
A Fiat Strada não é líder da categoria há décadas sem motivo. Ela é a que mais inventa no segmento e cria tendências. Foi assim com a versão Adventure, depois com a cabine dupla e com certeza será com a versão quatro portas e agora com a versão automática. Essa nova adição transformou a Strada Volcano CVT na picape automática mais barata do Brasil.
Tudo bem que dizer que R$ 111.990 é algo barato pode soar dolorido para muitos, mas essa é a nova realidade do nosso mercado. Melhor do que pagar R$ 137.990 pela Toro Endurance, que era a caminhonete automática mais barata do país. Mas será que o tamanho diminuto, motor aspirado e câmbio CVT combinaram com a Strada?
Manejando forças
Debaixo do capô da Fiat Strada CVT está o mesmo motor 1.3 Firefly quatro cilindros aspirado que já residia nas versões Freedom e Volcano. Ele está um pouco mais fraco do que no último teste por conta do novo acerto para cumprir aos protocolos de emissão de poluentes do Proconve L7.
Com três pessoas em uma subida, a Strada sofreu, subiu o giro com força e gritou mais do que deveria. Já carregada com quatro passageiros e carga, ela mostrou evidente falta de fôlego. Na essência, uma picape precisa aguentar bem carga e o câmbio CVT e o motor 1.3 sofreram com esse peso extra.
Um pouco mais de potência e torque seriam mais do que benvindos aqui. Não chega a ser o caso de evidente fraqueza que a Fiat Toro tinha com motor 1.8, mas a versão manual aparenta andar melhor. Ao menos o consumo é bom: são 8,8 km/l na cidade e 9,9 km/l na estrada com etanol. Em nossos testes, ela manteve média de 9,6 km/l em trecho cidade e estrada.
Conversa comigo
Apesar de o conjunto pedir um pouco mais de cavalos, o câmbio trabalha de maneira exemplar na Strada CVT tal qual no Pulse com motor turbo. Ele responde muito rápido ao acelerador e evita ao máximo o chato efeito enceradeira desse tipo de câmbio ao acelerar. Essa sensação é dada pela manutenção da rotação alta enquanto o motor acelera.
Por simular sete marchas, a Strada automática não fica berrando à toa. O som a mais, na verdade, é o barulho do motor que invade demasiadamente a cabine. Falta um pouco de isolamento acústico para um modelo que tem pretensão de ser usado como um carro de passeio.
Complexo de caminhonete
Ironicamente ou não, enquanto a Fiat Toro tem pegada de SUV na hora de dirigir, a Strada tem jeito de picape em miniatura. A suspensão traseira com feixe de molas é bastante robusta e aguenta o tranco com carga como gente grande. O revés é que a traseira saltita mais do que deveria.
Por falar em pesado, o volante tem calibração excelente. É leve nas manobras, mas sem ser bobo, enquanto na estrada atinge uma firmeza ideal. Junto a suspensão mais firme, o conjunto da Strada permite pegar uma estrada (perdão pelo trocadilho) sem balançar por conta dos ventos laterais. Nessas horas, aliás, tem firmeza e compostura de hatch.
![Fiat Strada Volcano CVT [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2022/02/Fiat-Strada-Volcano-CVT-3-750x450.jpg)
Distanciamento social
Baseada no Mobi e no Uno, a Fiat Strada tem proporções externas a contento, mas por dentro revela uma certa falta de espaço. Motorista e passageiro ficam muito próximos e a ergonomia poderia ser melhor. O volante não ajusta em profundidade e o espaço para regular o encosto fica comprometido pelo descansa-braço central.
Para a quantidade de cacarecos que levamos hoje em dia nos carros, falta porta-objetos maiores ou com tampa. Ela tem dois porta-copos somente, mas pequenos para algo além de uma lata. Nas portas, porém, os bolsões são mais generosos e levam até uma garrafa grande. Nicho na frente do passageiro também é útil.
O acabamento, por outro lado, é mais do que justo para sua categoria. Peças bem montadas e encaixadas, além de um jogo interessante de texturas que traz sofisticação. A Fiat usa couro de muita qualidade no volante e peças em preto brilhante que dão um toque especial à cabine da Strada Volcano.
Há de elogiar especialmente os bancos que misturam tecido aveludado, couro e um outro tipo de tecido cinza. Uma combinação de bom gosto e confortável, apesar da espuma dura na região da lombar.
Comodidades de gente grande
Além do couro do volante com qualidade acima do esperado, a central multimídia da Strada é excelente. Tem tela de ótima definição, melhor, inclusive, do que de muitos carros premium. Ela é rápida, fácil de usar e intuitiva. Traz Android Auto e Apple CarPlay sem fio que combinam muito bem com o carregador de celular por indução.
Essa modernidade poderia ter sido combinada a um painel de instrumentos mais moderno. Ele é o mesmo do Uno, mas com outros grafismos. Tem uma completa telinha monocromática cheia de recursos. Mas fica evidente que está alguns anos atrasada em relação à central moderna.
Outra coisa que faz falta é o piloto automático, especialmente pelo fato de que a Strada é um carro automático. Chave presencial, nessa faixa de preço, também seria bem-vinda. Ao menos ela traz uma boa lista de itens de série com quatro airbags, faróis de LED com luz diurna, faróis de neblina, ar-condicionado analógico, vidros elétricos nas quatro portas e travas elétricas.
Veredicto
Não há discussão no fato de que a Fiat Strada é, de longe, a melhor picape compacta à venda no Brasil hoje. Ela tem mais espaço, robustez e comodidades que a Volkswagen Saveiro e ainda é mais barata. A adição do câmbio automático trouxe à Strada a facilidade para o picapeiro urbano. Aquele que só quer o estilo com caçamba, mas sem os sacrifícios.
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