Hyundai HB20S é mais um mini Corolla que o Yaris | Avaliação

Desde sempre, o Toyota Corolla é visto como a escolha certa no segmento de sedãs médios. Não porque ele é o melhor, mas sim por ter poucos defeitos e boas qualidades. Ele nunca é o melhor em nada, mas jamais o pior em algum quesito. E é exatamente esse papel que o Hyundai HB20S desempenha no segmento de compactos.

Pode parecer estranho dizer que um Hyundai cumpre o papel de um Toyota no segmento inferior, especialmente quando existe o Yaris Sedã. Mas calma que explico: o Toyota Yaris Sedã parece um carro 2012 e tem mais defeitos que qualidades, ao contrário do Hyundai HB20S que se destaca em alguns pontos e não tem defeitos gritantes, tal qual o Corolla.

Complexo de superioridade

Por R$ 122.190, a versão topo de linha Platinum Plus ainda tem a vantagem de não ser uma das mais caras do segmento, mesmo sendo um dos carros mais equipados da categoria. O único item mesmo que ficou faltando é o piloto automático adaptativo que o Honda City Touring tem – fora isso, o HB20S Platinum Plus é muito recheado.

Traz de série ar-condicionado digital de uma zona com três modos de atuação, carregador de celular por indução, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, seis airbags, controle de tração e estabilidade, chave presencial com partida remota, luzes diurnas de LED, farol com acendimento automático, sistema de manutenção e correção de faixa e retrovisores elétricos com rebatimento.

Há ainda alguns itens de tecnologia interessante como aviso de saída segura que emite um alerta quando um carro passa ao lado da porta que está aberta, alerta de tráfego cruzado que impede do HB20S sair de uma vaga quando um carro passa pela traseira, frenagem autônoma de emergência, alerta de ponto cego e sistema start-stop.

Tempero coreano

Quem já experimentou comida coreana sabe que eles são apreciadores de uma bela pimenta. Por isso, faz sentido que o Hyundai HB20S tenha esse temperamento mais apimentadinho em seu motor 1.0 três cilindros turbo de 120 cv e 17,5 kgfm de torque. É um motor que, quando enche, não nega força.

Mas é nítida a falta de fôlego em rotação baixa, se arrastando para sair carregado ou em subidas até que o giro suba. Depois, é só alegria. Há de culpar também o comportamento careta da transmissão automática de seis marchas. Ela às vezes pensa ser um CVT, engolindo marchas o mais cedo possível para baixar o giro do motor.

O problema é que, quando o HB20S é tocado de maneira mais forte ou está em uma retomada, basta aliviar um pouco o pedal do acelerador para que ele desesperadamente suba de marcha, acabando com todo torque e força do motor. A compensação fica no consumo de 11,4 km/l na estrada e 8,8 km/l na cidade com etanol durante nossos testes.

Corollinha

Existem dois pontos nos quais o Hyundai HB20S e o Toyota Corolla se parecem bastante: no comportamento ao volante. Ambos tendem ao conforto, mas não tem suspensão molenga feito pudim. É macia, mas sem ser boba, assim como a direção não é excessivamente leve, mas pende para esse lado.

A absorção de impactos é boa, sem as batidas secas de antigamente. Ao cair em um buraco, ele absorve a contento os impactos e com um som mais abafado. Só que em ruas com asfalto ruim, o Hyundai incomoda pelo excesso de barulho vindo da suspensão traseira, como se algo estivesse solto – algo que não acontece no hatch.

Por conta do tamanho mais comedido e da direção bem rápida, o HB20S é ágil nas manobras e na hora de pegar estradas sinuosas. Chama atenção também o bom isolamento acústico, que torna a cabine do sedã da Hyundai tão silenciosa quanto um modelo de categoria superior.

Qualidade percebida

Por falar em nível superior, a Hyundai foi muito feliz na escolha de cores para o interior. O HB20S Platinum Plus mistura couro bege nos bancos e portas com painel cinza claro com detalhes em preto. Até mesmo o volante tem couro cinza para combinar e dar um ar mais sofisticado que o hatch com seu revestimento todo em preto.

Os bancos são confortáveis, apesar de finos – estratégia que tenta salvar um pouco de espaço na traseira, que é o grande pecado do HB20S. Por ser bem menor que todos os seus concorrentes, chegando ao nível de porte do VW Voyage, o sedã da Hyundai está longe de ser referência em espaço interno. 

O porta-malas, por outro lado, leva 475 litros e tem abertura automática por aproximação da chave (algo que nenhum outro modelo tem). Mas o que o HB20S é referência é em acabamento, ao menos em sua categoria. Tudo é bem encaixado e de qualidade, especialmente o couro usado em volante e bancos.

Mas há de destacar negativamente o painel de instrumentos digital fake. Ele usa números de relógio de parede envolto a luzes em três tons  (azul, verde ou vermelho) para tentar dar um ar de painel digital de verdade. É melhor que o antigo que parecia uma cópia do Onix velho, só que ainda não é bom e nem chega perto do meio digital do Honda City.

A central multimídia, por outro lado, precisa só de algumas melhorias. É rápida e fácil de usar, mas a tela tem definição ruim e falta brilho. Mesmo no máximo, em um dia ensolarado, ela cria algumas zonas difíceis de enxergar. Sem contar que a película fosca mais atrapalha do que ajuda na hora de visualizar o Android Auto ou o Apple CarPlay.

De peixe a sereia

Um último ponto que vale destacar (e muito) no novo Hyundai HB20S é o visual. Para mim, estamos diante do sedã compacto mais bonito do Brasil. Isso porque antes ele era o mais feio com sua frente de bagre. A marca sul-coreana foi muito feliz em sua reestilização e, no sedã, corrigiu o imperdoável defeito do hatch: a seta traseira no para-choque.

A lanterna traseira conectada é elegante e ajudou a deixar a retaguarda do HB20S mais larga e sofisticada. A seta está no lugar certo, ao contrário do hatch. Além disso, a esquisita placa preta que simulava a continuidade do vidro foi abolida. Na frente, linhas retas e fortes ajudaram a deixar o sedã mais elegante e parecer mais caro.

Veredicto

Assim como o Hyundai HB20 hatch se tornou praticamente imbatível no segmento de hatches compactos, seu irmão sedã HB20S segue pela mesma tocada no de sedãs. É ótimo para dirigir, tem uma lista de itens de série generosa e o visual mais bem acertado da categoria. 

Para esse segmento, só fica devendo no espaço interno. Esse pode ser o único argumento contra ele, visto que os rivais são bem maiores e mais espaçosos. Agora, se você um dia foi dono de um Corolla e o orçamento hoje não chega lá, nem sequer cogite um Yaris Sedã. Corra para a concessionária Hyundai e leve um HB20S para casa.

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