As marcas até tentam, mas não existe SUV médio que tire o Jeep Compass da liderança absoluta. E como camarão que dorme, a onde leva, a Stellantis não quer perder tempo e abrir espaço para qualquer tipo de ameaça para a concorrência. Depois de consertar o maior defeito do SUV na reestilização, agora ela dá um passo além com o Compass 4xe híbrido.
Vendido unicamente na versão topo de linha S por R$ 349.990, o Jeep Compas 4xe (se pronuncia ‘four by i’, mas todo mundo vai falar ‘quatro xis ê’, mesmo que a Stellantis insista) é a versão topo de linha do modelo no Brasil. O preço que cisca no território do Commander se dá pois ele é importado da Itália, não produzido em Goiana como o restante da linha.
Tira e põe
O grande defeito do Jeep Compass pré-reestilização era seu motor 2.0 aspirado. Ele era chocho para o SUV médio, além de ávido frequentador da bomba de combustível. Com o novo 1.3 quatro cilindros turbo, a letargia diminuiu muito, mas a sede continuou. E, carregado, o Jeep já sentia o peso e começava a sofrer mesmo com 185 cv.
Matando dois coelhos com uma cajadada, a Jeep adicionou um motor elétrico de 60 cv e 25,5 kgfm na traseira e tornou o Compass 4xe um carro mais ágil e bem mais econômico. No Brasil, ele foi homologado com consumo de 25,4 km/l na cidade 24,2 km/l na estrada – modelos híbridos tendem a ser mais gastões na estrada.
Na frente, segue o motor 1.3 T270 turbo, porém bebendo apenas gasolina. Assim, ele entrega 180 cv e 27,5 kgfm de torque. Como o motor elétrico está posicionado na traseira, o trabalho conjunto provém tração integral e 240 cv. A Jeep eliminou o eixo cardã e peças mais pesadas do sistema 4×4 tradicional com reduzida e pode usar o câmbio automático de seis marchas.
Com isso, as baterias, que adicionam 400 kg ao peso total do carro, não brigam por espaço com o sistema elétrico. O tanque de combustível foi reduzido de 60 litros para 36,5 litros. Contudo, ele é capaz de fazer 927 km com tanque e baterias cheios. Só na eletricidade são 44 km. O Compass diesel chega a 822 km na estrada e o flex não vai além de 702 km com gasolina na estrada.
Impulso elétrico
Mas o que todos esses números representam na prática? O Compass híbrido anda mais solto e leve, mesmo sendo mais pesado. As acelerações não são brutas como o esperado em um híbrido plug-in. Entretanto, o sofrimento que o motor 1.3 às vezes transparece ao lidar com um carro pesado como o Jeep é, são aliviados pela eletricidade.
Ele chega aos 100 km/h em 6,8 segundos, sendo o Compass mais rápido da história. A entrega dessa força é linear graças ao torque instantâneo do motor elétrico e ao funcionamento tão suave e regradinho do câmbio automático de seis marchas que ele vez ou outra passa a sensação de ser um CVT.
Nas curvas você tem um Compass mais assentado e dinâmico. Como o centro de gravidade desceu em virtude do peso das baterias, ele faz curvas melhor e a traseira pula menos. Suspensão segue voltada para o conforto e com exemplar absorção de imperfeições e pisos ruins. Já a direção, está um pouco mais pesada, mas ainda segue leve.
O interessante é que o Compass pode deslizar de traseira agora ao andar na terra com o motor elétrico. Ao mesmo tempo, o sistema de tração nas quatro rodas mostra força para situações mais complicadas, mesmo sendo o motor elétrico a impulsionar a traseira e o a combustão a dianteira.
Apesar de promover seu lado off-road sempre que possível, a Jeep escolheu a versão S do Compass híbrido porque sabe que ele rodará mais na cidade. Isso acarretou em pneus de asfalto e rodas grandes. Lá fora, o 4xe também é oferecido na versão off-road Trailhawk que encara trilhas moderadas.
Brasil vs. Itália
Um dos grandes pontos em que os carros brasileiros sempre saem perdendo é em acabamento. Os carros europeus em especial são um verdadeiro espanco em qualidade de construção interna frente aos brasileiros. Mas no Jeep Compass não. É louvável que a qualidade da cabine do 4xe italiano seja idêntica ao brasileiro.
Todas as peças são iguais e a qualidade de montagem não muda um pelo. Onde o Compass de Goiana tem material macio, o de Melfi também tem. Os plásticos tem qualidade de montagem boa e até o couro usado em bancos e volante é igual. Central multimídia do híbrido segue a mesma do nacional, com adicional de Alexa e recursos para o modelo híbrido.
A lista de equipamentos também é igual, mas o 4xe tem sistema de câmeras 360°, faróis com projetores e sistema de som premium como regalias a mais que o nacional. Piloto automático adaptativo, teto solar, frenagem autônoma de emergência, bancos elétricos, alerta de ponto cego e chave presencial estão entre os destaques.
Veredicto
Com a aposentadoria do Volvo XC40 híbrido, o Jeep Compass 4xe está praticamente sozinho nesse segmento. Por sorte, ele tem acabamento e tecnologias que satisfazem o público premium, mesmo que ele não seja um carro dessa categoria. O preço próximo ao do Mini Countryman híbrido não chega a ameaçar o Jeep, pois ele é consideravelmente maior.
Apesar de caro, o Compass 4xe tem conjunto mecânico competente e muito econômico. Não tem aquela performance estonteante esperada de um carro híbrido plug-in, mas traz tudo que o Jeep já tem de melhor e lapida as últimas falhas que ele possuía. Mas é seu novo irmão Commander que clama por esse conjunto híbrido. Pena que dificilmente o receberá.
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