Brasil precisa mudar o quanto antes o formato das aulas de auto escola

Voltei para a auto escola recentemente. 12 anos depois de tirar minha carteira B, que me habilita para conduzir carros, decidi que estava na hora de tirar a categoria A, para poder conduzir motos. A cada dia, me apaixono mais pelo mundo das duas rodas, então estava mais do que na hora de me habilitar para poder andar em motocicletas.

No momento que escrevo este texto, ainda faltam quatro aulas práticas na auto escola para eu poder fazer a prova. Entretanto, desde o primeiro dia ficou claro que não é possível formar bons condutores com o formato atual das aulas. O método utilizado nos carros já é bastante obsoleto, mas na moto a situação é ainda pior.

Isso porque em momento algum podemos ir para as ruas para aprender. Todas as aulas são em um local fechado, onde todas as autoescolas da cidade levam seus alunos. Compreendo que moto é mais complicado que carro, já que não tem como instalar um comando duplo. Porém, não tem como ser um bom piloto sem ter contato com o mundo real, e infelizmente é assim que somos ensinados a andar em uma moto.

Para piorar, é terminantemente proibido sair da primeira marcha. Dessa forma, as pessoas são habilitadas sem sequer aprenderem a realizar a troca de marcha na moto. E se é proibido subir marchas, também não é possível reduzi-las. Com isso, o piloto sai da formação sem saber algo básico, que é aumentar e diminuir as marchas.

Por isso, já passou da hora do Brasil repensar o seu processo de formação de novos condutores. Embora seja mais difícil imaginar um novo formato para as motos, não é possível que este seja o melhor método para uma autoescola habilitar e colocar um novo piloto na rua. Principalmente em um veículo cuja característica é deixar os ocupantes totalmente expostos.

Ensinamentos equivocados

Além de não dar a devida formação ao piloto, esse método incentiva que os aprendizes tentem melhorar suas habilidades na moto sem ter tirado a habilitação ainda. Afinal, guiar uma motocicleta requer prática e confiança. Quanto mais se anda, melhor se pilota. Mas sem um suporte adequado da auto escola, é impossível tirar a carta sabendo pilotar corretamente.

No carro, ainda são simuladas diversas situações que serão enfrentadas na vida real, como a baliza, sair com o veículo em uma subida e etc. Já nas duas rodas, nada disso é feito. Após o condutor conseguir se equilibrar e aprender a sair com a moto, é hora de ir para o percurso que simula a prova prática.

Em momento algum você é instruído a como sair de uma subida, ou a como frear corretamente em uma situação de perigo. Pelo contrário, muitas vezes o instrutor insiste que o certo é só usar o freio traseiro, sendo que na realidade o dianteiro é o mais poderoso em uma moto.

Por esses motivos, e muitos outros, é preciso que haja uma séria discussão de como é possível melhorar os métodos da auto escola. Somente assim teremos um trânsito mais seguro e com menos mortes, já que diversos acidentes podem ser evitados se condutores mais preparados estiverem ao volante. 

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