SUV — Peugeot e-2008 [Auto+ / João Brigato]

Demorou, mas finalmente a segunda geração do Peugeot 2008 está no Brasil. Mas não exatamente do totalmente jeito que muita gente queria. Para esse primeiro momento, somente o Peugeot e-2008 será vendido. Totalmente elétrico, ele conviverá com o modelo antigo por algum tempo.

Em diversas situações isso já ocorreu, mas o modelo antigo era rebaixado em preço e ressignificado a apenas uma versão de entrada. Só que, dessa vez, o novo modelo que veio em variante única e bem mais caro que o antigo. Isso de dá ao fato de que o novo Peugeot 2008 por enquanto vem elétrico.

Espírito de hatch

Tal qual o e-208, o Peugeot e-2008 vem equipado com motor totalmente elétrico de 136 cv e 26,5 kgfm de torque. São números que não o tornam um carro elétrico do tipo estúpido como os Volvo C40 e XC40, mas sim um modelo no começo da zona da diversão.

Ele é suficientemente forte e rápido como a maioria dos SUVs turbinados de sua categoria. Só que a instantaneidade do torque elétrico faz ele parecer mais rápido do que de fato é. Basta pisar forte no acelerador, que o Peugeot e-2008 dispara com a maior facilidade.

Oficialmente a marca declara 0 a 100 km/h em 9,9 segundos, o que parece justo para o carro. Em silêncio, parece até que chega à essa velocidade mais rápido. A autonomia oficial é de 345 km, algo que não pode ser testado na prática durante os testes na pista.

Acerto Peugeot

Mas se na parte de aceleração ele não fica muito longe do 2008 THP a combustão, o que torna o e-2008 tão melhor que seu irmão? Bom, basicamente tudo que tem relação direta com a dirigibilidade. A plataforma CMP é muito bem acertada e permite fazer carros divertidos como ele.

Curvas são o território preferido do Peugeot e-2008, que traz uma vivacidade surpreendente para um SUV. Ele mal canta pneu em viradas mais fortes e tem comportamento muito semelhante ao hatch 208, nem parecendo ter a altura extra que tem.

Combinando com essa aura, a direção do Peugeot é uma das melhores do mercado. Primeiro por conta do volante pequeno que ajuda na sensação de esportividade, segundo por ser direta e no peso certo, pendendo para ser um pouco mais durinha como um Volkswagen.

Falta dirigir o Peugeot e-2008 para ver como a suspensão de comporta na cidade, mas na pista ficou nítido que ela é mais durinha para privilegiar uma tocada mais animada. Novamente a marca do leão mostra que, dentre as marcas da Stellantis, é a que preza por diversão ao volante.

Andar da Jeep

Por falar em Stellantis, dentro do grupo, o posicionamento da Peugeot é o mesmo da Jeep: acima das generalistas como Fiat e Citroën, mas abaixo das premium como Alfa Romeo, DS e Maserati. Com isso, a posição exige acabamento de melhor qualidade, algo que ele entrega.

Superfícies macias por todo painel e parte das portas mostram o cuidado da marca com os detalhes, assim como a qualidade acima da média do couro do volante e dos bancos. Painel de instrumentos 3D é um charme à parte.

Só que a central multimídia ainda não é a nova usada no 208 nacional, sendo um pouco mais lenta e confusa de mexer do que o ideal. Além disso, tal qual o hatch feito na Argentina, o espaço traseiro é apertado – o que piora com os bancos dianteiros corpulentos e com costas em plástico (ótimos para bater o joelho e reclamar de dor).

É um contraste com o porta-malas de 434 litros e que conta com divisória de cargas. Chama atenção a grossura do carpete usado pela Peugeot no piso e laterais do porta-malas, assim como a presença de um puxador de metal na divisória de cargas. Tem marca premium que não usa isso no espaço de malas.

Veredicto

A Stellantis o posicionou bem no mercado por R$ 259.990, mas criou um problema para si. O novo Peugeot e-2008 é melhor, mais bonito e mais avançado que o modelo a combustão, que tornou questão de urgência a troca de geração do SUV.

O elétrico, no fim, serve como uma grande provocação do que podemos ter no futuro ou do que deveríamos ter. Se a primeira geração do 2008 já parecia defasada frente ao 208, apresentar o novo modelo elétrico só piorou a sua situação. Especialmente por ser um carro tão bem acertado e cheio de predicados quanto esse elétrico é.