Recentemente, o projeto de lei que prevê adição de até 35% de etanol na gasolina e de até 20% de biodiesel no diesel conseguiu aprovação e deixou a Câmara dos Deputados e seguiu para avaliação no Senado. A ideia é que tal medida seja aplicada até 2030, mas existem consequências para motores mais antigos ou de carros importados e que podem prejudicar o meio ambiente ainda mais.

Hoje, os percentuais que a gasolina pode ter de etanol anidro variam de 18% até 27,5%. Com os novos valores, as taxas passarão a ser de 22% até 35%. Mas, a validação desse projeto de lei ainda passará por uma análise minuciosa do Conselho de Nacional de Política Energética. Para sanar algumas dúvidas, a equipe do Jornal do Carro contatou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea, sobre esta nova medida. A empresa revelou que os carros flex não terão problemas, pois podem receber tanto gasolina quanto etanol e a mistura de ambos em seu propulsor.

Todavia, carros mais antigos, importados ou os que são movidos apenas a gasolina podem sofrer mais. Os executivos da Anfavea defenderam a ideia da realização de testes antes da permissão para este aumento de etanol na gasolina. Por sua vez, o diretor de combustíveis da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, AEA, Rógerio Gonçalves, afirmou que os veículos flex terão como único contra o aumento do consumo de combustível. Isso acontecerá já que o poder calorífico da substância vegetal é menor do que a da substância fóssil.

Fim dos combustíveis fósseis [divulgação]

Evita o problema de um lado, e o outro?

Os propulsores mais antigos ou daqueles que são novos e só podem serem abastecidos com gasolina, a calibração do conjunto pode não comportar este alto nível de etanol. Desse modo, muitas peças podem não ter o funcionamento adequado e isso traria consequências negativas e até problemas no motor. Rogério ainda pontuou que os índices de emissões de gases poluentes devem mudar com essa adição maior de etanol na gasolina. Ou seja, as emissões locais como aldeído, monóxido de carbono, hidrocarbonetos pode ser acentuada.

Mas, estudos acerca dessa gasolina com mais etanol em mistura serão feitos por órgãos competentes como Agência Nacional do Petróleo, Ministério de Minas e Energia, Ministério dos Transportes, entre outros. Para especialistas, quem pode ser uma saída caso esta proposta seja aprovada é a gasolina premium. Como ela é de maior octanagem e tem o valor máximo de adição de etanol em 25%, o funcionamento dos motores antigos ou que só recebem gasolina não será tão afetado.