
Depois dos sedãs médios, os SUVs compactos foram os modelos que definitivamente desistiram de ter versões com câmbio manual. Cada vez mais raros, os SUVs manuais apenas Nissan Kicks, Renault Duster e Fiat Pulse como possibilidades. Mas será que está na hora de desistir do pedal da embreagem nessa categoria?
Colocando o Nissan Kicks Sense manual para a prova, ficou evidente um aspecto: custo-benefício e diversão ao volante podem andar juntos. Isso, é claro, se estiver capaz de abrir mão de algumas regalias. Ainda que, por R$ 103.190, o Kicks seja o SUV manual mais caro do Brasil.
Versão de entrada?
Ainda que o Kicks Sense não seja o modelo mais barato da gama, pois há uma versão PCD, ele é o modelo de entrada para o público comum. E não pense, porém, que isso faz dele um carro pouco equipado. A lista de itens de série é extensa e traz luz diurna de LED, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, além de ar-condicionado analógico.
É um pacote bem generoso tal qual o Versa Sense manual, porém com a vantagem de oferecer central multimídia e auxílios para manobra de ré, que o sedã não traz. O modelo três volumes, no entanto, tem chave presencial que o Kicks só oferece em versões mais caras. Por R$ 111.290, o Sense CVT tem a mais só roda de liga-leve, câmbio automático e piloto automático.
![Nissan Kicks Sense Manual [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2021/11/Nissan-Kicks-Sense-Manual-20_edited-750x450.jpg)
Atrativos cortados
Se na lista de equipamentos o Nissan Kicks Sense não parece basicão, no visual da cabine ele começa a entregar um pouco dos pontos. O acabamento segue ok, com destaque para o ótimo tecido dos bancos e das portas. Isso sem contar o evidente conforto dos assentos, que, mesmo sem a tecnologia Zero Gravity, ainda são melhores que a média da categoria.
Contudo, sem os acabamentos em preto brilhante ou a tela melhor da versão Exclusive, o Kicks Sense entrega a simplicidade interna. A faixa central do painel é em plástico texturizado preto, mas bem que merecia um tecido por ali. A aparência é boa, mas a qualidade fica aquém do esperado.
Em espaço interno, o Kicks segue como um dos melhores da categoria. A cabine é bem aproveitada, com área suficiente para quem se senta atrás, especialmente para cabeça e ombros. Na família Nissan, só o Versa é capaz de competir em espaço com o SUV compacto. Já o porta-malas de 432 litros é ótimo, mas tem acabamento simplório.
Melhor e pior
Como grande atrativo do Nissan Kicks Sense, o câmbio manual completa o conjunto de maneira exemplar. Mas ao mesmo tempo é o que o SUV teria de melhorar em mais evidência. O câmbio tem engates curtos, precisos e aveludados. Uma das melhores transmissões manuais oferecidas a modelos com zero pretensões esportivas.
Ajuda nessa experiência o fato de que a manopla tem um aspecto bonito, com plástico brilhante na parte do visor das marchas, contemplado por uma borda cromada. O tamanho da manopla é bom, sem ser excessivamente longo como no Versa. Embreagem de curso longo é precisa e tem peso perfeito para uma tocada mais animada e para não cansar no trânsito.
A 100 km/h o Kicks grita a 3.000 rpm. Na estrada, faz com que o consumo fique ruim e o barulho do motor comece a incomodar internamente. Ele clama por uma sexta marcha a todo tempo. Ou pelo menos relação alongada para aproveitar bem o torque em baixa que o motor 1.6 oferece.
![[Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2021/11/Nissan-Kicks-Sense-Manual-8_edited-750x450.jpg)
Leveza sem turbo
Uma das grandes críticas dos pilotos de teclado é o fato de que o Nissan Kicks não tem motor turbo. Ele é servido por um 1.6 quatro cilindros aspirado de 114 cv e 15,5 kgfm de torque. Não parece muito, mas é suficiente para ele. Considere ainda o fato de que ele pesa só 1.104 kg, ou seja, o peso de um hatch compacto, que entenderá a dinâmica do SUV.
O Kicks não nega fogo, sendo ágil nas saídas de sinal a ponto de continuar cantando pneu até em segunda marcha. Ele é suficientemente forte para não passar vergonha carregado e acelerar no mesmo ritmo dos SUVs rivais com motor 1.0 turbo. Apesar de ter torque em baixa, ele acorda mesmo acima dos 3.500 giros (o pico de torque é a 4.000 rpm).
O baixo peso do Kicks também tem um benefício na dinâmica. Ele tem direção elétrica com peso bem calibrado, o que permite uma condução mais atrevida nas curvas. Quase como um hatch compacto, ele consegue contornar bem as curvas sem ser desengonçado como muitos SUVs compactos da categoria. Ainda assim, um pouco abaixo de VW Nivus e Fiat Pulse.
Veredicto
Pagar mais de R$ 100 mil em um carro de entrada manual e com calotas pode parecer uma grande heresia. Mas o Nissan Kicks Sense é uma compra racional sim. É o mais divertido de dirigir da família por conta do câmbio. Além disso, tem boa lista de itens de série que não o farão sentir falta de nada.
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