Quando se trata de off-road pesado, dois carros são os preferidos dos trilheiros há séculos: Jeep Wrangler e Land Rover Defender. O icônico Lada Niva também entra nessa lista, assim como o recém ressuscitado Ford Bronco – mas ambos não estão no Brasil. Por isso, o embate aqui no Auto+ será com os dois parrudos SUVs clássicos que aqui estão presentes.
Os convocados foram as versões mais equipadas e preparadas dos dois SUVs. O Defender chega por R$ 567.950 na topo de linha HSE. Já o Wrangler se apresenta na parruda variante Rubicon por R$ 453.977. O modelo fotografado, no entanto, era um Sahara gentilmente cedido pelo leitor Inácio Júnior para as fotos. Mas será que a diferença de mais de R$ 100 mil para o Land Rover se justifica no final das contas?
Questão de capacidade
Um dos grandes pontos nos quais muitos puristas vão criticar o Land Rover Defender novo é o fato de que agora ele é construído em um monobloco. Isso é diferente do Wrangler que ainda usa chassi sob carroceria. Na teoria, isso permitiria ao Jeep melhor capacidade off-road, mas os dois modelos andam juntos e com a mesma desenvoltura.
Na trilha, tudo que o Wrangler fazia, o Defender conseguia copiar com maestria sem a menor dificuldade. Há ainda a facilidade de que o Land Rover faz todo gerenciamento de tração e de terreno por meio da eletrônica, sem a necessidade de intervenção do motorista. Já o Jeep é cheio de alavancas e botões para serem acionados na hora correta.
No âmbito mais extremo, o Wrangler Rubicon conta com barra estabilizadora dianteira que pode ser desconectada a fim de melhorar a flexibilidade do eixo. Ou seja, ele vai passar por terrenos verdadeiramente pesados, enquanto o Defender talvez nem consiga ou atravesse com muita dificuldade, apesar do auxilio eletrônico muito mais eficiente.
Contudo, o Defender tem uma vantagem para si nessa hora e justamente vem da tecnologia. Ele conta com medidor de nível da água que ele está passando diretamente na central multimídia, assim evita entrar com o carro em lagos e rios que ele não é capaz de passar. Além disso traz sistema de câmeras para todos os lados, o que é ótimo no off-road.
O parrudo inglês ainda tem presença de piloto automático adaptativo, assistente de farol alto, vetorização de torque, bancos dianteiros com ajuste elétrico com direito a aquecimento e resfriamento, freio de estacionamento elétrico, sistema de som assinado, assistente de manutenção em faixa e carregador de celular por indução.
Ambos, contudo, trazem chave presencial, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, ar-condicionado digital com multi-zonas, faróis full-LED com acendimento automático, câmera de ré, alerta de ponto cego, frenagem autônoma de emergência, monitoramento de pressão dos pneus e bancos revestidos em couro.
Roda bruto, roda liso
Se no off-road a construção do Wrangler o beneficia, no asfalto o jogo vira totalmente a favor do Defender. O Land Rover roda mais liso e de maneira mais comportada. Não há o pula-pula típico de picapes como é presente no Jeep. O Wrangler é mais abrutalhado e parece mais robusto nessa situação.
Entretanto, ele tem volante que exige correções de trajetória a todo o tempo, como um carro mais antigo – o que torna a condução mais cansativa. O Defender, por outro lado, roda liso e confortável. Tendo como grande benefício também o fato de ter suspensão a ar com altura ajustável.
Debaixo do capô a receita é a mesma: motor 2.0 quatro cilindros turbo a gasolina com 40,8 kgfm de torque. O Defender tem 300 cv e o Wrangler conta com 272 cv. Contudo, o Jeep entrega de maneira mais empolgante. Ele dá a sensação de que acelera mais, de que anda mais rápido e retoma de maneira mais viva.
Ainda que os números digam justamente o contrário, pois o Defender chega aos 100 km/h em 8,1 segundos contra 9 segundos do Jeep. Ambos trazem câmbio automático de oito marchas, mas a do Wrangler é um pouco mais ágil e esperto, enquanto a do Land Rover é mais suave nas trocas.
Em consumo, vantagem para o modelo da Jeep que fez média de 7,5 km/l durante nossos testes, enquanto o rival ficou com mais sede ao pote, fazendo 6,4 km/l de média. Já na estrada, o ruído alto do pneu do Jeep incomoda, assim como o fato de ele ser mais suscetível a ventos laterais, o que exige constantes correções do volante. Algo que não acontece com o Land Rover.
Quase faz diferença
Ainda que o Jeep Wrangler seja um carro verdadeiramente caro, ele pertence a uma marca que paira entre o universo generalista e o premium. Diferentemente do Defender que está no espectro premium dos automóveis, com irmãos que chegam a R$ 1 milhão. E é no interior que essa discrepância fica nítida.
O acabamento do Wrangler é exemplar, com materiais de qualidade e ótimos encaixes. Mas o Defender vai além com mais superfícies macias e couro até no miolo do volante. O Land tem console central com uma geladeira, central multimídia bem maior e mais moderna, painel digital.
Além disso, a ergonomia é melhor no modelo inglês. O americano tem pedais levemente tortos e caixa de roda invadindo muito a cabine. Além disso, as portas tem pouco suporte para o braço. Outra vantagem do Defender é o fato de que ele tem sete lugares, algo indisponível no Jeep. Ainda que os lugares extras sejam bastante apertados.
Por outro lado, somente o Wrangler pode ter seu teto completamente removido, algo também facilmente feito com as portas e com o para-brisa. O Defender, por outro lado, tem um prático teto solar panorâmico que se abre bem menos do que deveria. O porta-malas carrega 498 litros no Jeep contra 464 litros no Land Rover na configuração cinco lugares.
Veredicto
Exatos R$ 113.973 separam Jeep Wrangler do Land Rover Defender. É preço suficiente para levar um Renegade para casa, mas não para ter um Land Rover ou até um Jaguar na garagem. A escolha por um modelo ou pelo outro vai da pura questão de bolso e preferência pelo estilo de cada um eles.
Opte pelo Defender se seu foco é no uso urbano e na estrada. Ele é um carro muito mais confortável, amigável e usável no dia-a-dia. Além de contar com mais tecnologia e espaço para duas pessoas a mais. Escolha o Wrangler se quer um carro para diversão off-road e para subir em paredes sem a menor dó. Contudo, os dois seriam ainda melhores se fossem diesel.
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