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Mach-E é um Mustang com tempero diferente | Impressões

Não tem motor V8, nem tração só na traseira, além de ser um SUV e elétrico, mas o Ford Mustang Mach-E é muito divertido

Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]
Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]

Fãs e haters do Ford Mustang chegaram a um consenso recentemente e que o Mach-E parece uma heresia. Afinal, colocar o nome do muscle-car de renome em um SUV elétrico, na teoria, não faz sentido algum. Mas foi me colocar atrás do volante que todo o discurso que a Ford tentava vender fez sentido. E também o porquê dele vender tanto nos EUA.

Tudo começa pelo puro e simples número. Quer queira, quer não, o Mach-E é mais rápido, potente e tem mais força que o Mustang V8. O SUV entrega 487 cv e 86,9 kgfm de torque empurrando suas quatro rodas diretamente. Seu irmão com motor 5.0 V8 aspirado para nos 483 cv e 56,7 kgfm de torque.

Só que o que impressiona de fato é que, mesmo pesando 347 kg a mais que o Mustang, o Mach-E chega aos 100 km/h em exato 0,6 segundo antes do irmão. Um carro bem maior, mais pesado, com baterias que, sozinhas, 596 kg, consegue ser mais rápido que um cupê V8. Entenderam onde o futuro da eletricidade vai nos levar?

Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]
Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]

A Ford sabe

Só que ter um carro elétrico rápido já se tornou um local comum. A aceleração instantânea desse tipo de modelo faz com que andar rápido seja mais um padrão dos carros elétricos do que algo extraordinário. Por isso, a dinâmica em curvas é o que seria derradeiro para poder sentir se verdadeiramente o Mach-E merecia o título de Mustang.

Meu teste com o modelo foi relativamente breve, tendo como palco a pista de testes da Ford em Tatuí, interior de São Paulo. Por lá, foi possível sentir a dinâmica do modelo nas curvas da chamada “pista de baixa”, que simula uma estrada sinuosa. Com o modo Untamed (nome chique que deram para o Sport), ele ganha personalidade. 

Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]
Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]

Nesse momento, o SUV elétrico manda mais força para a traseira e deixa os controles de tração e estabilidade mais permissivos. Como resultado, o Mach-E faz curvas muito grudado no chão. Só que, ao acelerar forte, a traseira dá uma escapada controlada de maneira muito divertida. Deixa o carro mais solto e pronto para uma dose de abusos.

É interessante que a Ford adicionou um ronco simulado para o motor elétrico que tem lembranças do borbulhar do V8, mas que ainda tem jeito de elétrico. Esse barulho ajuda a dar sensação de esportividade e também de velocidade. Muita gente é contra, mas, sinceramente, vejo como um tempero a mais que deixa tudo divertido.

Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]
Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]

Firmeza de esportivo

Por ser um SUV, o Mach-E inclina nas curvas e é nitidamente sentido o deslocamento de massa nesses momentos. É a gravidade, não dá para vencê-la. Mas, para diminuir esse efeito, o Ford tem suspensão durinha e firme, deixando o lado esportivo bem nítido. Falta um teste nas ruas para saber se sofrerá com os buracos que temos no Brasil.

A direção vai nessa mesma linha, tendo assistência elétrica bem rápida e firme, combinando com sua proposta mais esportiva. Não dá para negar que o modelo tem uma pegada diferente de outros tantos SUVs elétricos, que são apenas rápidos, mas nada ligados à esportividade na hora da condução fora das linhas retas.

Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]
Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]

Vale lembrar que a Ford divulga autonomia do Mach-E em 379 km no ciclo INMETRO ou 541 km no ciclo WLTP. Na prática, é um carro para rodar 400 km com tranquilidade. Ele também traz itens como frenagem autônoma de emergência, piloto automático adaptativo com função stop and go, manutenção em faixa, entre outros.

Cara de Mustang, interior inferior

Se visualmente a semelhança entre o Ford Mustang Mach-E e o Mustang de verdade são nítidas, por dentro não é bem assim. O modelo, que tenta competir com elétricos da Audi, Mercedes-Benz, BMW e Volvo, deixa a desejar em acabamento. O painel traz plástico duro e uma faixa de tecido igualmente dura. Nas portas, revestimento macio na parte superior e suede.

Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]
Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]

É um acabamento bem feito e bem montado, mas sem as texturas e o refinamento que se espera de um carro de R$ 486 mil. O que se destaca, no entanto, são suas telas. O SUV elétrico tem uma larga tela de alta definição como painel de instrumentos, possibilitando que você enxergue tudo mesmo com sol forte.

Já a central multimídia vertical é fácil de usar, intuitiva e com menus bem claros. Há Android Auto e Apple CarPlay sem fio, além de um espaço dedicado especificamente para os comandos do ar-condicionado – o que facilita a vida. Além disso, um rotor bem no meio da tela cumpre a função de controlar o volume do rádio ou potência do ventilador do ar-condicionado.

Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]
Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]

Espaço interno é bom, especialmente na traseira – ou seja, esse é um Mustang que pode levar mais do que duas pessoas. Destaque ainda para a presença de um enorme teto solar panorâmico. Ele não abre e também não tem cortina, mas traz tratamento térmico e anti raios UV para garantir mais conforto aos que sentam atrás.

Veredicto

Bonito, bom de andar e com alma de Mustang, o Ford Mustang Mach-E tem um diferencial importante no mercado hoje: na faixa de preço que se insere, é o único SUV elétrico esportivo de fato. Seus rivais diretos são rápidos apenas, não tendo credenciais esportivas para chegar ao nível dele. Só tirar seu preconceito com Ford e com o fato de ser um Mustang elétrico que está tudo bem.

Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]
Ford Mustang Mach-E [Auto+ / João Brigato]

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