
Quando avaliei a nova geração do Honda HR-V, inclusive com direito a um comparativo com o modelo antigo, ficou claro que o modelo havia trocado de personalidade. Deixou de ser um Honda SUV para ser um SUV da Honda. Ou seja, a alma de SUV vinha primeiro em detrimento das raízes da marca. Mas nada que um turbo e um acerto diferente não resolvessem.
Dessa vez o contato foi mais rápido e em uma paisagem mais interessante que Campinas, no interior de São Paulo, onde faço os testes todos os carros avaliados. A Honda levou um grupo de jornalistas para andar no HR-V turbo em Florianópolis para mostrar que o carro tem uma alma bem diferente de seu irmão aspirado. E de fato tem. Aliás, esse sim é o HR-V como sempre foi.
Força de um turbo
O motor 1.5 quarto cilindros está presente em todas as versões do Honda HR-V, mas com turbo somente na Advance e na Touring. Aqui são 177 cv e 24,5 kgfm de torque, enquanto sem a ajuda da turbocompressor, são 126 cv e 15,8 kgfm. A diferença ao volante é brutal, especialmente na estrada, onde o Honda aspirado sofre bastante.
Acerto de antes
Um dos pontos nos quais o HR-V involuiu em relação ao modelo anterior estava no conjunto de direção e suspensão. Nos modelos aspirados ele ficou mais mole, confortável e menos direto. Para o típico comprador de SUV, esse comportamento é positivo, mas para o antigo dono do Honda, não. Afinal, ele espera pelo tempero esportivo típico da marca.
A vantagem é que a nova geração é bem mais sólida estruturalmente, ou seja, ele ficou ainda melhor na tocada forte. Para a versão Touring mais cara, a Honda adicionou novos materiais isolantes que deram resultado nítido. Ele ficou mais silencioso e com melhor isolamento dos ruídos externos. Ainda tem alguns pontos de barulho de vento, mas nada grave.
![Honda HR-V Touring [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2022/10/Honda-HR-V-Touring-turbo-11_edited-750x450.jpg)
Peso no bolso
Se dinamicamente o Honda HR-V com motor turbo melhorou bastante em relação ao seu irmão aspirado, há o que justifique o preço R$ 30 mil mais alto? A marca japonesa tenta justificar dizendo que o modelo concorre com as versões mais baratas dos SUVs médios, mas o HR-V não tem acabamento para isso.
Ainda que seja mais sofisticado que o Volkswagen Taos, fica abaixo de um Toyota Corolla Cross e há um abismo entre ele e o Jeep Compass. Não que seja um acabamento ruim, longe disso, mas não é nem o melhor entre os SUVs compactos para poder peitar os modelos de categoria superior. Ainda por cima, piorou em relação ao modelo antigo.
No Touring de R$ 184.500, o couro é liso, levemente aveludado e com costuras bem feitas. Já no EXL de R$ 149.900, a Honda usou couro áspero de toque incômodo, além de ser arrematado com costuras grosseiras. Junte isso ao fato de que o painel, portas e bancos contam com couro bege, o aspecto interno se torna mais sofisticado.
O maior destaque, no entanto, vai para o porta-malas com abertura elétrica. O Honda HR-V Touring é o único SUV compacto de marca generalista a adotar esse sistema, presente só em modelos maiores ou de marcas premium. Mas o mais interessante é o sistema que fecha automaticamente ao se afastar da tampa traseira com a chave no bolso. Genial.
Veredicto
O Honda HR-V Touring é o SUV compacto mais caro à venda no Brasil feito por uma marca que não é do segmento de luxo. Isso é um fato inegável. A Honda tenta justificar esse preço alto com uma lista de itens de série verdadeiramente generosa e bem acima da média na categoria, mesmo considerando versões de topo.
Brigar no segmento de SUVs médios com um modelo compacto é muito perigoso, pois o brasileiro se importa demais com porte e status. Ter um carro que começa em R$ 180 mil e está em uma categoria superior, mesmo menos equipado, é muito mais negócio para muitos do que um modelo menor que, todo recheado, chega ao valor da categoria de cima.
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