Civic e CR-V sempre tiveram uma relação bem próxima. Afinal, eles compartilham plataforma e diversos componentes. Mas parece que essa relação entre eles está cada vez mais próxima. Tanto que se a Honda resolvesse dar uma de Toyota e chamar o CR-V de Civic Cross, o nome pegaria sem o menor problema.
Reestilizado e mais equipado, o Honda CR-V Touring 2021 desembarca no Brasil para ser o SUV topo de linha da marca japonesa. Carregando consigo parte do conjunto mecânico do Civic, ele consegue ter o mesmo charme do sedã em uma corpulenta carroceria de SUV médio? Levamos o modelo vendido em versão única Touring por R$ 264.900 para um teste rápido.
Serenidade e silêncio
O ponto em que o CR-V mais impressiona é o silêncio a bordo. O isolamento acústico feito pela Honda é digno de modelos premium – algo que seu preço acaba mirando. Não há ruído do motor, exceto em giros mais altos. A atuação da suspensão não se faz presente e o único som ouvido é o dos pneus quando o asfalto fica ruim.
Como o sistema de som premium traz 6 alto-falantes, 2 tweeters e um sub-woofer, além de alta qualidade, faz com que os ruídos externos sejam abafados pela música dentro do SUV. Entra nessa questão de silêncio e serenidade o trabalho da suspensão. Ela é tipicamente Honda, ou seja, firminha. Contudo, o acerto é mais voltado ao conforto, absorvendo bem as imperfeições do solo.
O CR-V acaba por contornar curvas quase tão bem quanto o Civic. Mérito da tração integral acionada sob demanda. Mesmo com uma carroceria alta e volumosa, ele se da bem em trechos mais sinuosos e que demandam um bom trabalho de volante e dos pedais. Ainda assim, passa por buracos melhor que seu irmão sedã.
Tipo Si
Debaixo do capô reside o mesmo motor 1.5 quatro cilindros turbo usado pelo HR-V Touring, Civic Touring e até pelo esportivo Civic Si. No CR-V Touring são 190 cv e 24,5 kgfm de torque. Atrelado ao câmbio CVT com simulação de marchas, o SUV médio é bastante esperto e anda bem.
O pedal do acelerador é um tanto quanto dorminhoco nos primeiros centímetros de atuação, sendo preciso pressionar mais fundo para que ele passe a atuar. Nesse momento, o CVT patina antes de fazer o CR-V embalar. Ou seja, não vai ser um SUV para fazer arrancadas e que, como outros modelos da marca, vai fazer gritaria com o pé em baixo.
Contudo, ele ganha velocidade sem grandes dificuldades e entrega todo torque com linearidade e conforto. Dificilmente o ponteiro do conta-giros digital passará dos 3 mil rpm, a não ser que você pise fundo. Mesmo na estrada ele mantém a rotação baixa para economizar combustível e entregar conforto à bordo.
A direção é mais rápida e direta do que se espera de um SUV pensado para o mercado norte-americano. De brinde, ainda tem couro aveludado com qualidade muito superior ao material usado na linha nacional da Honda.
Madeira de mentira
Por falar em qualidade, a cabine do Honda CR-V Touring é exemplar para sua categoria. Ele tem materiais macios ao toque em boa parte do painel, além de bons encaixes. Vacilo somente na região do botão de partida, justamente onde o motorista coloca mais a mão, ser de plástico duro de qualidade questionável.
O painel tem imitação de madeira com verniz aveludado contrastando com plástico emborrachado costurado e uma faixa black piano. É um layout de bom gosto e elegante. Os bancos são confortáveis e revestidos em couro de qualidade. A vastidão de regulagens permite dirigir bem baixo e com o volante perto do corpo, quase como em um sedã.
Há de notar que o painel estilo minivan liberou espaço no console central para abrigar um descansa braço com um verdadeiro alçapão. Com diversas divisões removíveis, o espaço é capaz de abrigar uma bolsa de porte médio sem o menor problema. Atrás, muito espaço para as pernas e cabeça, com direito a piso quase plano.
Tecnologia a serviço
Um dos destaques da linha 2021 do Honda CR-V foi a adoção do sistema Honda Sensing. Esse pacote engloba piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência, assistente de manutenção em faixa e alerta de mudança de faixa. Os sistemas funcionam em harmonia e controlam bem o carro.
Não são tão precisos quanto o sistema semiautônomo do Ford Bronco Sport, mas dão conta do recado. O CR-V é um tanto quanto bruto nas frenagens e tem costume de parar longe demais do carro à frente em um sinal. Além disso, o sistema de manutenção em faixa só funciona em velocidades mais altas.
A central multimídia é a mesma dos outros modelos da Honda. Conta com Android Auto e Apple CarPlay, mas é um pouco mais lenta do que gostaria e a tela tem definição apenas ok. A câmera do retrovisor lateral ajuda bastante na hora de uma curva, mas causa um enorme delay para a central multimídia voltar a funcionar normalmente.
Ainda sobre os itens de série, o Honda CR-V Touring tem seis airbags, teto solar panorâmico, carregador de celular por indução, farol com acendimento automático, sensor de chuva, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré, controle de tração e estabilidade, teto solar, chave presencial e faróis full-LED.
Veredicto
Recheado de itens de série, com acabamento primoroso e condução muito próxima à do Honda Civic, o CR-V Touring se posiciona em uma perigosa faixa de preço no mercado brasileiro. Ele é um SUV médio de marca generalista com preço de SUV compacto de marca premium.
É justamente a fatia de mercado que o aventureiro Ford Bronco Sport e o híbrido Toyota RAV4 estão. Dos três, o Honda CR-V é o mais esportivo, com acabamento mais refinado e espaço interno mais farto. E só não é o mais caro por causa do RAV4. É um carro que entrega muito, mas também cobra muito por isso.
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