Importar ou produzir carros no Brasil não é fácil. É uma estratégia que requer anos de estudo, mas que, de repente, tudo pode mudar. A economia enfraquece, o dólar sobe e os planos mudam rapidamente para se adequar à nova realidade.
Por isso, as marcas preferem esperar até o momento do lançamento para confirmar se aquele carro vai ser de fato ou não, comercializado em solo nacional. Contudo, muitos carros são dados como certo, recebem encomendas nas concessionárias, são divulgados pela mídia e na hora do lançamento, tudo vai por água abaixo.
Conheça agora dez exemplos de carros prometidos para o Brasil, mas que foram descartados na última hora.
Fiat Bravo (1ª geração)
Talvez o caso mais emblemático de carro que bateu na trave e voltou é o Fiat Bravo de primeira geração. Único modelo da família Marea que seria importado para o Brasil, já que o restante foi fabricado localmente, o hatch médio duas portas foi sorteado em um concurso cultural e teve anúncios em tudo quanto é lugar o prometendo como grande atração do Salão de São Paulo de 1998.
Mas a disparada do dólar azedou os planos da Fiat, que fez com que um navio cheio de Bravo fosse devolvido para a Itália. Os vencedores do concurso puderam escolher entre o Marea ou o Brava como prêmio de consolação. O Bravo só voltou ao Brasil em sua segunda geração, dessa vez produzido localmente.
Volkswagen Taigun
Esse é o verdadeiro carro à frente do seu tempo. Em 2012 a Volkswagen surpreendeu o Salão do Automóvel de São Paulo com um SUV subcompacto derivado do pequenino up!. Ele seria lançado nos anos seguintes e estrearia o motor 1.0 TSI em solo brasileiro. Mas o mercado o julgou pequeno demais e a VW desistiu dos planos.
Ironia do destino ou não, o Taigun antecipou a onda de SUVs subcompactos que estouraria somente em 2020. Hoje modelos como Hyundai Venue, Kia Sonet, Renault Kriger e Nissan Magnite, além dos futuros irmãos menores de Ford EcoSport e Jeep Renegade estão ai para provar que o segmento existe e que o Taigun só havia chego antes da hora.
Nissan X-Trail
Promessa antiga da Nissan, o X-Trail chegou a ser vendido no nosso país na primeira geração e depois nunca mais voltou. Com porte de Volkswagen Tiguan Allspace e Peugeot 5008, o X-Trail seria a tão desejada expansão do portfólio de SUVs da Nissan para algo além do Kicks. Ele era prometido para o nosso país em versão híbrida, mas nunca chegou.
A ideia da Nissan em trazer o modelo dependia do valor do dólar e da resposta do mercado, era um desejo antigo da marca, tanto que ele foi exposto em diversos eventos de mobilidade pelo Brasil. Segundo informações divulgadas por Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil ao site Motor1, o X-Trail ficou caro demais para o nosso país e não seria competitivo.
Renault Koleos
Apresentado na edição de 2018 do Salão do Automóvel de São Paulo como grande destaque da Renault ao lado do Kwid e do Captur, o Koleos estava mais do que confirmado para o Brasil. Porém, as únicas e poucas unidades que vieram acabaram sendo usadas na frota de executivos da marca e o único Renault europeu que seria vendido no Brasil ficou de fora da turma.
Luxuoso e grande, o Koleos teria preço perigosamente perto de modelos de marcas premium, o que dificultaria sua vida no Brasil. A constante alta do dólar fez com que os planos da marca em trazê-lo para cá fossem constantemente adiados, até que a desistência veio.
Mercedes-Benz Classe X
A Mercedes-Benz Classe X era um daqueles carros com potencial gigantesco, mas que sofreu um tombo maior do que qualquer um esperava. Lançada na Europa e prontamente prometida para o Brasil com produção na Argentina ao lado da Nissan Frontier e da Renault Alaskan, a Classe X já tinha fila de espera e reservas nas concessionárias brasileiras.
Era para ela estrear no Salão do Automóvel em 2018, mas a Mercedes escondeu a picape, desconversou sobre ela e, no fim das contas, desistiu de trazê-la para cá. O fracasso na Europa, vendas muito aquém do esperado e críticas pesadas alegando que ela apenas uma Frontier com estrela, colocaram fim ao sonho de uma picape de uma marca de luxo.
Dodge Trazo C
O Dodge Trazo C é o tipo de carro que ninguém entendeu como surgiu e também não entendeu como ele morreu. De surpresa, a Dodge apresentou no Salão do Automóvel de 2008 um Nissan Tiida com grade frontal esquisita, logotipos Trazo e prometeu lançar o modelo no Brasil no ano seguinte.
Um Nissan vendido pela Dodge não poderia ser mais exótico. E de tão sem sentido, o projeto foi prontamente abortado e a Dodge se manteve com o Journey no Brasil. Pouco depois, a Nissan começou a importar o Tiida Sedan para o Brasil e foi alvo de críticas pelo visual nada harmonioso.
Hyundai Creta STC
Outra grande surpresa de uma das edições do Salão do Automóvel de São Paulo foi a picape Hyundai Creta STC. Sem que ninguém soubesse ou especulasse, a caminhonete do Creta foi revelada em forma de conceito em 2016 e era certo que ela entraria em produção muito em breve. Há anos a Hyundai quer ter uma picape para chamar de sua.
Contudo, a fábrica da marca em Piracicaba, interior de São Paulo, já não dava conta da altíssima demanda por HB20, HB20S, HB20X e Creta – não havia espaço para mais um modelo sem um pesado investimento. As contas não fechavam, a fábrica não podia ser expandida naquele momento e a picape do Creta não passou de um conceito.
Chery Tiggo 5
Antes mesmo da CAOA entrar na jogada, a Chery pretendia expandir sua família de SUVs Tiggo no Brasil. Em duas edições seguidas, apresentou o SUV compacto Tiggo 5 no Salão do Automóvel de São Paulo. A promessa era lançar o modelo no Brasil logo em seguida, algo que nunca ocorreu.
A linha Tiggo só foi expandida quando a CAOA chegou e passou a produzir o Tiggo 5X, bem mais moderno, tecnológico e melhor construído que o TIggo 5 apresentado em outras edições do Salão.
Fiat 500X
Ao ser apresentado no Salão do Automóvel em 2018, a Fiat prometia que se o dólar se estabilizasse abaixo de R$ 3,80, o 500X seria vendido no Brasil. Bem, não foi isso que aconteceu, o dólar quase dobrou de valor e o primo do Jeep Renegade nunca chegou ao nosso país.
Usando a mesma plataforma da Toro e dos Jeep Renegade e Compass, o Fiat 500X poderia ter sido facilmente produzido no Brasil. Contudo, a marca italiana preferiu se abster do segmento de SUVs no Brasil para dar prioridade à Jeep. Funcionou e a Jeep hoje é uma das marcas mais vendidas do país, mas o preço a pagar foi a Fiat demorar demais para entrar no segmento.
Lifan X70
Junto à minivan M7 e ao misto de SUV com minivan, o MyWay, o X70 era a promessa da Lifan para o Brasil em 2019. Apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo um ano antes como a principal atração da marca, o SUV médio viria para brigar com o Jeep Renegade e para preencher a lacuna entre o compacto X70 e o grande X80.
A alta do dólar atrapalhou os planos e a operação da Lifan azedou no Brasil. Com diversas concessionárias sem receber carros novos, muito se especulou sobre a saída da marca do nosso território, algo negado veementemente pela fabricante chinesa em diversas ocasiões.
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