Desde que a CAOA assumiu as operações da Chery no Brasil, o plano sempre foi expandir a linha para conquistar novos clientes. Assim, a marca de pronto já atacou no mundo dos SUVs com Tiggo 2, Tiggo 5X e Tiggo 7. Indo do compacto de entrada ao médio. Só que o Tiggo 7 sempre foi apagado, especialmente depois da estreia do Tiggo 8.
A grande questão, era que ele já era um produto mais antigo, lançado em 2016 e atualizado pelo menos três vezes ao longo de sua carreira. Por ser extensamente baseado no Tiggo 5X, também havia sinais de que o modelo não tinha fogo suficiente para brigar com Jeep Compass, Volkswagen Taos e Toyota Corolla Cross. Mas agora com o Tiggo 7 PRO, a CAOA Chery vai lá.
A evolução de uma geração para a outra é tamanha que a CAOA decidiu matar o modelo antigo. Essa é a primeira vez que um Chery lançado após a aquisição do grupo brasileiro sai de linha, visto que o Tiggo 2 se manteve mesmo após a chegada do 3X. Já o QQ, lançado na fase pré CAOA Chery, foi limado pelas vendas baixas.
Partindo de R$ 179.990, o CAOA Chery Tiggo 7 PRO é R$ 25 mil mais caro que seu antecessor. Essa faixa também o coloca contra em um patamar intermediário entre os SUVs médios. Assim, se encaixa exatamente entre as versões Comfortline e Highline do Taos; entre a XRE 2.0 e a XRV Hybrid do Corolla Cross e as Longitude e Limited do Compass.
Tiggo 8 menos 2
Se o Tiggo 8 foi o ponto de virada da CAOA Chery no Brasil, o Tiggo 7 PRO é a evolução disso. Todos os bons atributos do irmão maior estão lá. Até alguns visíveis, como as portas e praticamente todo o interior. Motor e câmbio são os mesmos, mas o modelo de cinco lugares passou por uma lapidação a mais para o Brasil.
Começa pela suspensão independente nas quatro rodas, sendo multi-link na traseira. Ela foi toda retrabalhada para o Brasil. Na prática, isso fica bastante evidente. Enquanto o Tiggo 8 ainda é um pouco molenga para os nossos padrões, indo de acordo com a escola chinesa de dirigibilidade, o Tiggo 7 PRO pende para o lado europeu apreciado pelos brasileiros.
Ele é mais durinho e firme, quase como um Volkswagen. Isso faz com que ele seja bem comportado em curvas, surpreendentemente. O conjunto é silencioso e absorve bem as imperfeições do solo ao mesmo tempo em que mantém a carroceria firme e estável em situações emergenciais.
A direção também foi retrabalhada privilegiando uma condução mais esportiva. Ela é rápida e dinâmica, com peso ideal que era visto somente no modo Sport do Tiggo 8. Por falar nisso, o Tiggo 7 PRO conta com modos Eco e Sport, em que alteram as respostas do acelerador e da transmissão, além do peso do volante.
Eu tenho a força
Equipado com motor 1.6 quatro cilindros turbo a gasolina, não flex como todos os seus concorrentes, o Tiggo 7 PRO despeja 187 cv e 28 kgfm de torque. Considerando Compass, Taos e Corolla Cross, seus principais concorrentes, o CAOA Chery é o mais potente e mais torcudo. Ele supera o Compass em 2 cv e 0,5 kgfm de torque.
Uma diferença pequena, mas que combinada a transmissão automatizada de dupla embreagem com sete marchas, faz a diferença. Na prova dos 0 a 100 km/h, o Tiggo 7 PRO faz em 8,09 segundos contra 8,8 segundos do Compass. E essa agilidade é percebida, principalmente, em retomadas.
Isso porque o motor 1.6 apresenta um nítido turbolag em baixas rotações. A força do 1.6 é suficiente para manter o Tiggo 7 PRO em velocidade de cruzeiro com giro lá em baixo e consumo comedido. A questão é que, ao pisar mais forte, ele precisa buscar marcha e a força do turbo em giros intermediários. Nas arrancadas, essa diferença de torque é mais sentida.
Mirando em cima
A cabine do antigo Tiggo 7 era apenas ok para a categoria, deixando a desejar em diversos aspectos. Mas o novo modelo quer o posto do Jeep Compass em referência de acabamento. Há muito material macio ao toque, peças bem encaixadas e mistura de texturas interessantes, como o plástico das portas que parece aço escovado.
A cabine é praticamente idêntica à do Tiggo 8, com mesmo visual do painel, central multimídia flutuante e painel de instrumentos digital. A única diferença para o modelo maior é o painel do ar-condicionado, que não conta com rotores. Curiosamente, essa é a cabine do Tiggo 7 PRO chinês, enquanto o exterior do nosso modelo é vindo do Tiggo 7 Plus.
O espaço traseiro é quase tão bom quanto o do Volkswagen Taos, referência na categoria. Contudo, os bancos dianteiros de grande proporção, e bastante macios, acabam por roubar um pouco da área para as pernas traseiras. O porta-malas, no entanto, leva bons 475 litros e conta com abertura elétrica.
Visualmente o Tiggo 7 PRO mostra uma evolução grande em relação ao design da marca. O modelo tem personalidade, ainda que a dianteira lembre muito a do DS 7 Crossback. A grade frontal com pontos cromados, que estreou no Tiggo 3X, ganhou filetes cromados que a conectam com os finos faróis full-LED.
Já a traseira, pode te confundir com um Tiggo 8, mas há importantes diferenças. No 7, a lanterna na parte interna do porta-malas é formada por uma peça única. Além disso, o logo da Chery fica abaixo delas, não no meio como no 8. Para-choque mais esportivo marca o visual do Tiggo 7 PRO, que ainda conta com molduras para saídas de escape.
Recheio recheado
Como agora o Tiggo 7 PRO será vendido em versão única, a CAOA Chery tratou de equipar o SUV com o máximo de itens quanto possível. Ele traz monitor de ponto cego, alerta de tráfego lateral com aviso luminoso na porta, alerta de tráfego cruzado, sistema de câmeras 360°, seis airbags, painel digital, teto solar, carregamento de celular sem fio e luz ambiente.
Conta ainda com alerta de aproximação traseira, porta-malas com abertura elétrica por aproximação, chave presencial, ar-condicionado digital de duas zonas, volante com ajuste de altura e profundidade, rodas de liga-leve de 18 polegadas e central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay.
Contudo, ficaram de fora itens importantes como piloto automático adaptativo e frenagem autônoma de emergência, presentes em seus concorrentes diretos.
Veredicto
O CAOA Chery Tiggo 7 PRO é uma evidente e gigantesca evolução em relação ao modelo antigo. Ele se apoia na boa fórmula e fama conquistada pelo Tiggo 8 e reduz o tamanho para conquistar mais gente. O problema é o preço, próximo demais dos rivais tão equipados quanto.
Como o Tiggo 8 está sozinho abaixo dos R$ 200 mil, conquistar mercado para ele é mais fácil. Já no caso do Tiggo 7 PRO, tendo Compass, Corolla Cross e Taos no seu pescoço, a briga fica ainda mais complicada. De fato vai vender mais que a geração antiga, mas não vai ter o impacto que o irmão maior tem no mercado e nem incomodar o trio de ouro.
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