Rei dos SUVs médios e um dos carros mais vendidos do Brasil, o Jeep Compass não está na posição que conquistou à toa. Ele é verdadeiramente o tipo de carro que a classe média anda buscando e entrega uma experiência mais requintada que seus rivais diretos Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos. Mas e quando ele rompe a barreira dos R$ 200 mil?
Território povoado pelas versões diesel (e pelo Série S flex), o andar dos R$ 200 mil é mais tortuoso. É um patamar em que os compradores ficam mais exigentes e não pensam duas vezes em pular para marcas de luxo. A artimanha do Compass, no entanto, é ser o único a oferecer motor diesel por esse preço. Mas a troca vale à pena?
Aquele toque
Um dos pontos nos quais os compradores de modelos de luxo mais prestam atenção é no acabamento interno. E é esse um dos maiores trunfos do Jeep Compass, especialmente na versão Limited testada de R$ 232.990. O SUV médio fica em um perfeito meio termo entre o acabamento de modelos generalistas e os de luxo.
Não chega a ter o mesmo refinamento de um Mercedes-Benz GLB, por exemplo, mas entrega uma cabine mais luxuosa que a do Ford Bronco Sport, que tem preço semelhante. A cabine é recheada de materiais verdadeiramente macios, especialmente na parte superior do painel e das portas.
A faixa central é revestida em couro com costura ao centro, acompanhada de uma sessão plástica com textura interessante. Na versão Limited há ainda uma borda em cobre que ajuda a dar mais sofisticação, mas fica perdida em meio a tantos elementos prata que compõem os outros detalhes da cabine.
O couro que reveste o volante é melhor do que de algumas versões de entrada dos SUVs compactos alemães, enquanto o que é usado nos bancos agrada. Na versão testada, o Compass Limited contava com opcional de R$ 1.600 que troca o couro preto padrão pelo marrom Arizona, bastante elegante, por sinal.
Talvez o único ponto em que o acabamento deixa a desejar é no console central. Os plásticos usados nas laterais aparentam baixo custo e provocam barulhos. Ao menos ali há um porta-copos grande com espaço até para guardar a chave do carro ou o celular em pé. Há ainda carregador de celular por indução e um grande porta-objetos camuflado no descansa-braço.
Servidos e apertados
Quem se senta nos bancos dianteiros tem à disposição banco elétrico para o motorista (passageiro com regulagem elétrica é opcional no pacote High Tech) e bastante espaço. O volante tem regulagem de altura e profundidade, o que deixa a tarefa de encontrar a posição de sentar ideal mais fácil.
Atrás, o espaço não é dos melhores. O Compass serve bem passageiros de média estatura, mas não é o mais espaçoso da categoria. Além disso, a Jeep economizou no acabamento das portas. Ao menos tem tomada 110V para os passageiros traseiros, saída de ar e entrada USB. Porta-malas com 476 litros tem a facilidade da abertura elétrica nessa versão no pacote High Tech.
Regalias de luxo
Além desse mimo, o Jeep diesel oferece itens como painel de instrumentos totalmente digital. Apesar da tela boa, ela tem um forte delay no conta-giros e os gráficos não são tão interessantes quanto os presentes na Fiat Toro. Já a central multimídia de tela gigante tem excelente definição, é rápida e tem Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Mas também sofre com delay, especialmente no uso dos mapas no espelhamento de celular.
Entre outras regalias da versão Limited estão faróis com acendimento automático, vidros elétricos nas quatro portas, chave presencial, ar-condicionado digital de duas zonas, sensor de ponto cego, sensores de estacionamento, park assist e o sistema Jeep Adventure Inteligence que permite controlar o carro a distância pelo celular.
Contudo, os itens mais legais fazem parte do Pack High Terch de R$ 9.900. Ele traz piloto automático adaptativo, detector de fadiga, frenagem autônoma de emergência, porta-malas elétrico, sistema de som Beats, banco do passageiro elétrico, faróis altos automáticos, reconhecimento de placa de trânsito e alerta de mudança de faixa.
Teto solar também é opcional por R$ 8.900. Por isso, o modelo testado sai por R$ 255.290, pois ainda tem o adicional da cor Deep Brown metálica (R$ 1.900 extras).
Mais próximo
Antigamente a diferença de performance entre o Compass diesel e o flex era abismal. O motor 2.0 quatro cilindros turbo diesel de 170 cv e 35,7 kgfm de torque fazia o 2.0 TigerShark flex parecer manco e beberrão. Agora com o 1.3 GSE Turbo de 185 cv e e 27,5 kgfm de torque, a diferença baixou.
Os dois andam parecido, ainda que o modelo diesel ainda tenha aquela força a mais. Nessa versão a questão não é o quão rápido ele acelera, ainda que atinja os 100 km/h em respeitáveis 10,7 segundos. A realidade é que o Compass diesel brilha na quantidade de força que ele tem.
Vencer obstáculos é brincadeira para ele e andar lotado de bagagem e pessoas não é tarefa complicada, já que o Compass nem sofre com o peso extra. Isso faz com que o Jeep seja um valente desbravador de trilhas com sua tração 4×4 com três modos diferentes de condução. Junto a isso está a transmissão automática de nove marchas.
Ela tem trocas suaves e quase que imperceptíveis, ainda que vez ou outra segure marcha inexplicavelmente e depois faça a mudança com um tranco. O Compass diesel sempre larga em segunda marcha pois usa a primeira como reduzida. Isso ajuda a economizar combustível, já que as médias são de 10,4 km/l na cidade e 13 km/l na estrada – mas em nossos testes ele ficou em 10 km/l.
Maciez robusta
O que mais chama atenção no Compass é sua robustez. O SUV é sólido, bem construído e verdadeiramente robusto. Andar em estradas de terra e superfícies ruins é brincadeira para ele, ainda que use pneus 235/45 R19. A vibração do solo mal passa para a cabine e ele consegue trafegar com velocidade em ruas sem asfalto tranquilamente.
Isolada, a cabine é bastante silenciosa tanto em vibrações quanto em som. Tanto que o barulho do motor diesel não se faz presente e basta colocar uma musica em um volume baixo que nem mesmo parecerá que está em um modelo que bebe esse tipo de combustível. O volante, que antes passava as vibrações do motor diesel, agora fica quietinho no lugar.
A assistência da direção é leve exageradamente, especialmente dentro da cidade. Poderia manter o pouco esforço durante as manobras, mas ganhar mais firmeza com velocidade. Na estrada, porém, atinge a desenvoltura adequada. Já a suspensão pende para o conforto, com leves inclinações nas curvas. Mas trabalha em absoluto silêncio e transmite boa resistência e robustez.
Veredicto
A sensação verdadeira de um SUV 4×4 e parrudo é trunfo somente do Jeep Compass diesel nessa categoria. Ainda que existam concorrentes verdadeiramente capazes no off-road ou até mais luxuosos que ele, a experiência de um modelo diesel, aliada à robustez do Compass tornam ele um caso único no segmento.
É fato de que o Compass diesel não é o mais vendido da categoria e que a versão Limited não é tão legal quando a aventureira Trailhawk, mas é a variante que melhor representa o Compass: um modelo que flerta com o segmento de luxo, porque tem acabamento para isso. Ao mesmo tempo em que entrega o espírito de um SUV de verdade. Não à toa, é o rei do segmento.
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