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Despedidas não são fáceis e cá estou eu em meu último ano, já sabendo o que me aguarda. É que minha mãe Mercedes-Benz anunciou que a nova geração de toda família Classe C terá somente motores quatro cilindros. E eu, C 63 AMG S com meu V8 biturbo serei o último desse legado. E essa é minha carta de despedida.
(Avaliamos o Mercedes-Benz C 63 AMG S, versão topo de linha do sedã mais vendido da marca alemã. Custando R$ 733.900, ele é o mais caro da família Classe C com carroceria sedã e será substituído em breve por um modelo com motor quatro cilindros híbrido. E é justamente ele que conta sua história).
Deixo um legado
Desde pequeno, minhas versões AMG sempre tiveram motor V8. Era um jeito que eu fazia para chamar mais atenção nas ruas que meu rival BMW M3. Hoje eu entrego 510 cv e 71,4 kgfm de torque na versão S, a mais forte de todas. E dizem até que eu sou um pouco bruto.
Só não me responsabilizo pelos desatentos que vão colar nos bancos com a força da arrancada. Além disso, até eu me surpreendo com a facilidade com que ganho velocidade. Uma retomada rápida e já estou cutucando os 170 km/h, tudo isso me mantendo estável e seguro.
Para deixar as coisas mais interessantes, todo Mercedes-Benz C 63 AMG S como eu tem sistema de escape ativo. É assim: se você apertar um botão no meu volante ou no console central, o sistema fica menos restritivo e mais barulho sai lá de trás. Se estiver em Sport+ então, nas reduções de marcha, é capaz de escutar uns estouros enquanto todo mundo dentro da cabine abre o maior sorrisão.
Eu sei que meus rivais não usam mais motores V8 faz tempo e isso me faz diferente de todos eles. Ou melhor, fazia né. É um ronco mais encorpado, alto e que não pede licença para rugir nas ruas e dentro da minha cabine.
Os brutos também amam
Boa parte desse meu jeitinho bruto é culpa da transmissão automatizada de dupla embreagem AMG Speedshift. As trocas de primeira, segunda e terceira marcha são sempre cheias de trancos. Mesmo quando estou andando mais tranquilo, o que incomoda bastante em trânsito pesado. É que na hora de acelerar forte, isso deixa tudo mais divertido.
Como sou um esportivo de verdade, tive de fazer uns pequenos sacrifícios de conforto em nome da boa performance. A minha suspensão é bem dura, daquelas que são capazes de acabar com uma obturação ao passar por um buraco. Mas isso se você estiver no modo Sport+ de suspensão. Então tenha sempre o número de um dentista e de um massagista em seu celular.
Controle de diversão
Mas se tem uma coisa que eu tenho em comum com aqueles muscle-cars V8 norte-americanos é a traseira feliz. Por ser um carro de tração traseira, toda minha força vai lá para as rodas de trás, então basta abusar mais um pouco que eu deslizo na maior alegria.
O volante é meio pesado, admito, mas isso ajuda na hora de conduzir em velocidades mais altas. Só que ele também é bem rápido na atuação, por isso eu digo que sou bom de curvas. Só não abusa do acelerador porque já sabe né? A traseira vai querer dançar um pouco.
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Toques a mais
Bom, mas como eu sou um Mercedes de mais de R$ 700 mil, preciso de alguns atrativos a mais além de velocidade e ronco bonito. Comparado com meus irmãos Classe C produzidos no Brasil, eu C 63 AMG S tenho acabamento um pouco mais sofisticado. Meu painel e portas têm costuras no material macio, que meus irmãos não têm.
A fibra de carbono no console central adiciona um toque de esportividade junto do volante com base reta e Alcântara nas laterais. Ali, um botão redondo seleciona o modo de condução e outro à esquerda pode ser configurado para diversos sistemas eletrônicos diferentes.
O visual é bem verticalizado e algumas tendências de design ali já estão envelhecidas. Mas o maior problema é minha central multimídia. Tem ótimo sistema, menus claros e ótima definição. Mas não é sensível ao toque, o que atrapalha muito no Android Auto e no Apple CarPlay. Para usar, tem que apelar para um rotor no console.
Tento compensar essa falha com um painel de instrumentos digital totalmente configurável e com diversos elementos diferentes. Até dá para personalizar os visores. Tenho também iluminação ambiente com milhares de cores configuráveis. Vai dizer que isso não é chique até para um C 63 AMG S?
Agora, se você não curte muito a sinfonia do meu motor V8 (o que duvido muito), tenho um sistema de som premium com qualidade exemplar, ótimos graves e diversas caixas de som. O teto panorâmico duplo é outra cortesia do meu lado Mercedes-Benz.
Com amor, Mercedes-Benz C 63 AMG S.
Veredicto
Carros como o Mercedes-Benz C 63 AMG S serão cada vez mais raros no mundo e celebrar um esportivo de verdade como ele é uma experiência única. Brutal, exagerado, barulhento e duro, ele é a síntese de um carro pensado para a diversão ao volante e capaz de arrancar sorrisos até a 60 km/h.
O preço assusta, o comportamento arisco da traseira mostra que ele não é para pilotos amadores e a idade do conjunto já pesa e muito. Mas é um carro com inegável personalidade e alma, além de extremamente prazeroso ao volante; Passar horas pilotando esse AMG é fácil e gratificante. Resta saber se a Mercedes-Benz conseguirá repetir a dose com um modelo quatro cilindros híbrido.
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