Avaliação

Elétrico mais barato do Brasil: JAC E-JS1 tem sabor de VW | Impressões

Primeiro produto desenvolvido após compra de parte da JAC pela Volkswagen, o E-JS1 é surpreendentemente divertido

JAC E-JS1 [Auto+ / João Brigato]
JAC E-JS1 [Auto+ / João Brigato]

Existe a Chery antes e depois da CAOA e agora vai existir a JAC antes e depois da Volkswagen. Se aos primeiros olhares a compra de 51% da marca chinesa por parte da alemã não parecia ter resultado em nada, o pequenino elétrico JAC E-JS1 provou justamente o contrário. E detalhe: ele é o carro elétrico mais barato do Brasil.

Por R$ 149.900, o JAC E-JS1 prova que nem sempre custar pouco quer dizer ter que se contentar com pouco (Hyundai HB20 Sense está aí para provar isso). Ele custa menos que o iEV20 e consegue parecer anos luz à frente do seu irmão que tenta se passar por um SUV. A JAC ainda não fala em expectativa de vendas para o modelo.

J2 evoluído

Para começar a entender o que é o E-JS1 é preciso buscar suas origens. Ele nasceu como JAC J2, recebeu motorização elétrica, depois ganhou visual aventureiro (e virou o iEV20) para só agora, com a mão da Volkswagen, se transformar nesse simpático hatch elétrico. Na China, ele nem é vendido como JAC.

JAC E-JS1 [Auto+ / João Brigato]
JAC E-JS1 [Auto+ / João Brigato]
Por lá, o E-JS1 se chama E10X e é vendido pela SOL. A marca foi criada por JAC e Volkswagen para vender carros elétricos baratos e, posteriormente, importar modelos da Seat. Os planos mudaram e ela se tornou praticamente um segundo braço da JAC, mas com modelos já desenvolvidos sobre o rigoroso olhar da Volks.

O resultado é o E-JS1. Antes de pilotar o simpático elétrico, dei uma volta rápida no antecessor iEV20, que segue em linha. E, caramba, que evolução! A base é a mesma, o motor elétrico e as baterias praticamente iguais, mas a condução é completamente diferente e o salto em qualidade construtiva da cabine é alarmante.

JAC E-JS1 [Auto+ / João Brigato]
JAC E-JS1 [Auto+ / João Brigato]
A cabine tem estilo divertido que contrasta peças em plástico preto, branco e verde. É um ambiente alegre e mais bem cuidado que o do antecessor. Os plásticos são bem feitos, sólidos e com boa montagem. As texturas são agradáveis e até mesmo o couro do volante e o tecido dos bancos são nitidamente mais refinados que qualquer outro JAC.

Ele traz painel de instrumentos digital bem pequeno, mas com informações necessárias. A tela tem definição apenas ok, o que contrasta com a central multimídia herdada do T60 / E-JS4. Aqui no Brasil ela terá integração com Android Auto e Apple CarPlay, o que será bem-vindo, visto a qualidade do sistema (mas que ainda é um tanto lento).

Ele traz os comandos do ar-condicionado conjugados à tela, mas são de acesso um tanto quanto complicado. Em especial na unidade avaliada que ainda trazia os comandos em chinês. Há ainda console central bastante alto e envolvente, que da certo refinamento para a cabine. De brinde, carregador de celular por indução.

Há, no entanto, algumas heranças do J2 no elétrico mais barato do Brasil. O volante não regula em profundidade, o que atrapalha na ergonomia. O banco não ajusta em altura e não há porta-luvas com tampa. Além disso, o porta-malas de 121 litros só é maior do que o de um Fiat Mobi.

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JAC E-JS1 [Auto+ / João Brigato]
Mas, como é um carro de origem chinesa, alguns componentes foram copiados. A manopla de câmbio na coluna, por exemplo, idêntica à da Mercedes-Benz. Já o comando do farol, é exatamente a mesma peça usada no Polo. Mas nas versões básicas do hatch compacto, ou seja, sem acabamento metalizado.

Tempero alemão

Na hora de dirigir, outra grande diferença. O iEV20 é molenga, com direção leve demais e um tanto quanto ruidoso. Já o JAC E-JS1 não. Ele tem suspensão mais firminha, típica Volkswagen. Ela copia bem o que se passa no asfalto e traz uma estabilidade interessante ao modelo de dimensões compactas.

JAC E-JS1 [Auto+ / João Brigato]
JAC E-JS1 [Auto+ / João Brigato]
Dá até para abusar um pouco nas curvas, especialmente por conta do centro de gravidade mais baixo. Mas não abuse muito, porque suas rodas e pneus são bem pequenos e gostam de cantar com força. Mas o fato de ter rodas bem nos extremos da carroceria, faz com que ele pareça um kart divertido de dirigir.

A direção continua leve, na mesma pegada do Volkswagen Taos. Ela é rápida, transmite algumas sensações do asfalto, mas é um tanto quanto anestesiada. Já a performance, não vai ser a que muita gente se acostumou com um carro elétrico. O JAC E-JS1 não é rápido, apenas suficiente.

JAC E-JS1 [Auto+ / João Brigato]
JAC E-JS1 [Auto+ / João Brigato]
São 62 cv, ou seja, menos que um hatch 1.0 aspirado. Mas o torque de 15,2 kgfm se aproxima de modelos turbinados três cilindros. Ele é ágil, acelera sem dificuldades e com o torque instantâneo do motor elétrico, ganha velocidade instantaneamente. A velocidade máxima de 110 km/h faz com que ele deixe claro seu perfil totalmente urbano.

Segundo a JAC, são 300 km de autonomia – algo mais do que suficiente para trajetos citadinos durante toda uma semana.

JAC E-JS1 [Auto+ / João Brigato]
JAC E-JS1 [Auto+ / João Brigato]

Veredicto

O carro elétrico mais barato do Brasil também é bastante divertido. O JAC E-JS1 trouxe de volta o temperinho esportivo que o J2 tinha no passado, mas com uma dose a mais de cuidado e refinamento mecânico herdado da Volkswagen. É um produto nitidamente anos luz à frente de outros modelos da marca chinesa hoje presentes no nosso país.

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