Não deixe o visual levemente reestilizado do Renault Zoe 2022 te enganar. O hatch compacto elétrico francês mudou para valer onde mais precisava. Começando em R$ 204.990 na versão Zen e chegando a R$ 219.990 na Intense, o Zoe se mostra uma alternativa para os modelos a combustão. Mas toma do Duster o título de melhor Renault do Brasil?
Percorremos 250 km durante um dia com o Renault Zoe Intense. O trajeto combinava trechos de cidade e estrada entre São Paulo capital e Campinas, no interior. Tudo a fim de desvendar se o elétrico francês é capaz de atender a todas as necessidades do dia-a-dia e se ele de fato evoluiu.
Ampliação de terreno
Além do visual novo, o Renault Zoe recebeu novas baterias e motor 100% mais potente. São 135 cv e 25 kgfm de torque – mesmo torque de um Polo GTS. Isso faz com que o hatch chegue aos 100 km/h em apenas 9,5 segundos no mais completo silêncio.
Essa entrega de força é interessante pois é completamente instantânea, menos na hora da arrancada. Nas saídas de sinal ou após uma parada completa, o Zoe parece se arrastar por alguns metros antes de começar a desenvolver velocidade. Não tem o mesmo comportamento de canhão que muitos elétricos.
Isso se dá por conta da proposta mais citadina do Renault Zoe. Ele não é focado em performance como um Porsche Taycan, mas entrega força suficiente para te fazer colar no banco e abrir um sorriso no rosto. Ultrapassagens são moleza para o Renault, que dispara sem o menor esforço.
O mais interessante é a linearidade e suavidade dessa entrega. Um carro elétrico não tem o mesmo ruído e aspereza de um modelo a combustão, mesmo em ritmos mais altos. Além disso, não é necessário fazer o motor encher para entregar máxima performance: pisou no acelerador, ele já dispara com tudo.
Em vias não exploradas
Ao contrário de carros a combustão que economizam mais andando na estrada, os elétricos perdem bateria mais rápido em velocidades mais altas. Partimos de São Paulo rumo ao interior com autonomia de 400 km no painel de instrumentos (oficialmente ele tem 385 km de autonomia).
Após trechos de estrada e cidade, rodando ao todo 206 km, o Zoe retornou à capital paulista com 156 km autonomia restante. Ou seja, gastou praticamente 50 km a mais do que poderia. Isso se deu ao fato de que ele foi dirigido como um carro comum, não visando economizar as baterias.
Em estrada, ele se mantém com facilidade em velocidades mais altas e é estável. Isso se dá por culpa do centro de gravidade baixo causado pelas baterias no piso. Em contrapartida, o fundo tende a raspar em lombadas mais altas ou pontiagudas. Nas curvas, o centro de gravidade baixo faz com que o Zoe lute com sua carroceria mais alta.
É nítido que ele tenta inclinar, por conta da altura generosa, enquanto a gravidade faz seu trabalho de puxá-lo para baixo em virtude das baterias. Ele se comporta bem em uma tocada mais esportiva – não chega a ser um Sandero RS, mas não passa vergonha se disser que tem um temperinho esportivo leve.
As baterias também fazem com que a suspensão tenha de ser mais dura do que se espera de um hatch compacto. Ela absorve bem os impactos, mas devolve muito da superfície ao motorista. Ao menos houve um trabalho de isolamento acústico melhor na suspensão – fonte de muito barulho no modelo pré-reestilização.
Tchau Kwid
Outro ponto de melhoria forte do Zoe 2022 foi em acabamento. Se antes ele estava no mesmo páreo do Kwid em qualidade da cabine, agora ele ultrapassa o Duster, referência na Renault do Brasil. Há uma faixa em tecido macio ao toque acompanhado por toda porção superior do painel emborrachada.
O volante do Sandero casou bem no Zoe e recebeu couro de qualidade. Há também um novo console central envolvendo recoberto de tecido. Nova manopla de câmbio tem acionamento aparentemente frágil, mas as peças de metal e couro dão sofisticação. Do Duster vieram os comandos do ar-condicionado digital de aparência elegante.
Nova central multimídia vertical acompanhada do painel 100% digital deixam o novo Zoe mais refinado e tecnológico. Um pênalti que não mudou foi o banco do motorista. Ele não tem ajuste de altura. Ao menos ele tem posição neutra que agrada motoristas mais altos e mais baixos.
Versões
Aqui no Brasil, o Renault Zoe será oferecido somente em duas versões. A variante de entrada Zen de R$ 204.990 traz de série vidros elétricos dianteiros, piloto automático, ar-condicionado digital, central multimídia de 7 polegadas, quatro airbags, sensor de ré, farol com acendimento automático, sensor de chuva, monitoramento de pressão dos pneus e rodas de 16”.
Na versão topo de linha Intense, o Zoe passa a custar R$ 219.990. Ele ganha vidros elétricos traseiros, retrovisor fotocrômico, câmera de ré, assistente de frenagem de emergência, monitoramento de ponto cego, sensor de estacionamento dianteiro, luzes diurnas de LED, volante de couro e rodas de 16” diamantadas.
Veredicto
Custar mais de R$ 200 mil coloca o Renault Zoe em um território perigoso. Ele é um hatch compacto com ares de minivan custando o mesmo que um SUV médio em versão topo de linha ou uma picape média intermediária. Faltava a ele refinamento para peitar esses modelos, algo que agora ele tem.
O fato de ser um carro 100% elétrico faz com que o custo de rodagem do Zoe seja baixíssimo (pode ser até praticamente zerado usando eletropostos gratuitos). Feitos os ajustes que foram necessários, o Renault tem maior chance de sucesso que antes e se provou como um carro utilizável no dia-a-dia, mesmo em longas distâncias.
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