Em meio a crescentes tensões comerciais, a China ameaça impor tarifas de 25% sobre a combustão fabricados na Europa. Essa ameaça ocorre enquanto representantes da União Europeia e da China preparam-se para negociar novas tarifas automobilísticas, após meses de disputas e anúncios de novas taxas para os carros chineses.

A situação ganhou nova urgência depois que a União Europeia anunciou um aumento nas tarifas sobre veículos elétricos (VEs) construídos na China, chegando a adicionar até 38,1% ao valor.

Em resposta, autoridades dos dois blocos realizaram uma conversa telefônica no último fim de semana, concordando em prosseguir com discussões mais detalhadas sobre as taxações. A União Europeia argumenta que os elétricos chineses recebem subsídios injustos do governo, enquanto a China acusa a UE de protecionismo e violação das regras comerciais.

Um porta-voz da União Europeia relatou à BBC que Valdis Dombrovskis, Comissário Europeu do Comércio, conversou com Wang Wentao, representante do governo chinês, sobre as tarifas, e ambos concordaram em “continuar o diálogo em todos os níveis nas próximas semanas”. Wang também se encontrou com Robert Habeck, Vice-Chanceler da Alemanha e Ministro Federal da Economia e Proteção do Clima, no sábado.

Diante dessa escalada, o Ministério do Comércio da China expressou sua firme oposição às tarifas durante um encontro com Habeck e ameaçou levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC), para “defender firmemente seus direitos e interesses legítimos”.

Alemanha favorável à China

A Alemanha manifestou críticas às tarifas impostas aos elétricos chineses, ecoando a preocupação da montadora Stellantis. O governo alemão teme que as investigações antissubvenção da UE contra os carros chineses prejudiquem a transição verde da Europa e os interesses dos consumidores, além de afetarem negativamente os interesses dos fabricantes de automóveis alemães na China.

Em um contexto de crescente protecionismo comercial e instabilidade global, as autoridades alemãs apoiam a proposta chinesa de resolver a questão por meio do diálogo. Assim, esperam que ambas as partes cheguem a uma solução viável por meio de consultas e negociações construtivas.

A retaliação proposta pela indústria automobilística chinesa – aplicar tarifas sobre veículos europeus com motores de grande capacidade – ressalta a gravidade da situação. Essa medida pode desencadear um ciclo vicioso e criar uma crise comercial entre duas das maiores economias do mundo.

Este cenário complexo exige atenção contínua à medida que se desenrolam as negociações entre China e União Europeia. Os resultados dessas negociações não só afetarão diretamente os setores automotivos dos dois blocos econômicos, mas também podem ter repercussões significativas na política global de comércio e na transição energética mundial.