De uns anos para cá, as montadoras abandonaram o segmento de sedãs executivos. A BMW foi a única que restou como o Série 5, porque a Mercedes-Benz deixou de trazer o Classe E em 2022, mesma época em que o Volvo S90 deu adeus e o Audi A6 deixou o país. Já a Jaguar esqueceu o XF em 2020. Mas o Mercedes-Benz Classe E está de volta.
Aproveitando o hiato da troca de geração do BMW Série 5, o Mercedes-Benz Classe E chegou ao país por R$ 639.900 exclusivamente na versão E300 Exclusive. O modelo tem a missão de preencher o espaço entre Classe C e Classe S com uma pegada mais luxuosa e confortável.
Não te conheço?
Coincidentemente, nesta semana o Auto+ testou o Mercedes-Benz Classe C na versão C300, que conta com o mesmo conjunto mecânico do Classe E. Os dois modelos compartilham o 2.0 quatro cilindros turbo de 258 cv e 40,7 kgfm de torque auxiliado por um sistema semi-híbrido (MHEV) de 23 cv e 20,9 kgfm de torque.
É comum aos dois modelos também a transmissão automática de nove marchas e a plataforma MRA II Com isso, o comportamento é muito semelhante. O motor é muito silencioso e tem entrega a contento. Por conta dos quase 200 kg a mais, o Classe E fica suficientemente rápido, mas sem grudar no banco ou empolgar.
A transmissão é super suave, com trocas praticamente imperceptíveis e que fazem o motor acordar sem grande dificuldade, apesar da demora em reduzir. Outro ponto é que o consumo segue bom: 8,8 km/l na cidade e 12 km/l na estrada, uma redução pequena frente ao irmão menor.
Conforto é a palavra
Apesar de muitas coincidências, Classe E e Classe C são bem diferentes em dinâmica. O modelo mais novo é bem mais confortável. A direção chega ao ponto de ser molenga de tão leve que é, só que combina com a pegada mais relaxada ao volante que o sedã executivo tem. É um carro para ser conduzido de maneira serena.
Por isso a Mercedes-Benz equipou o Classe E com suspensão pneumática. Ele é extremamente macio e comportado, se mantendo nivelado em superfícies ruins e absorvendo bem os impactos. É possível sentir a carroceria flutuando como se ele fosse um grande iate.
Classe acima
Um dos pontos nos quais o Classe C deixa a desejar é em acabamento interno por conta do uso de plásticos ruins em alguns pontos e do couro de qualidade bem abaixo do esperado em um Mercedes. Só que isso não acontece no Classe E. O novo modelo traz influência dos modelos EQ com qualidade que é requerida em um modelo com estrela no capô.
A cabine mistura elementos em madeira, metal e couro (de qualidade). A central multimídia fica em uma faixa de vidro integrada com a segunda tela para o passageiro, os displays contam com 14,4 polegadas e 12,3 polegadas, respectivamente. Já o painel de instrumentos é uma tela vertical de 12,3 polegadas com efeito 3D, parecido com o do Peugeot 208.
As três telas tem excelente definição e são fáceis de mexer, sendo referência na categoria. É questionável a presença da tela para o passageiro, mas é o tipo de coisa supérflua que o luxo permite. Só não é inútil como a câmera de selfie posicionada no meio do painel – não consigo imaginar qualquer situação na qual o dono de um Classe E precise dela.
Vale destacar ainda o conforto absoluto dos bancos, que contam com sistema de vibração que acompanha a música. Tudo cortesia do sistema de som Burmester 4D com 17 alto-falantes e 730W de potência. Atrás, o Classe E tem espaço amplo para os passageiros, mas a Mercedes esqueceu do controle do ar-condicionado, presente no Classe C.
O porta-malas é igualmente grande, com 540 litros de capacidade. Mas é imperdoável um carro de mais de R$ 600 mil não ter abertura elétrica. Ao menos conta com um prático sistema que dobra os bancos traseiros para ampliar o espaço, além de carpete de ótima qualidade.
Veredicto
Elegante, refinado, confortável e bonito, o Mercedes-Benz Classe E está, por enquanto, sozinho em um segmento não explorado por outras montadoras. Ele reúne o que há de bom no Classe C e eleva a outro patamar, incluindo a correção de algumas falhas presentes no irmão menor.
Pena que a Mercedes cometeu falhas bobas, que podem parecer superficiais para muita gente, mas que se tornam complicadas em um segmento de tanto prestígio e preço. A falta do ar-condicionado de quatro zonas, que o Classe C tem, e do porta-malas com abertura elétrica, presente até em carros baratos, são mancadas que o Classe E não deveria cometer.
Você teria um Mercedes-Benz Classe E ou prefere esperar pelo novo BMW Série 5? Conte nos comentários.
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