Até pouco tempo, versões basiconas dos SUVs compactos existiam para mantê-los em R$ 69.990, próximo ao limite estabelecido para o público PCD. Eram variantes verdadeiramente tristes as quais não tinham rádio e deixavam o acabamento o mais básico quanto possível. Essa seria a realidade do Jeep Renegade sem nome se fosse no passado.
Contudo, o nível do mercado mudou, as regras também e a versão de entrada do Jeep Renegade hoje é bem mais completa do que já foi o Longitude. Vendido por R$ 125.990, ele era comercializado a R$ 115.990 até o fim dos descontos do governo federal. Mas será que a lista de itens reduzida compensa até a falta de nome na versão pelo preço baixo?
Cadê o tampão?
Situado abaixo do Sport, o Renegade sem nome vem com lista de itens de série bastante semelhante. A versão conta com frenagem autônoma de emergência, sistema de manutenção em faixa, seis airbags, vidros elétricos com função um toque em todas as janelas, retrovisores elétricos com função tilt-down e freio de estacionamento eletrônico.
Há ainda ar-condicionado analógico, direção elétrica com ajuste de altura e profundidade, alarme, controle de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, câmera de ré, faróis full-LED, indicador de fadiga, start-stop e comandos de som no volante.
Na prática, do Sport para o sem nome, a versão perde o tampão do porta-malas (algo, sinceramente, ridículo), gancho de fixação no porta-malas, rack de teto e a garantia (que era de três anos e passa a um ano para o modelo de entrada). Ao menos o rack e o tampão do porta-malas podem ser adquiridos em um kit Mopar com tapete de carpete por R$ 4.300.
Há de pontuar também que a Jeep cobra R$ 1.553 pelas cores Cinza Granite (como da foto) e Prata Billet. O Branco Polar, por ser perolizado, tem custo adicional de R$ 2.203. Já o Preto Carbon não tem valor extra algum. Ou seja, para ficar igual ao modelo das fotos, é preciso desembolsar R$ 131.843 – ainda assim abaixo dos R$ 136.990 cobrados pelo Sport.
Igualdade com os irmãos
Apesar de ser a versão de entrada, o Jeep Renegade sem nome continua a ser um carro com ótimo acabamento. Toda superfície frontal do painel é macia do toque, enquanto as portas contam com grande área de tecido. O volante não é revestido em couro, mas tem toque agradável. Já os bancos de tecido são simples, mas de qualidade.
Painel de instrumentos é o mesmo das versões antigas do Renegade, ou seja, ponteiros analógicos e parte central com tela monocromática vinda do Argo. Já a central multimídia é a mesma da Fiat Toro Endurance, com qualidade ótima, velocidade nas respostas, mas tela que começa a parecer pequena para os tempos modernos.
A Jeep manteve o descanso de braço central no sem nome, ao contrário do que fez com a Toro Endurance. Além disso, o modelo conta com detalhes em prata na cabine para manter o ar mais sofisticado que os SUVs da Jeep tentam passar. Há de notar a qualidade do carpete usado no porta-malas em contraste com material usado no tampão (opcional).
Algo que nunca muda
Inegavelmente, o Jeep Renegade é um dos SUVs mais apertados da categoria. Ainda que o espaço na dianteira seja vasto, especialmente por conta da enorme área envidraçada e da ótima quantidade de ajustes para bancos e volante, quem senta atrás sofre. O espaço para as pernas é acanhado e reduzido, o fazendo parecer um hatch compacto.
Há de elogiar, contudo, a grande quantidade de porta-objetos na cabine. Quando o Jeep Renegade foi reestilizado pela última vez, ganhou novo console central com dois porta-copos e diversos espaços para armazenar o celular e objetos diversos. O porta-luvas é grande e as portas comportam diversos objetos. Há entrada USB normal e USB C na dianteira para uso.
O porta-malas, de 320 litros, é 20 litros maior do que a média dos hatches compactos e é um dos menores da categoria. Ainda assim, a área da tampa é larga, permitindo colocar fácil cargas ali dentro. Adicione isso ao fato de que ele tem piso que pode ser ajustado em duas alturas diferentes e terá um bom aproveitamento de uma área pequena.
De manco, a canhão
Felizmente a versão de entrada do Jeep Renegade não trouxe o terrível motor 1.8 aspirado de volta. Ele segue com o mesmo conjunto das demais variantes: 1.3 quatro cilindros turbo flex de 185 cv e 27,5 kgfm de torque. É um motor polêmico, que tem apresentado diversos problemas e consumo de óleo excessivo, mas que a Stellantis diz ter resolvido.
Ele é ligado a uma transmissão automática de seis marchas, que é a mesma que acompanha o Jeep desde seu lançamento. É um conjunto bastante competente, fazendo com que o Renegade dispare aos 100 km/h em 8,7 segundos e só não seja o SUV compacto mais rápido do Brasil por conta de seus primos Fiat Pulse Abarth, Fastback Limited Edition Powered by Abarth, Peugeot 2008 Griffe THP e Citroën C4 Cactus Shine THP.
As acelerações são fortes, com retomadas espertas providas pelas rápidas reações da transmissão. O câmbio tem trocas suaves, mas insiste em segurar a segunda marcha demasiadamente sem necessidade. Com isso, o consumo urbano é apenas ok: 7,7 km/l com etanol e 11 km/l com gasolina. Nos nossos testes, não passou de 9,3 km/l com gasolina.
Já na estrada, ele marca 9,1 km/l com etanol e 12,8 km/l com gasolina oficialmente. Durante os testes feitos pelo Auto+, ele bateu surpreendentes 13,4 km/l.Com tanque de 55 litros, o Renegade é capaz de passar de 700 km rodando na estrada com gasolina.
Fama de Jeep
Um dos pontos que sempre me agradou muito no Jeep Renegade é sua dirigibilidade. Ao contrário de todos os outros SUVs compactos que tem comportamento de hatch alto pronto para uma aventura no shopping, só o Renegade e o Renault Duster transmitem robustez. Como se fossem só versões em miniatura dos SUVs de fato.
Ainda que a versão sem nome não tenha tração 4×4, o fazendo um modelo pouco aventureiro, ele tem carroceria robusta com sensação de rodagem sólida e firme. Passar em buracos é a alegria do Renegade, que absorve os impactos muito bem e com um ótimo isolamento de suspensão e ruídos.
Além disso, o tempero Fiat faz com que ele seja bom nas curvas, mesmo tendo carroceria alta e quadrada. Ele dificilmente desgarra e pouco canta pneu. Além disso, tem direção elétrica bem rápida e com peso ideal durante a condução. Em alta velocidade, chega a ficar pesada, enquanto nas manobras é uma pluma.
Veredicto
Apesar de não ter nome e abrir mão do tampão do porta-malas para economizar centavos, o Jeep Renegade sem nome tem custo-benefício sedutor. Ele custa pouco a mais que um Fiat Pulse Audace ou que muitos hatches compactos em versão topo de linha, mas entrega mais robustez e muito mais motor.
A lista de itens de série é justa, mas tem alguns itens importantes como central multimídia com conexão sem fio, frenagem autônoma de emergência e sistema de manutenção em faixa, cujos rivais não apresentam nem em versão topo de linha. Mesmo com um ano de garantia a menos, o Renegade sem nome é o SUV com melhor custo benefício à venda hoje.
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