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Mercedes-Benz G63 AMG: o doce monstro gigante | Avaliação

Ao mesmo tempo em que é um brutamontes de duas toneladas, o Mercedes-Benz G63 AMG tem um outro lado escondido

Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]

Algo que sempre me intrigou ao ver celebridades norte-americanas, é que em algum momento da vida elas tiveram um Mercedes-Benz Classe G, em sua maioria, o G63 AMG. É um carro icônico, mas reconhecido por sua brutalidade e potencia extravagante. Só que por que esse carro liga Kim Kardashian a Silvestre Stallone?

Foi preciso um tempo de convivência na garagem e no dia a dia para ver que o Classe G é muito mais do que a versão modernizadas de um veículo pensado para guerra. Apesar de toda sua rusticidade em alguns pontos e números de performance que beiram a insanidade, ele é também um lorde.

Um absurdo de carro e de caro

Um dos grandes pontos que fazem com que o modelo seja tão apreciado pelas celebridades norte-americanas é justamente o fato de ele ser muito caro. Aqui no Brasil, um Classe G não sai por menos de R$ 1.869.900. Mas a unidade testada presente na frota de imprensa da Mercedes vai além.

Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]

Ele custa exatamente R$ 2 milhões por conta da presença de três singelos opcionais. O mais caro deles é a pintura Green Hell Mango de R$ 77.400 — um belo tom de verde fosco metálico que fez uma criança chamar o G63 de Hulk. Há ainda rodas de liga-leve de 22 polegadas por R$ 22.700 e kit AMG Nigh por R$ 30.000.

Isso deixa claro o poder de exclusividade do Mercedes-AMG G63, até porque é o carro mais caro que já passou por avaliação aqui no Auto+. Se isso não for suficiente, que tal 585 cv e 86,7 kgfm de torque providos por um motor 4.0 V8 biturbo? E, mesmo com 2.595 kg e aerodinâmica de tijolo, chega aos 100 km/h em 4,5 segundos.

Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]

Claramente, o Mercedes-Benz Classe G é um carro de excessos. E isso vale também para o consumo de combustível. Durante nossos testes, era comum que ele ficasse na média de 5,1 km/l na cidade, enquanto raríssimos momentos na estrada o permitiam chegar a 10 km/l. 

Além dos milhões

Ok, até agora só falei de números, que são parte importante do Classe G. Mas a experiencia sensorial que esse carro apresenta é algo que desafia algumas lógicas do cérebro. Começa pelo belíssimo ronco do motor V8 biturbo. Não é a mesma sonoridade dos V8 americanos, mais comuns por aqui. É algo mais bonito.

Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]

É um borbulhar amedrontador, que parece um leão sombrio ronronando prestes a atacar. Só que ao acelerar forte, de preferência com o sistema de escape esportivo ativado, o G63 berra alto como uma trovoada, que assusta senhoras idosas fazendo caminhadas na rua. Que saudade estava de um V8 AMG de verdade.

Para gerenciar esse mostro, o Classe G conta com uma transmissão automática de nove marchas, a qual produz trocas surpreendentemente suaves. Há um forte delay na redução de marcha quando o Merecedes está em modo Comfort, exigindo alguns segundos entre o pé estar baixo no acelerador e o V8 acordar.

Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]

Contudo, em Sport ou Sport+, as respostas são imediatas e as trocas vêm acompanhadas de patadas e estampidos vindo das saídas duplas de escape posiciona das logo abaixo das portas traseiras. É impressionante o que essa jamanta alemã é capaz de acelerar e fazer barulho. 

Gravidade que se dane

Na hora das curvas, um carro de proporções quadradas (1,98 m de largura por 1,96 m de altura) e verdadeiramente grande, não deveria fazer curvas bem. Se você o dirigir somente no modo Comfort, poderá até concordar com esse pré-conceito. Até porque, de fato, se comporta como um SUV americano gigante.

Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]

É confortável, relativamente molenga e inclina bem nas curvas. Mas a Mercedes jamais poria a sigla 63 AMG em um carro que não honrasse o topo da gama. Por isso, ele conta com amortecedores ativos, capazes de deixar o conjunto de suspensão mais rígido e estável nos modos Sport e Sport+.

Como resultado, nas curvas mais sinuosas, o Classe G em modo de suspensão mais firme, assenta como se fosse um carro menor. A carroceria pouco inclina e seu cérebro demora a entender que os limites do carro estão bem além do que logicamente seria possível fazer com aquele tijolo gigante.

Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]

Em Sport+, a direção fica mais direta, pesada e rápida, junto da tração que passa a jogar mais para a traseira. Isso resulta em um SUV com comportamento de hatch. Isso seria algo lógico em um GLA, por exemplo, que é um hatch de salto. Não em um Classe G que tem construção de chassi sob carroceria e é bem maior.

Gigante gentil

Outro ponto que é muito surpreendente no G63 é a sua fácil convivência em ambientes urbanos. A suspensão macia para as ruas ruins do Brasil, somado ao fato de ter direção bem direta, faz com que seja tranquilo manejar suas proporções que vão além do porte de uma picape média.

Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]

Além disso, ele tem isolamento acústico espetacular. As janelas laterais possuem vidro duplo, fazendo com que muito do ruído externo permaneça lá. Some isso às portas pesadas e de vedação parruda, que exigem verdadeira força para serem fechadas, e entenderá o efeito casulo que o interior do G faz.

Por fim, como todo Mercedes-Benz, o G63 AMG tem piloto automático adaptativo com funcionamento orgânico e sútil, ao contrario do sistema de manutenção em faixa que freia as rodas externas à faixa invadida e provoca um mergulho da carroceira em estrada.

Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]

Há ainda itens como alerta de trafego cruzado, frenagem autônoma de emergência, alerta de ponto cego, sistema de câmeras 360º, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, farol alto automático, alerta de trafego cruzado, tração 4×4 com bloqueio de diferencial central, traseiro e dianteiro, além de chave meio presencial (não destranca ou traca o carro port sensor, só permite partida por botão).

Classe S bruto

Sendo um dos carros mais caros que a Mercedes-Benz vende no mundo, o Classe G é definitivamente luxuoso. A exceção de partes em fibra de carbono ou metal, além dos vidros, tudo que as mãos podem tocar no interior tem revestimento de couro macio. E a qualidade da montagem das peças é de primeira.

Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]

O visual mistura elementos típicos de outros Mercedes, ao mesmo tempo que traz a característica própria do G-Wagon, como a alça de segurança na frente do passageiro ou o painel curto muito próximo ao vidro totalmente vertical. Ele tem console central alto lotado de porta-objetos e comandos físicos para a maioria das funções.

Isso porque a Mercedes achou que seria uma excelente ideia fazer uma central multimídia não sensível ao toque. É incabível para um carro em 2023 ter sua central controlada por um terrível rotor no console ao invés de fornecer o touch como até um Renault Kwid tem. O uso, no final das contas, se torna irritante.

Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz G63 AMG [Auto+ / João Brigato]

Apesar de contar com Android Auto e Apple CarPlay sem fio e uma tela de definição excelente, por não ser touch, é facilmente a pior central multimídia que usei neste ano. Em contrapartida, temos o belíssimo painel de instrumentos digital da Mercedes, mas em geração desatualizada em relação ao Classe C.

Jogo dos bancos

Os assentos do G63 AMG merecem um capitulo a parte. Começa pelo conforto inegável esperado por um carro caro assim. Passa pela regulagem elétrica em diversos elementos para os bancos dianteiros, inclusos o encosto de cabeça que é ajustado eletricamente. Há ainda aquecimento e resfriamento.

Mas o mais legal é o sistema de bolsas presentes nas abas laterais dos bancos dianteiros. Ao fazer uma curva, o Classe G infla um dos lados dos bancos com o objetivo de segurar seu corpo no lugar. Em uma eminência de acidente ele também faz isso — junto de um escândalo dos alertas.

Ele traz ainda massagem de diversos tipos para quem se senta na frente. Atrás, o espaço é de sobra, permitindo acomodar três adultos com folga tanto para as pernas, quanto para a cabeça. As regalias traseiras são mais limitadas, mas quem se senta lá tem controle individual do ar.

 [Auto+ / João Brigato]
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Porta-malas carrega 454 litros de capacidade em uma área bem quadrada, mas menor do que o esperado para essa categoria. A abertura da tampa é feita lateralmente por conta do estepe, mas a surpresa é a área de couro da parede da tampa, além da qualidade do carpete ali presente.

Veredicto

Diferentemente de muitos carros que possuem apelos diferentes para seduzir o consumidor, o Mercedes-Benz G63 AMG é algo totalmente diferente. Ele consegue ser tão bruto e parrudo quanto um Jeep Wrangler, mas tão rápido quanto um porsche 911, além de luxuoso como um BMW i7. E ainda tem um maravilhoso V8.

 [Auto+ / João Brigato]
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É uma mistura inacreditável de realidades diferentes em um mesmo carro, mantendo todo o legado de mais de 40 anos sem mudar o formato básico que sempre teve. É um ícone para a Mercedes e para os SUVs, mas que demanda milhões para ser acessado — tanto para comprar, quanto para manter sua sede.

Você teria um Mercedes-Benz Classe G? Qual seu SUV favorito? Conte nos comentários.


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