![Volkswagen Nivus Highline Hero [Auto+ / João Brigato] Volkswagen Nivus Highline Hero [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2022/07/Volkswagen-Nivus-Highline-Hero-7_edited-990x556.jpg)
Bastante específico, o mercado brasileiro exige tipos de carros criados para nós e, no máximo, aproveitados pelos países vizinhos. São raros os casos de modelos exportados para EUA ou Europa. A Volkswagen fez isso com o Voyage o levando aos EUA e com o Fox produzido no Brasil e vendido no Velho Continente. Só que algo inédito aconteceu quando o Volkswagen Nivus surgiu.
Ele agradou tanto a matriz que decidiram produzi-lo na Europa. Pela primeira vez na história um projeto brasileiro passou a ser fabricado por lá, não exportado de nosso solo. Tudo bem que a Volkswagen mudou o nome para Taigo e modificou muita coisa.
Isso é um feito e tanto! E só prova que quando a Volkswagen deixa o Brasil fazer, ela acerta mais do que com carros globais. Veja o Polo, por exemplo, vende relativamente bem, mas não tem o mesmo impacto. O T-Cross brasileiro é maior que o europeu e visualmente diferente, com isso vende mais que todos os outros SUVs no Brasil, ao menos em 2022.
No ponto
Desde que começaram a transformar SUVs em hatches, nenhuma outra marca soube disfarçar tão bem a origem de seu carro como a Volkswagen. Um Honda WR-V é nitidamente um Fit um pouco diferente, assim como o Fiat Pulse tem jeito de Argo bombado. Já os CAOA Chery Tiggo 2 e Tiggo 3X passam despercebidos porque ninguém lembra que o Celer um dia existiu.
Ele é, sem dúvida, um dos carros mais bonitos projetados no Brasil. Dianteira esportiva com entradas de ar largas e vincos fortes no capô dão um ar sofisticado e robusto ao mesmo tempo para o modelo. Junto a isso temos toda parte inferior da carroceria em plástico preto, mas sem exageros para tornar o Nivus algo que ele não é.
Jogo invertido
Se por fora o Nivus renega suas origens Polo, por dentro ele as assume com força. Ao contrário do Fiat Pulse que tem cabine totalmente diferente da do Argo, Polo e Nivus são idênticos por dentro. Para não dizer completamente iguais, o volante do SUV é novo, mas já já estará no hatch. Tanto que a linha 2023 de ambos trouxe o novo ar-condicionado digital.
Lá fora ele tem revestimento macio ao toque: aqui no máximo uma almofadinha no descanso de braço, mas que é tão mole que seu cotovelo vai raspar na parte dura. O revestimento dos bancos não pode nem ser chamado de couro e tem aspecto bem simplório – ao contrário do volante que tem revestimento de qualidade e agradável ao toque.
É um contraste nítido com o painel de instrumentos totalmente digital de ótima qualidade, cheio de recursos e rápido em sua execução. A central multimídia também merece destaque pela facilidade de uso – parece um grande tablet em que qualquer usuário de iPhone ou Android se sentirá em casa.
Por falar nisso, tem conexões sem fio com os dois sistemas, além de carregador por indução. Dá até para instalar alguns aplicativos diretamente na tela como Waze, mas melhor usar o Android Auto ou o Apple CarPlay mesmo. Aliás, essa tela é de série para todos os Nivus, assim como o piloto automático adaptativo.
O último ponto sobre o interior tem relação com o espaço. Quem senta à frente tem área vasta, sendo o motorista com volante regulando em altura e em profundidade. Mas o espaço traseiro é acanhado: pessoas altas não ficam confortáveis e há pouca área para cabeça e pernas. É um carro para dois e eventuais caronas curtas. Já o porta-malas de 415 litros é bom.
Catálogo da Netflix
Se por fora o Nivus é plena satisfação e dentro beira a decepção, ao volante ele mostra que condiz com seu exterior. Que carro gostoso de dirigir! Rodei 1.000 km com ele durante uma semana e mal foi percebido. Ele foi calibrado na perfeição para agradar ao brasileiro e é, sem dúvida, um dos melhores SUVs compactos no quesito prazer ao volante. Mas tem um porém.
Só que o câmbio se perde. Na estrada fica indeciso entre quinta e sexta marcha tal qual você ao abrir o catálogo da Netflix em um domingo a noite depois de assistir Fantástico e reclamar que não sabe que filme ver. Ele não decide qual marcha fica! E nem precisava reduzir para quinta para ganhar fôlego, porque o 1.0 TSI tem de sobra.
Louro, pimenta do reino, cebolinha e alecrim
Apesar de o câmbio não extrair tudo que pode do motor 1.0 TSI, ele é a grande estrela. Com 128 cv e 20,4 kgfm de torque só não é o mais potente do Brasil por culpa dos 2 cv a mais que o motor 1.0 turbo do Fiat Pulse tem. Ele é bem elástico, entregando torque em baixa e sem perder o fôlego em alta rotação, além de ter um ronquinho interessante.
Com peso preciso, a direção é leve nas manobras a ponto de virar o volante com o dedinho, mas em alta velocidade fica firme na medida certa. Os modelos da Peugoet e da Citroën tem direção parecida, mas que toma mais peso em alta velocidade. Já a suspensão pende mais para o lado de hatch esportivo do que para SUV.
Pioneirismo custa
Ele foi um dos primeiros modelos da categoria a contar com piloto automático adaptativo, pena que não se modernizou para ter sistema de manutenção em faixa o qual permitiria ao Nivus dirigir praticamente sozinho. Há também itens como frenagem autônoma de emergência, vetorização de torque e indicador de fadiga.
Veredicto
Pode entrar em qualquer concessionária da Volkswagen e duvido achar um carro mais bonito que o Nivus no showroom de zero quilômetro. Ele chama atenção mesmo tendo sido lançado há um certo tempo, o que melhorou ainda mais depois que a belíssima cor azul biscay entrou na gama. Por isso, dona Volkswagen, deixe o departamento de design com o Brasil: sabemos o que estamos fazendo.
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