O segmento de picapes médias não é nada fácil. Toyota Hilux e Chevrolet S10 dominam a categoria com Ford Ranger se destacando em tecnologia e versões temáticas enquanto a Volkswagen Amarok esbanja o título de mais potente da categoria. Para escanteio sempre ficaram Mitsubishi L200 Triton e Nissan Frontier.
Não à toa, as duas são as que menos vendem na categoria. Mas isso significa que sejam ruins? Não. Mas no caso da Frontier, o que sempre faltou a ela era algum argumento de vendas para além da suspensão multilink e o fato de só ela ter teto solar. Mas a Nissan resolveu isso na linha 2023.
Impulso visual
Devo admitir que acho agora a Nissan Frontier a picape mais bonita da categoria. Seu visual anterior era sem sal e sem graça. Mais robusta, quadrada e parruda, ela ganhou presença, em especial no novo tom cinza Shark que parece com o clássico Nardo Grey da Audi, ou o cinza do Nivus e o Pulse, como ficou conhecido no Brasil.
O toque visual da versão Pro-4X está em elementos pretos e vermelhos que dão a ela uma aparência mais bruta e parruda. Por dentro, porém, mais do mesmo. A cabine aparenta cansaço e um layout visual já bem antiquado.
O acabamento é correto, tudo na mão e pratico, mas nada extraordinário. Não tem regulagem de profundidade no volante é a central multimídia tem layout antiquado, além de ser lenta. Mas o novo painel com tela digital de 7 polegadas colorida é um ma evolução, tem qualidade e diversos recursos.
A versão topo de linha (e também a Platinum que tem mesmo preço) mima os ocupantes dianteiros com bancos aquecidos e revestidos em couro de qualidade com costuras bonitas, além de ter teto solar como exclusividade na categoria. O volante do Kicks, mas sem base reta, parece fora de contexto na cabine, mas é bom de usar e o couro é melhor que da S10.
Puxada inicial
A Nissan não mexeu no motor 2.3 quatro cilindros biturbo diesel das versões automáticas. Segue com 190 cv e 45,9 kgfm de torque, entregues a 1.500 rpm. Aliás, essa faixa inicial é onde a Frontier é forte. Até 2.500 giros ela empurra bem e tem fôlego, depois o motor mais grita do que entrega potência.
Um acerto eletrônico ou uma nova programação para chegar nos 200 cv e 50 kgfm, que são a média da categoria, fariam bem a ela. Não é fraca, devo salientar, mas um pouco mais de força faria muito bem à Frontier. A picape segue com câmbio automático de sete marchas primoroso em suavidade e com bom escalonamento de marchas.
Heranças alemãs
A Frontier 2023 herdou da falecida Mercedes-Benz Classe X os reforços estruturais e mudanças na suspensão, além de freio a disco nas quatro rodas. O rodar ficou mais suave no asfalto e colocaram a picape muito próxima de um SUV. É a mais preparada para ambiente urbano na categoria.
Roda sem pulos e sem sacolejos desnecessários e sem perder robustez, já que leva mais de uma tonelada na caçamba e aguenta o tranco sem reclamações. O test-drive na Argentina não nos permitiu um contato mais a fundo na cidade, sendo muito concentrado no off-road.
E foi lá que a Frontier se mostrou bruta e pau para foda obra. O lamaçal formado pelas chuvas constantes na região de Puerto Iguazu tornaram o trajeto mais divertido, mas também perigoso. Era preciso atenção, mas mesmo os mais inconsequentes tiveram auxílios eletrônicos da picape para salvar o dia. A tração 4×4 com reduzida trabalhou com afinco e tirou a Nissan de qualquer atoleiro que ela se atrevesse a entrar.
Essa reestilização profunda ainda trouxe a ela tecnologia que tanto faltava. São itens como frenagem autônoma de emergência, alerta de ponto cego, assistente de manutenção em faixa que atua nos freios e não na direção, alerta de tráfego cruzado (única no segmento) e sistema de câmeras 360°. Mas com todos esses radares, o que custava à Nissan colocar o piloto automático adaptativo? Pois é, ficou de fora e fez falta.
Veredicto
Por R$ 314.590, a nova versão Pro-4X tem um diferencial muito importante. É a única picape média com versão aventureira com equipamentos topo de linha. Algo que Ranger FX4 ou Storm e S10 Z71 não são. Ou seja, não precisa abrir mão de equipamentos pelo visual parrudo.
E agora ela tem mais argumentos de venda como os assistentes eletrônicos, freio a disco nas quatro rodas e teto solar. O interior segue sem sal, mas o exterior é um dos (se não o) mais belos da categoria. Preço condizente também são elogios. Falta potência e o piloto automático adaptativo. Mas a Nissan Frontier deixa de ser mais uma do segmento para se tornar uma das opções mais atraentes.
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