamos o Smart na China com a Geely e importamos para a Europa em grande escala”, afirmou.
O que você achou dessa estratégia da Mercedes-Benz? Escreva a sua opinião nos comentários!