Motor turbo é mandatório? Embora a grande maioria dos carros atualmente empregue o turbocompressor para melhorar o consumo, o desempenho e a emissão de poluentes, ainda existem algumas opções à venda em nosso mercado que seguem a escola clássica dos motores naturalmente aspirados.
O Nissan Kicks não entrou na era dos motores turbinados, tampouco da injeção direta, e preserva a conhecida mecânica de quatro cilindros 1.6 naturalmente aspirada (nomenclatura HR16DE), compartilhada com o sedã Versa, em conjunto com a caixa continuamente variável (CVT), o que garante um desempenho condizente à proposta deste SUV compacto.
Embora não seja um canhão de acelerar, o peso de 1.136 kg faz o Nissan Kicks brilhar, principalmente na cidade. Ele possibilita andar, em grande parte do tempo, com o giro em torno de 1.500/2.000 rpm, com o câmbio CVT contribuindo para uma condução linear. Antigamente, havia a opção de câmbio manual de seis marchas, mas foi descontinuada na linha 2023.
Essa suavidade na entrega dos 113 cv e 15,3 kgfm, quando abastecido com etanol, também possibilita médias de consumo, segundo o programa de etiquetagem veicular do Inmetro, de 7,8 km/l (cidade) e 9,5 km/l (estrada) com etanol, e de 11,4 km/l e 13,8 km/l, respectivamente, com gasolina.
Na cidade vai bem. E na estrada?
Se o Nissan Kicks agrada na cidade, o comportamento na estrada muda um pouco de figura. Afinal, ele é um SUV que, dependendo da situação, exige negociação nas ultrapassagens e pede um fôlego a mais nas subidas mais íngremes ou serras.
Assim como no sedã Versa, ao pressionar o pedal do acelerador para realizar uma ultrapassagem, por exemplo, o giro sobe, mas os 113 cv são entregues a 5.600 rpm, o que indica uma certa asma em relação aos 185 cv e 27,5 kgfm do Jeep Renegade, por exemplo. Contudo, se o seu uso é majoritariamente na cidade, pode ir sem medo no SUV da Nissan.
Isso será corrigido na nova geração do Nissan Kicks, que chega a partir de fevereiro do próximo ano, conforme nossa apuração, sendo equipado com o propulsor 1.0 turboflex de cerca de 118 cv e mais de 20 kgfm.
Bom de chão!
A dinâmica do SUV da Nissan continua um capítulo à parte pelo ajuste das suspensões. O conjunto adota arquitetura McPherson no eixo dianteiro e eixo de torção atrás, com uma calibração voltada ao conforto. Ele filtra e absorve muito bem as irregularidades do nosso asfalto, além de garantir uma baixa rolagem de carroceria ao atacar as curvas mais fechadas.
As suspensões trabalham de forma eficiente e esse conforto de rodagem é complementado pelos pneus de medidas 205 com perfil 55, o que ajuda no trabalho das suspensões na absorção de impactos. No entanto, dependendo da condição do asfalto, é possível ouvir o trabalho do conjunto. Nada que desabone o projeto!
Quem também atua de forma eficiente são os freios a discos ventilados à frente e tambores atrás. Muitos podem reclamar por não serem discos nas quatro rodas, mas os números de desempenho entregues pelo Nissan Kicks são perfeitamente adequados à proposta.
Já a direção assistida eletricamente tem o peso correto. Não é leve demais nem pesada além da conta, seja em baixa ou alta velocidade. Apesar das qualidades ao volante, quem quiser uma pitada extra de esportividade, sinto informar que não há trocas sequenciais.
Interior e porta-malas
O Nissan Kicks foi lançado em nosso mercado durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, e, em 2020, estreou uma segunda geração. Feito sobre a plataforma Nissan V, ele mede 4,31 m de comprimento, 1,76 m de largura, 1,59 m de altura e 2,61 m de entre-eixos. Um tamanho que o coloca pari passu aos concorrentes Jeep Renegade, Volkswagen T-Cross e Peugeot 2008, que recentemente estrearam novidades visuais e/ou novas versões.
Uma das grandes qualidades do SUV da Nissan em relação aos rivais está no tamanho do porta-malas, com capacidade volumétrica de 432 litros, superior aos 320 litros do Renegade, 394 do T-Cross e 374 do Peugeot 2008. Ainda falando de porta-malas, o compartimento do Kicks é mais espaçoso também diante dos 415 litros do Volkswagen Nivus e dos 422 do novo Hyundai Creta.
Ou seja, embora com alguns anos de estrada, a atual geração do Kicks mantém o porta-malas como um ponto alto. Da mesma forma, os bancos com tecnologia Zero Gravity, desenvolvida pela NASA, continuam a ser um destaque à parte. Aliás, com um design que permite encarar longos trajetos sem desconforto, e as boas abas laterais do encosto ajudam a segurar o corpo nas curvas contornadas mais rapidamente.
A ergonomia ainda é evidenciada pelos comandos bem posicionados à mão e a coluna de direção ajustável tanto em altura quanto em profundidade. Os acabamentos empregam plásticos em sua totalidade; no entanto, eles são de boa qualidade e mostram texturas, bem como uma boa montagem.
Espaço e itens de série
As laterais das portas traseiras são basicamente de plástico, embora exibam uma ilha revestida em couro sintético – mesmo material empregado no revestimento dos bancos e na porção central do painel, que ainda exibem costuras aparentes em cinza. Há Isofix para a fixação de bancos infantis, e a inclinação do encosto traseiro contribui no conforto de quem viaja na segunda fileira de bancos.
Aliás, quem viaja atrás dispõe de espaço para as pernas, graças ao entre-eixos de 2,61 m (maior em relação ao do Jeep Renegade, com 2,57 m). Não há saídas de ar dedicadas, mas há uma tomada USB-A para carregar gadgets.
De série, o Nissan Kicks Advance Pack Plus oferece chave presencial, controlador de velocidade, vidros elétricos com função “um toque”, coluna de direção ajustável em altura e profundidade, quadro de instrumentos com tela de sete polegadas e multimídia de oito polegadas com Apple CarPlay e Android Auto.
A segurança é garantida pelos seis airbags (frontais, laterais e de cortina), assistente de partida em rampas, controles eletrônicos de tração e estabilidade e monitoramento da pressão dos pneus, para citar.
Os assistentes à condução ficam reservados para a configuração Exclusive Pack de iniciais R$ 155.990, com os alertas de colisão frontal com assistente de frenagem, de mudanças de faixa, de tráfego cruzado traseiro, câmeras de 360º, monitoramento de pontos cegos, faróis com ajuste de altura e intensidade, além do sistema de áudio assinado pela Bose com oito alto-falantes, incluindo dois falantes posicionados no encosto de cabeça do motorista.
Os preços do Nissan Kicks iniciam em R$ 115.890 e, ao todo, sete versões estão disponíveis, todas com a transmissão CVT. A versão Advance com Pack Plus sai por R$ 141.690, posicionada acima da Advance (R$ 139.490) e Sense CVT (R$ 120.890), mas abaixo das versões topo de linha Exclusive (R$ 153.990) e Exclusive Pack Tech (R$ 155.990).
Veredicto
O Nissan Kicks continua sendo um SUV agradável ao volante, embora (ainda) não tenha entrado na era dos motores turbinados. Isso será corrigido na próxima geração, que estreará no próximo ano. Mesmo assim, ele continua oferecendo uma condução de acordo com a proposta, bem como uma dirigibilidade linear.
Um dos pontos positivos, além do visual que se mantém atual apesar dos anos de estrada, é o porta-malas de 432 litros (bancos na posição normal) e a cabine bem construída com plásticos de qualidade e texturizados. Para quem faz uso majoritariamente na cidade, o Nissan Kicks continua sendo uma excelente escolha.
O que você acha do Nissan Kicks? Compraria esse SUV? Caso seja proprietário ou ex-dono, compartilhe sua experiência nos comentários!