Desde que a RAM começou a vender a 1500 no Brasil, o público nacional clama por uma versão diesel. O mesmo aconteceu quando a Ford passou a (finalmente) oferecer a F-150 em nosso mercado. Mas o que há em comum entre todas essas caminhonetes? Motor V8 a gasolina, recurso que a Chevrolet Silverado também usará quando vier para cá.
Por mais que o público brasileiro exija que as caminhonetes médias tenham motor diesel, as grandes não conseguem atender a esse preceito brasileiro por conta da legislação. A regra nacional exige que um veículo só é permitido a ter motor diesel quando é um SUV com tração 4×4 com reduzida ou uma picape com mais de 1.000 kg de capacidade de carga na caçamba.
Hábito americano
Nos EUA, a capacidade de carga na caçamba é algo que eles pouco ligam. Tanto que a Jeep Gladiator, que é uma caminhonete média tem menos capacidade de carga que uma Fiat Strada. A RAM Classic, que é uma grande, também carrega menos tralha que a Strada. A grande questão, para os americanos, é capacidade de reboque. Quanto mais peso as caminhonetes puderem rebocar, melhor. Ao contrário de nós que gostamos de enfiar tralhas na caçamba.
E para ter tamanha capacidade, somente as versões Heavy Duty dessas caminhonetes: RAM 2500 e 3500, Ford F-250 em diante e Chevrolet Silverado HD. Mas há uma pequena exceção, e vem justamente da GM. A Silverado possui uma versão bem específica que tem capacidade de carga que permite ela ser vendida com motor diesel.
Trata-se das variantes com caçamba regular e cabine dupla. O conceito de cabine dupla nos EUA varia um pouco, pois ela é, na realidade, uma cabine estendida com portas traseiras bem pequenas. A ideia que temos de cabine dupla aqui no Brasil é conhecida como Crew Cab. Todas as RAM (Classic, 1500, 2500 e 3500) vendidas aqui são Crew Cab.
Nessa versão com interior um pouco mais apertado, a Chevrolet Silverado tem capacidade de carga de 1.036 kg, ou seja, um pouco acima do que é o mínimo necessário para poder ter motor diesel no Brasil. A Crew Cab na mesma configuração só leva 802 kg. Então temos a solução de todos os problemas? Só trazer a Chevrolet Silverado com cabine mais curtinha?
Solução conturbada
Então…ai vem a situação complicada. Hoje o mercado de caminhonetes grandes está bastante associado ao segmento de luxo. É preciso que elas venham lotadas de itens de série, couro para tudo quanto é lado e sistemas de segurança para justificar seus preços sempre acima de R$ 400 mil.
Dentro da gama de versões da Chevrolet Silverado, somente as versões de entrada possuem a configuração de cabine dupla. Essa configuração é encontrada na basicona Work Truck que tem até banco de vinil, na Custom, na LT e não vai além da versão RST. A Silverado RST ficaria devendo muito às caminhonetes médias de topo, apesar de levemente sofisticada.
Pode ser uma solução para o mercado brasileiro e um importante diferencial da Chevrolet Silverado frente a todas as outras caminhonetes grandes que serão vendidas por aqui. O único sacrifício que ela terá de fazer será no espaço interno, tendo uma cabine bem menor que a das rivais se quiser ter motor diesel.
A morte do diesel
Além da Chevrolet ser a única das fabricantes de caminhonetes a oferecer um modelo grande com motor diesel e mais de 1.000 kg de capacidade, ela é a única com motor diesel lá fora. A RAM já anunciou que a linha 2023 da 1500 não teria mais esse tipo de motor, enquanto a Ford já o abandonou tem um certo tempo na F-150.
Nos EUA, Toyota e Nissan também contam com caminhonetes grandes: especificamente Tundra e Titan. A Toyota Tundra não tem motor diesel, mas conta com uma versão híbrida que poderia facilmente ser vendida no Brasil com um enorme diferencial de mercado. Já a Nissan Titan não tem motor diesel e está marcada para morrer em breve.
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