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Junto ao Volkswagen Nivus e à Fiat Strada, o Peugeot 208 foi um dos lançamentos mais comentados e aguardados de 2020. Ele chegou fazendo barulho com novas tecnologias, visual arrebatador, mas decepcionando pelo preço alto e pela ausência de motores modernos.
Para desmistificar e conhecer à fundo esse hatch compacto, passamos um mês com a versão Active Pack de R$ 87.090 a convite da Peugeot. Com mais de mil quilômetros rodados e muitas aventuras, será que vale à pena comprar a versão intermediária do 208? E mais ainda: ele tem o que precisa para levantar a marca no Brasil?
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Impressão equivocada
No mercado nacional existem diversos carros que só são entendidos pelo consumidor quando ele o experimenta e vence o preconceito inicial. É assim com o VW up! TSI, julgado por seu tamanho diminuto, mas que se mostra surpreendentemente divertido de dirigir e melhor do que aparenta.
E com o Peugeot 208 é exatamente a mesma coisa. Muitos o julgam pelo motor 1.6 quatro cilindros aspirado de 118 cv e 15,2 kgfm de torque, enquanto os rivais já usam propulsores modernos 1.0 três cilindros com mais de 120 cv e torque acima dos 20 kgfm.
Tudo bem que essa má fama foi causada pela própria Peugeot há alguns anos por conta do 207 que apresentava diversos problemas mecânicos e tinha péssimo valor de revenda até dentro das próprias concessionárias da marca.
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Competência
Tirado esse elefante da sala, hora de falar do porquê o 208 é só compreendido quando sentido ao vivo. O motor é suficiente para ele. Nada que vai te fazer grudar no banco ou sorrir ao acelerar mais forte assustando um carro de maior porte. Não, ele não fará isso.
Nos acostumamos aos motores turbo que sobram potência e torque. Anos atrás ninguém diria que um carro 1.6, como ele é, seria manco. E de fato o 208 não é. Anda ok para o que se propõe, tem bom consumo de combustível (chegou a 19,2 km/l na estrada com gasolina andando sempre no limite).
Por falar na transmissão automática de seis marchas, ela é uma das melhores dentro da categoria hoje. Tem suavidade elogiável nas trocas e reduções, além disso, entende bem os momentos de fazer as trocas. Não segura marcha atoa e nem faz reduções desnecessárias.
Poder de sedução
O que se destaca bastante no Peugeot 208 é sua dirigibilidade afiada. O que, infelizmente, deixa claro que se trata de muito carro para pouco motor. A plataforma modular CMP é ultramoderna (tanto que será usada por todos os Fiat, Peugeot, Citroën, Opel e até alguns Jeep agora na Stellantis), rígida e bem acertada.
Na hora das curvas, o 208 contorna com compostura e estabilidade. Os controles eletrônicos deixam o motorista brincar um pouco antes de atuarem. Isso revela um certo comportamento apimentado do Peugeot e um claro potencial para uma versão esportiva. Só merecia pneus um pouco melhores.
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A estrela: o i-Cockpit
Boa parte desse dinamismo se deve muito ao conceito i-Cockpit da Peugeot. Todo o interior é voltado para o motorista, com volante baixo, pequeno e bem esportivo combinado ao painel de instrumentos visto por cima dele. Que aqui na versão Active Pack é bem pobrinho e não é digital, mas falaremos dele mais tarde.
É um tipo de posição de dirigir completamente diferente de qualquer outro carro e típica Peugeot. Não funciona para todos, infelizmente, mas a grande quantidade de ajustes de volante e bancos permite chegar a uma posição de condução que parece vestir o motorista. É mais baixa que a média, o que torna ainda mais interessante.
Abrindo mão
Mas é aí que as concessões feitas na versão Active Pack para custar mais barato que a Griffe e que a Allure começam a aparecer. O volante não tem couro, o que deixa a experiência um pouco mais pobre. Não é um revestimento ruim como do Chevrolet Tracker, mas é nítido que falta um charme.
Já o painel de instrumentos tem grafismos simples, apesar de fáceis de ler, além de conta-giros que corre ao contrário (outro típico Peugeot). O computador de bordo tem poucas funções e uma irritante mania de zerar todos os marcadores sempre que você tenta resetar apenas um parâmetro. Saber o consumo em um trecho específico sem zerar o hodômetro parcial é impossível nessa versão – algo que não acontece no Griffe.
Para isso ser possível, é preciso acessar um dos submenus da central multimídia e ir atrás do computador de bordo secundário. Lá ele traz duas funções de marcação de quilometragem e consumo de combustível. Mas é preciso sair de qualquer outra função da central para acessá-lo.
Outra concessão está no painel que, apesar de manter a faixa que imita fibra de carbono, não tem revestimento macio. Os bancos também são mais simples, com tecido de qualidade, mas de visual pouco inspirado. Ao menos as abas laterais são altas e o conforto elogiável. Mesmo em viagens longas, o 208 não cansa.
Vale destacar a central multimídia com tela boa, menus fáceis de usar e presença de Android Auto e Apple CarPlay. O ar-condicionado fica conjugado a ela, mas conta com um menu de acesso rápido que torna a experiência menos sofrível do que de outros carros com o mesmo recurso.

Costume de 206
Até hoje todos os modelos da família 200 vendidos no Brasil (de 205 às duas gerações do 208) sempre foram referência de falta de espaço interno. Para quem senta na frente, o 208 é bem servido, mesmo que do lado do passageiro o assoalho seja estranhamente recuado na parte inclinada.
Mas quem viaja atrás precisa lutar com ombros dos outros passageiros e para não apertar as pernas no banco dianteiro. O espaço é bem compacto, ficando bem aquém de rivais como Polo, Onix e Sandero. Mas não muito longe do Hyundai HB20, que é menor que o Peugeot. O teto panorâmico alivia essa sensação de aperto e deixa o interior arejado. Aliás, é o único da categoria com isso.
Essencialmente presente
A versão Active Pack do Peugeot 208 traz o que é essencial e um pouco a mais que as variantes de entrada para tentar justificar os R$ 87.090. De série conta com ar-condicionado digital de uma zona, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque, teto solar panorâmico, rodas de liga-leve de 15 polegadas e teto solar.
Veredicto
Não há como negar que o Peugeot 208 deveria ter sido o grande ponto de virada da marca no Brasil (ainda que dê tempo disso acontecer). Ele é um carro com construção refinada, excelente dirigibilidade, além de parecer (e ser) mais refinado que os rivais.
Quanto à versão Active Pack, ela é a que traz o que se faz mais necessário no 208 com adição de alguns charmes como o teto panorâmico e os LEDs diurnos. Para quem não tem cacife para chegar no Allure de R$ 91.990, estará bem servido. Mas saiba que boa parte do charme que faz o novo Peugeot 208 se destacar, só está no degrau de cima.
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