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Ford Maverick só falha onde a culpa não é dela | Avaliação 

Apesar de seguir a mesma ideia da Fiat Toro, Ford Maverick tem outra pegada e proposta, mas falha em pontos pequenos

Ford Maverick Lariat FX4 [Auto+ / João Brigato]
Ford Maverick Lariat FX4 [Auto+ / João Brigato]

Irmãos sempre que fazem algo errado, tendem a culpar um ao outro para se safar das consequências. Políticos também fazem isso. Mas no mundo dos carros, a culpa pelos problemas é quase sempre do próprio carro ou do seu projeto. Mas no caso da Ford Maverick não. Então, Maverick pode apontar o dedo para a Ford e dizer: “é tudo culpa dela”.

Explico: as poucas falhas que a Maverick tem no Brasil se devem à estratégia adotada pela Ford para ela. Corre nos bastidores que a martelada final feita pela matriz não estava totalmente de acordo com o que a divisão brasileira planejava. Por R$ 235.190, já fica claro que parte de um dos dos problemas é o preço.

Parte porque a Maverick tem menos equipamentos do que deveria. Assistentes de condução como piloto automático adaptativo, alerta de ponto cego e assistente de manutenção em faixa, que estão no Bronco Sport, ficam ausentes na Maverick. Mas é imperdoável que uma caminhonete tão cara quanto ela não venha com sensor de ré. Teto solar também seria mais do que bem-vindo.

Ford Maverick Lariat FX4 [Auto+ / João Brigato]
Ford Maverick Lariat FX4 [Auto+ / João Brigato]
O tal “pacote Brasil” como as marcas adoram chamar os itens de série escolhidos para os modelos vendidos aqui, ainda assim, é recheado. Tem seis airbags, ar-condicionado digital de duas zonas, chave presencial, banco do motorista com regulagem elétrica, carregador de celular por indução, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, além de frenagem autônoma de emergência.Como a Ford poderia resolver o problema de preços e equipamentos ao mesmo tempo? Ter melhor equipado a Lariat FX4, mesmo cobrando a mais. Ao mesmo tempo, trazer a versão XLT intermediária com um pacote mais enxuto. Sem tração 4×4 ainda, poderia ter preço na casa dos R$ 200 mil. Mas há espaço para baixar mais, mas deixo isso para os próximos parágrafos.
Ford Maverick Lariat FX4 [Auto+ / João Brigato]
Ford Maverick Lariat FX4 [Auto+ / João Brigato]

Força Bronca

Com mesma plataforma do Bronco Sport e conjunto mecânico igual, apesar de uma forcinha extra, a Maverick lembra bastante o SUV médio na rodagem. E isso é ótimo, visto que o Bronco é um produto de uma linha mais premium da Ford.

São 253 cv e 38,7 kgfm de torque providos por um 2.0 quatro cilindros turbo a gasolina. Diesel? Nem pensar. A caminhonete foi pensada pra os EUA e por lá o diesel é raridade. Ao contrário do Brasil que tem Fiat Toro com preços próximos só com motor a diesel e todas as picapes médias avessas a gasolina e/ou etanol.

Ford Maverick Lariat FX4 [Auto+ / João Brigato]
Ford Maverick Lariat FX4 [Auto+ / João Brigato]
A potência generosa e o torque alto fazem com que a Maverick tenha disposição de Focus ST. As acelerações são fortes, com os 100 km/h atingidos em 7,2 segundos. Ela acelera bem e com disposição de versão esportiva de hatch médio. Prova de que tem bem mais força que um Golf GTI. Só que surpreendentemente, ela não é tão gastona. Mérito do ótimo gerenciamento do câmbio automático de oito marchas. Durante os testes, ela marcou 10,1 km/l de média entre cidade e estrada (65% do trajeto em rodovias). Oficialmente são 8,8 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada.
Ford Maverick Lariat FX4 [Auto+ / João Brigato]
Ford Maverick Lariat FX4 [Auto+ / João Brigato]
O câmbio trabalha em supreendentemente suavidade. Tamanha que parece até um CVT em algumas horas. As marchas são engolidas rapidamente e tem relação bem próxima para aproveitar ao máximo o torque em baixa do 2.0 turbo. Na estrada, giro baixo e silêncio a bordo chamam atenção.

Espírito de Fiesta

Enquanto o Bronco é nitidamente um carro pensado pela Ford para tentar peitar o mercado premium, a Maverick é o grande carro de volume da marca nos EUA. É o Ford Ka deles. E deveria parecer mais barata em alguns aspectos, mas não.

 [Auto+ / João Brigato]
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O silêncio de rodagem do surpreendente. Ótimo isolamento acústico faz par com a suspensão silenciosa e de atuação bem acolchoada. É uma suspensão dura, típico de Ford europeu, devolvendo bastante feedback do asfalto e fazendo a Maverick pular quase tanto quanto uma picape média e bem mais que a Fiat Toro. Te passa a sensação de caminhonete, mesmo que menor.Contudo, essa firmeza a mais combinada com o volante direto e rápido faz da Maverick uma adepta de curvas. Com espírito de Fiesta e auxiliada pela tração integral, a caminhonete intermediária agarra no asfalto como um ovo gruda em uma panela sem óleo. A traseira até tenta rabear um pouco, mas logo os controles entram em ação para salvar o dia. Nada bruto, porém.
 [Auto+ / João Brigato]
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Caixas e quadrados

O mais legal da Ford Maverick é, sem dúvida, seu interior. A marca do oval azul investiu tempo e criatividade dos designers ali. A picape tem plásticos de qualidade boa e nada de material macio ao toque. Condizente com um modelo com caçamba.

O uso de elementos em marrom contrastando com plástico cinza e azul deixou o ambiente elegante. Destaque para os parafusos aparentes na maçaneta e painel que dão um ar mais robusto. O puxador da porta cortado parece estranho a primeira vista, mas é prático de usar.

 [Auto+ / João Brigato]
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Ela é cortada para que uma garrafa d’água caiba perfeitamente dentro do espaço da porta. Há ainda um compartimento secreto atrás do espaço para garrafas. Outro alçapão abaixo do banco traseiro também serve para esconder coisas tal qual as duas gavetas na caçamba.O espaço é bom na dianteira e na traseira. Mas a sensação de amplitude é elevada por conta dos pilares retos e janelas grandes. O interior é arejado e se não bastasse, a janela traseira que dá acesso a caçamba pode ser aberta ao apertar de um botão.

Veredicto

A Ford Maverick é indiscutivelmente um ótimo produto. Gostosa de dirigir, é surpreendentemente econômica, tem visual cativante, interior criativo e porte perfeito para a cidade. Mas as três falhas que ela possui são culpas únicas e exclusivas da estratégia da Ford.

Deveria ter alguns itens básicos para a faixa de preço que se insere. Urge a necessidade de uma versão mais barata como uma XLT 4×2. E se a marca quer mudar mesmo o mercado, deveria trazer a versão híbrida, mesmo que custasse exatamente os R$ 235.190 que a Lariat FX4 2.0 turbo.

Ford Maverick Lariat FX4
Ford Maverick Lariat FX4 [Auto+ / João Brigato]
A grande sacada é que a Maverick híbrida lá fora custa menos que a 2.0 turbo e pagaria menos imposto no Brasil. Teria até chance de ficar abaixo dos R$ 200 mil e balançar compradores da Toro. Mas a Ford EUA está mais preocupada em abastecer o mercado local. Uma pena, porque a Maverick tinha tudo pra vender muito no Brasil, só precisava deixar a divisão local cuidar melhor do seu próprio negócio.

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