Teoricamente, uma caminhonete foi pensada para transportar cargas desde a primeira de sua história, idealizada em 1925 como uma versão utilitária do Ford Model T, ao combinar uma caçamba simples ao chassi do modelo. Esse tipo de veículo ganhou força pela sua versatilidade ao longo das décadas e, durante a Segunda Guerra Mundial, tanto a Ford quanto a Chevrolet começaram a produzir caminhonetes para aplicação militar.
Com o fim do grande conflito e a vitória conquistada pelos países aliados em 1945, o mercado de caminhonetes se expandiu para o público civil, com uma maior ênfase no conforto e na estética. As caminhonetes começaram a se popularizar a partir da década de 1950. Ter um utilitário passou a ser mais do que apenas funcional e versátil; ele também se associou ao estilo de vida do consumidor.
Ao longo das décadas, a linha Ford F-Series marcou a indústria. Lançada em 1948, a primeira geração foi produzida até 1952. No Brasil, o caminhão F-600 da Série F foi o primeiro veículo nacional produzido pela marca do oval azul em solo nacional, em 1957. Além dele, a F-100, a primeira caminhonete nacional, passou a ser fabricada a partir de 1968, sendo posteriormente rebatizada como F-1000. Um clássico da história e do nosso mercado.
Variantes esportivas
Embora as caminhonetes sejam pensadas para transportar cargas ou objetos volumosos, isso não impediu alguns fabricantes de pensar além e criar versões esportivas capazes de fazer inveja a superesportivos de puro-sangue. Nada melhor do que unir dois mundos em uma roupagem radical.
A GMC teve a Cyclone (foto abaixo), uma variante da Sonoma, com vendas iniciadas em 1991, equipada com propulsor V6 4.3 turbinado de 280 cv e 48,4 kgfm. Já a Dodge instalou sob o capô da Ram o propulsor V10 8.3 naturalmente aspirado do Viper, criando a variante SRT-10, com colossais 500 cv e 72,6 kgfm.
Observando essa tendência de mercado, na década de 1980, a Ford trouxe a F-150 SVT Lightning, lançada em 1993. Um caminho já trilhado pela Chevrolet com a 454 SS de 1990, considerada a precursora entre as caminhonetes esportivas da indústria, ao empregar um propulsor V8 7.4 (454 polegadas cúbicas), entregando 233 cv e 64,9 kgfm.
A Ford F-150 SVR Lightning
A F-150 SVT Lightning (relâmpago, em tradução livre do inglês) foi uma resposta à altura e encomendada pela divisão Special Vehicle Team, criada em 1991, com foco no desenvolvimento de veículos de alto desempenho. Inclusive, a primeira F-150 SVT Lightning dividiu as atenções e as pranchetas com o Mustang SVT Cobra, além de compartilhar componentes.
O propulsor V8 Windsor 5.8, com 351 polegadas cúbicas, era uma derivação do utilizado no Mustang SVT Cobra. Nele, foi instalado o V8 5.0 (302 polegadas cúbicas) com 238 cv e 38,7 kgfm. Na caminhonete, estavam disponíveis 243 cv e 47 kgfm, devido ao maior deslocamento.
Esse desempenho da Ford F-150 SVT Lightning era orquestrado pelo câmbio automático de quatro marchas, e a união desse matrimônio mecânico resultava em uma aceleração de 0 a 100 km/h em aproximadamente 6,7 segundos. A tração era traseira e a velocidade máxima era de 180 km/h. Para comparação, a GMC Syclone, mais leve, cumpria a mesma prova em 4,3 segundos.
Apesar disso, como tudo o que anda também precisa fazer curvas, a dinâmica da Ford F-150 SVT Lightning contou com a contribuição do piloto Jack Roush, com ampla carreira na Nascar. As suspensões dianteira e traseira foram rebaixadas em cinco e três centímetros, respectivamente, para aprimorar a dirigibilidade e a estabilidade.
Visual
O contato com o solo era assegurado pelas rodas de 17 polegadas calçadas por pneus de medidas 255/50. A estética ainda era complementada pela ausência de cromados, para-choques envolventes e grafismos alusivos à configuração.
Ao abrir a porta, o habitáculo, predominante em cinza, mostrava os bancos inteiriços de tecido, assim como o volante de quatro raios revestido em couro perfurado. A primeira F-150 SVT Lightning foi revelada no Salão de Chicago de 1992, ao lado do Mustang SVT Cobra.
Ela chegou às concessionárias em fevereiro de 1993 e a produção dessa carroceria durou até 1995, quando ganhou uma nova geração. Mas isso fica para o nosso próximo capítulo. Fique ligado!
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