![Fiat Pulse Abarth [Auto+ / João Brigato] Fiat Pulse Abarth [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2023/04/Fiat-Pulse-Abarth-14-990x556.jpg)
De antemão peço perdão pelo título se você é uma pessoa chata ou se sentiu ofendido por essa constatação. Mas, de fato, apenas aqueles que já deixaram qualquer alegria pela vida guardada em uma gaveta não vão gostar do Fiat Pulse Abarth. E nem adianta reclamar que ele é um SUV e que só tem câmbio automático ou que custa R$ 149.990.
Esportivos de antigamente, altamente cultuados, como Volkswagen Gol GTI, Chevrolet Kadett GSi e Ford Escort XR3 eram igualmente caros, mas bem menos práticos. Só que eles exalavam alma esportiva e um prazer ao dirigir que só quem verdadeiramente ama carros poderia ter desenvolvido. E esse espírito está no Pulse Abarth.
Nem me venha com Powered by Abarth
Assim como seu irmão maior, o Fastback Limited Edition Powered by Abarth (e também Toro, Renegade, Compass e Commander), o Fiat Pulse Abarth é movido por um motor 1.3 quatro cilindros turbo. É um motor um tanto quanto controverso e vítima de inúmeras reclamações de consumo excessivo de óleo – algo que a Stellantis já trabalha para resolver.
São 7,6 segundos para chegar aos 100 km/h e velocidade máxima limitada a 215 km/h. O mais interessante do SUV esportivo é que ele parece muito melhor encaixado com esse motor do que o Fastback Limited Edition Powered by Abarth. Não somente na entrega de potência e torque, como também na dinâmica.
![Fiat Pulse Abarth [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2023/04/Fiat-Pulse-Abarth-17-750x450.jpg)
Veneno de escorpião
Ao apertar o botão Poison no volante, que substitui o Sport, o Pulse Abarth libera o veneno do escorpião. O acelerador fica bem mais sensível, o câmbio mais esperto e a entrega de força é mais rápida. Como resultado, ele acelera bonito e sem esforço algum, enquanto o sistema de escape exclusivo da versão esportiva ronca alto.
Por dentro do Abarth você ouve o som grave e até alguns pipocos vindos do escape. Mas quem está do lado de fora que é verdadeiramente agraciado. O ronco é grosso, encorpado, como se fosse um tenor italiano rouco. Nem parece original de fábrica: algo que a Fiat merece verdadeiro elogio.
Só que, fora do modo Poison, o Pulse Abarth consegue se comportar de maneira mais comedida. Mas, ainda assim, o acelerador é sensível e o câmbio faz trocas de marcha verdadeiramente sentidas, algo que nenhum outro modelo com essa transmissão faz. Para a proposta apimentada, é um comportamento mais do que bem vindo.
![Fiat Pulse Abarth [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2023/04/Fiat-Pulse-Abarth-25-750x450.jpg)
Ímpeto
A direção com assistência elétrica teve sua distância batente a batente encurtada, além de ter ficado mais pesada e direta. O peso se assemelha a modelos da Volkswagen, sem aquela leveza exagerada na hora das manobras, mas ainda assim suficientemente leve para facilitar uma parada rápida em uma vaga apertada.
Em alta velocidade, o volante de aro grosso fica nitidamente pesado para ajudar a fazer curvas mais precisas, ao mesmo tempo que exige pouco curso para virar. Por ser um SUV, ele não se comporta tão bem nas curvas quanto o Polo GTS ou o Sandero RS, mas não faz feio. Ele gruda no asfalto tal qual um bambino italiano devora um cannoli.
Fato que o Pulse Abarth prefere um asfalto liso, mas ele não fará sua obturação estourar ou seu ciático gritar ao passar por um buraco como outros modelos esportivos. Ele bate mais seco que o Pulse comum, mas não reclama tanto assim. Com isso, você tem um esportivo em mãos que não sacrifica a sua coluna por melhor performance em curva.
![Fiat Pulse Abarth [Auto+ / JoFiat Pulse Abarth [Auto+ / João Brigato]ão Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2023/04/Fiat-Pulse-Abarth-2-750x450.jpg)
Vermelho e preto
Como todo esportivo que se preze, o Pulse Abarth também ganhou alguns truques visuais para transparecer sua esportividade. Ele segue a receita dos Abarth europeus: se livrar dos logotipos da Fiat, pintar retrovisores em vermelho com uma e faixa na lateral no mesmo tom, além de adicionar um toque a mais de esportividade.
A pestana acima dos faróis e grade ganha acabamento imitando fibra de carbono, enquanto o para-choque e os faróis vêm do Fastback. Há detalhes em vermelho na grade inferior, enquanto a superior tem treliças tipo colmeia. Na lateral, para-lamas mais largos e rodas de liga-leve de 17 polegadas que parecem pequenas para ele.
Maldição do Pulse
Se o exterior é mais espalhafatoso, mas ainda assim bonito, a cabine preza por um lado mais sofisticado com toques de esportividade. O Abarth vem com ótimo revestimento de couro nos bancos e volante, com qualidade esperada em modelo da Jeep para cima. E isso contrasta absurdamente com a Maldição do Pulse.
Não há nenhum material macio ao toque, fora um pedaço minúsculo de couro nas portas. Os encaixes são bem feitos e os plásticos na cor preta são de qualiade. Na versão Abarth, o Pulse herdou o console central elevado do Fastback. Com isso, ganhou porta-copos removível, freio de estacionamento eletrônico e carregador de celular por indução com saída de ar dedicada para não deixar o smartphone quente demais.
Apesar de a Fiat negar com todos os pés juntos que o Pulse é derivado do Argo (mesmo ele sendo) a marca trouxe de volta o volante antigo do hatch compacto para a versão esportiva do SUV. É um item que destoa bastante do visual esportivo e refinado do Abarth. Até porque esse volante nunca foi bonito.
Boas heranças
Há de destacar ainda o painel de instrumentos totalmente digital com recursos extras no Abarth, como medidor de força G, gráfico de potência e pressão do turbo. Ele conta com outros recursos e personalização que são bem interessantes, além da tela de ótima qualidade.
A central multimídia vai na mesma tocada, com tela de definição ótima, fácil de mexer, com bom tamanho e posicionada no alto. Traz Android Auto e Apple CarPlay sem fio, além da possibilidade de controlar diversos aspecto do carro – inclusive o ar-condicionado, ainda que este tenha botões físicos no console e que são muito mais úteis.
Espaço interno é um ponto conturbado. Afinal, o Pulse não é dos mais espaçosos em sua categoria. Quem senta atrás fica levemente espremido, especialmente porque os bancos dianteiros são grossos, mas não receberam mudanças para a versão esportiva (uma pena). Porta-malas de 370 litros é apenas dentro da média, mas tem acesso difícil por ser fundo.
![[Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2023/04/Fiat-Pulse-Abarth-8-750x450.jpg)
Padrão do andar de entrada
Mesmo sendo a versão de topo do Fiat Pulse, o Abarth ainda não é totalmente equipado com sistemas avançados de segurança como piloto automático adaptativo. Ainda assim, traz itens como sistema de manutenção em faixa (exagerado em sua atuação), frenagem autônoma de emergência e farol alto automático.
O modelo conta ainda com controle de tração e estabilidade (bastante permissivos no modo Poison), assistente de partida em rampa, chave presencial, faróis full-LED, câmera de ré, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, vetorização de torque, volante com ajuste de altura e profundidade e ar-condicionado digital de uma zona.
Veredicto
Quando olharmos no futuro com carinho para os tempos de hoje, Renault Sandero RS, Volkswagen Polo GTS e agora o Fiat Pulse Abarth terão o mesmo impacto de Gol GTI, Kadett GSi e Escort XR3. Pode me cobrar daqui há 30 anos, por mais que agora discorde por ele ser um SUV e moderno.
Ou seja, mesmo com defeitos como a típica maldição do Pulse, óleo baixando no motor e preço elevado para seu porte, o Abarth compensa tudo isso com uma dinâmica apurada, um ronco excepcional e, o mais importante, com alma: algo que falta a muitos carros de hoje em dia. Ironicamente, uma ausência que o próprio Pulse tem nas versões normais.
>>Por que Fiat Fastback e Pulse Abarth usam freio a tambor atrás?
>>Fastback é exatamente do que Brasil e Fiat almejam | Avaliação
>>VW Polo GTS não é esportivo de piloto de Super Trunfo | Avaliação