Com uma nova geração batendo à porta, ainda vale à pena levar o Hyundai Creta para casa? Depois de ver que algumas rugas já começaram a aparecer na versão topo de linha Prestige com motor 2.0, é hora de ver o que a versão Smart Plus, a com melhor custo-benefício da linha, tem a oferecer.
De cara já é possível dizer: se você quer um Creta, leve o Smart Plus para casa. Por R$ 98.490 ele é o último degrau antes dos R$ 100 mil e traz o melhor compromisso entre equipamentos e preço. Faltam alguns mimos da Prestige, mas nada que faça real falta no dia-a-dia.
Exemplo disso é que o Creta Smart Plus já traz de série luzes diurnas de LED, acendimento automático dos faróis, ar-condicionado digital de uma zona, retrovisores elétricos, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, TV digital, câmera e sensor de ré, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque e rodas de liga-leve 17” diamantadas.
Questão de sensação
Tal qual todos os outros Creta, exceto o Prestige, a versão Smart Plus vem equipada com motor 1.6 quatro cilindros aspirado de 130 cv e 16,5 kgfm de torque. São números empolgantes para um motor 1.6 aspirado, mas que perdem um pouco do brilho se considerados os 1.359 kg do SUV compacto da Hyundai.
Enquanto no HB20X esse motor brilha, no Creta ele fica na linha tênue de ser apenas suficiente. São precisos 11,9 segundos para atingir os 100 km/h, o que o torna mais lento que um Jeep Renegade flex, conhecido por ser um carro manco. O Jeep atinge os 100 km/h em 11,1 segundos.
Contudo, a entrega do Creta é um pouco melhor. Ele não passa a sensação de se arrastar por ter acelerador bem sensível. Em saídas de sinal, é comum que o conta-giros suba mais um pouco do que deveria para fazer o Creta embalar. Isso faz com que ele pareça ter mais vivacidade do que de fato tem.
O revés desse comportamento é o consumo. Abastecido com gasolina ele faz médias de 10,1 km/l na cidade e 11,3 km/l na estrada. Já com etanol os números caem para 7,6 km/l na cidade e 8,2 km/l na estrada. Durante nossos testes o Creta manteve média de 7,8 km/l com metade do trecho percorrido na cidade e outra metade na estrada.
Vontade de mais
Para gerenciar o motor 1.6, a Hyundai equipou o Creta Smart Plus com transmissão automática de seis marchas. Ela tem trocas extremamente suaves e praticamente imperceptíveis. Mas há uma sensação de desespero vinda da caixa. Ela quer, a todo custo, jogar a marcha mais alta quanto possível para derrubar a rotação e baixar o consumo de combustível.
Como revés, cada vez que o pedal do acelerador é pressionado com mais força, o Creta faz reduções. Elas são lentas e as vezes é necessário reduzir duas marchas para ganhar fôlego. Esse sobe e desce de rotação faz parecer um câmbio CVT com simulação de marcha, tal qual o equipado no rival Nissan Kicks.
Combinando com esse lado mais voltado para o conforto da transmissão automática está a suspensão do Creta. Ela é macia o tempo todo e trabalha em silêncio. Em curvas mais fortes é nítido o quanto a carroceria rola e inclina, mostrando que esse é um SUV com vocação totalmente familiar.
Nessa tocada fica a direção com assistência elétrica. Leve, ela pouco passa a sensação do que acontece no asfalto. Não vai ser o tipo de carro que te dará emoções ao dirigir, mas que garante conforto à bordo mesmo em viagens mais longas, já que a carroceira não flutua tanto em velocidades altas ou sacoleja como muitos SUVs.
Virtudes e pecados
A cabine do Hyundai Creta divide pontos positivos e negativos na mesma medida. Ela já entrega a idade no visual e no conteúdo tecnológico que apresenta. Exemplo é a central multimídia. Ela tem Android Auto, Apple CarPlay e TV Digital, além de ser rápida na operação. Mas a tela tem definição ruim e falta brilho (especialmente no sol). Isso sem contar a qualidade do sistema de som, que é verdadeiramente ruim.
Já o painel de instrumentos conta com um computador de bordo com quantidade fraca de recursos e uma tela extremamente simples – digna de um HB20 Sense, não de um Creta de quase R$ 100 mil. Visualmente também a cabine deixa claro que já tem certa idade. As linhas são parecidas com as do antigo HB20 e falta charme.
Somente plásticos duros são usados no painel e em grande parte das portas. Porém, como é típico Hyundai, a qualidade vai um pouco além da média do mercado. Encaixes bem feitos e texturas interessantes o deixam à frente de modelos como Volkswagen T-Cross no quesito qualidade de construção do interior.
Contribui para essa sensação a mescla entre couro e tecido nos bancos. As portas também misturam os dois tecidos, sendo o apoio de braço forrado em couro e a lateral da porta em tecido almofadado. Couro também se faz presente no volante e na manopla de câmbio – estes com mais qualidade que os que revestem parcialmente os bancos.
Há de destacar sobre o volante, além da qualidade dos materiais a amplitude de ajustes. Tanto em altura quanto em profundidade, ele se tem vasta área de movimentação. O mesmo vale para os bancos: ou seja, é fácil encontrar uma posição correta para dirigir no Creta. O que ajuda ainda mais o fato de os bancos serem confortáveis.
Lá atrás quem se senta tem o privilégio de um espaço interno acima da média na categoria. O banco é bem reclinado, o que ajuda no conforto para as costas, enquanto as pernas são bem acomodadas. No porta-malas há espaço para 431 litros que, novamente, ficam acima da média entre os rivais.
Veredicto
Entre os Hyundai Creta, a versão Smart Plus é, definitivamente, a que entrega o melhor custo-benefício. O motor 1.6 pode não ser o mais potente ou interessante para dirigir, mas não bebe exageradamente como o 2.0 (ainda que também seja gastão). A lista de itens de série é generosa e não faz sentir falta de itens triviais ou mimos.
Comparando aos rivais, o Creta Smart Plus é um dos modelos com a maior quantidade de equipamentos por menos de R$ 100 mil. Rivais equivalentes como Honda HR-V e Volkswagen T-Cross não possuem versões abaixo dessa cifra. Já Jeep Renegade e Chevrolet Tracker são bem menos servidos na mesma fatia de valor.
Comparativamente, apenas o Nissan Kicks e o Renault Duster entregam pacote semelhante – sendo, coincidentemente, equipados com motor 1.6 aspirado. Mas vale atentar que o novo Creta está pronto para chegar e deve estrear ainda neste ano ou no máximo início de 2021. Portanto, apesar do visual polêmico, a espera vale à pena.
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