O GP da França é um dos mais tradicionais do circo da Fórmula 1, ao mesmo tempo que não é um dos mais amados pelos fãs da categoria. Afinal, desde que voltou para o calendário da categoria, em 2018, a prova trocou a pequena cidade de Magny-Cours, que recebeu a corrida entre 1991 e 2008, pela vila de Le Castellet, retornando ao circuito de Paul Ricard, palco das provas até 1990.
Acontece que a pista passou por grandes reformas nesses 28 anos de ausência. E, quando voltou a receber provas da F1, chocou alguns fãs pela imensidão de cores em sua área de escape. Para piorar, as corridas de 2018 e 2019 não foram lá tão emocionantes, sendo praticamente procissões e sem grandes disputas.
Ausente em 2020, por conta da pandemia da Covid-19, a pista voltou em 2021 e resultou em uma prova mais disputada, com Max Verstappen da Red Bull superando o Mercedes de Lewis Hamilton por conta de uma boa estratégia. Porém, mesmo com uma prova mais movimentada, diversos fãs não conseguem esquecer as listras azuis e vermelhas da prova, e questionam qual seria a utilidade delas.
GP da França e as listras
Basicamente, essa profusão de listras existe para aumentar a segurança do traçado. Quando a pista de Paul Ricard foi feita, em 1970, o autódromo era uma das referências em segurança na época. Acontece que o tempo passou e pista não acompanhou as evoluções dos carros de F1, que se tornaram cada vez mais rápidos. Pior, em 1986, Elio de Angelis morreu em uma sessão de testes após bater o seu Brabham na curva Verriere.
Depois dessa tragédia, a pista de Paul Ricard passou por algumas mudanças, mas acabou sendo substituída por Magny-Cours. Após alguns anos apenas com corridas menores, o autódromo passou para as mãos de uma empresa ligada a Bernie Ecclestone, e com dinheiro em caixa, passou a investir mais em segurança.
Durante os anos 2000, a pista foi sendo reformada para se tornar também um centro de testes. Por isso que há diversas possibilidades de traçados, por exemplo, o que faz com que cada categoria utilize o que combina melhor com seus veículos. E por ser também uma pista de testes, Paul Ricard desenvolveu uma solução para evitar que os carros lá testados se danifiquem ao escaparem das pistas.
Assim surgiram as listras azuis. Elas são feitas com a mistura de asfalto mais abrasivo com tungstênio. Com isso, em caso de escapadas, o piloto consegue reduzir a velocidade e retornar para a pista, mas pode sofrer um desgaste no pneu. Dessa forma, o carro não fica atolado em uma caixa de brita ou se estatela em uma barreira de pneus, mas sofre uma punição por ter saído do traçado.
Essa melhoria na segurança fez com que a pista voltasse a figurar no calendário de competições maiores, como a Fórmula 1, que ficou 10 anos sem correr na França. Provas de carros GT também são realizadas na pista. Por isso, por mais que cause estranhamento, eventuais tonturas e até confunda um pouco os pilotos, ao menos o autódromo de Paul Ricard se tornou mais seguro e tecnológico com o passar dos anos. Agora é torcer para que a corrida de domingo seja mais emocionante, para compensar as dores de cabeça causadas pelas listras.
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