A primeira vez que o mundo automotivo teve contato com o Ford Ka foi em 1994 durante o Salão do Automóvel de Genebra. Por lá, ele já demonstrava ser um compacto com linhas ovais e que quando lançado atrairia a atenção do público. Dito e feito. O hatch compacto viveu muito no mercado brasileiro, mas saiu de linha no auge do sucesso. Aperte os cintos e boa leitura.
O conceito mostrado pela Ford em 1994 na Suíça já era batizado pelo pequeno e simples nome. Ka significa alma ou espírito de um ser humano no idioma egípcio. Seu projeto começou a ser desenvolvido no começo dos anos 1990 e ele vinha para tentar tirar a paz do Renault Twingo, Peugeot 106 e outros concorrentes.
Quem cuidou do seu desenho que era bem chamativo para a época foi o designer Claude Lobo. Aliás, ele desenhou também o projeto do primeiro Focus. Em setembro de 1996 e durante o Salão do Automóvel de Paris, o compacto oval chegou com força e atraiu mais olhares. Debaixo do capô, ele vinha com o motor 1.3 Endura-E de oito válvulas. Ele rendia 61 cv e 10,6 kgfm de torque e tinha um câmbio manual de 5 marchas. Baseado no Fiesta, o Ka tinha baixo consumo de combustível, peso bem dividido entre os eixos, suspensão com acertos corretos como seus destaques.
Balançou o Brasil em 1997
Pouco mais de 6 meses após sua apresentação na Europa, o Ka já chegava ao Brasil. Em março de 1997, o modelo apareceu por aqui e logo recebeu o apelido de baratinha. Mudanças na lista de equipamentos, na suspensão do modelo brasileiro que era 2,5 cm maior e pneus de perfil mais alto eram as diferenças entre os modelos. Com o objetivo de incomodar os Volkswagen Gol, Fiat Uno, Chevrolet Corsa e mais concorrentes, o Ka daqui ganhou o motor 1.0 da família Endura-E.
Esse propulsor era um projeto mais simples do que o 1.3 do modelo europeu. Ele rendia 53 cv e 7,8 kgfm de torque. Baixo consumo de combustível, injeção eletrônica multiponto e manutenção simples eram seus predicados. Vale ressaltar que o motor 1.3 equipou a versão mais cara. Opção de vir equipado com airbag e conter de fábrica o sistema que corta a alimentação de combustível após um acidente eram suas armas para atrair clientes para um simples carro de entrada.
Na linha 2000, o Ka recebeu o famoso motor da família Zetec-Rocam. Mais evoluído do que o Endura-E, este novo propulsor chegou primeiramente com a motorização 1.0 de oito válvulas, com cabeçote feito de alumínio e comando roletado para o acionamento de válvulas. Tudo isso fazia com que o motor tivesse melhor rendimento. Ele rendia 65 cv e 8,9 kgfm de torque e veio com um câmbio manual de 5 marchas da linha IB5-Getrag, com novo escalonamento para aproveitar mais seu motor.
Em 2001, o destaque foi a chegada da versão XR. Querido por fãs de velocidade e esportividade, esse Ka chegou com o propulsor 1.6 Zetec-Rocam. 95 cv, 14,2 kgfm de torque, visual diferenciado com aerofólio, saias laterais, rodas de liga leve aro 14 eram seus chamarizes. O Ka XR tinha velocidade máxima de 186 km/h e fazia a aceleração de 0 a 100 km/h em menos de 11 segundos. Em 2002, a linha ganhou uma reestilização e a traseira mudou bastante, com nova tampa do porta-malas, novas lanternas, novo para-choque e novo espaço para a placa.
Segunda geração trouxe novidades
A segunda geração apresentada como linha 2009 trouxe tudo diferente. Mais 22 cm no comprimento, porta-malas de 263 litros, espaço para 5 pessoas, visual diferente, motores 1.0 e 1.6 flex eram seus destaques. A linha seguiu até 2012, quando recebeu a reestilização e seguiu o desenho Kinetic. O Ka 2013 tinha novos para-choques, nova grade, faróis com máscara negra e interior renovado. Nessa época surgiu o Ka Sport. Com motor 1.6 de oito válvulas de 110 cv e 15,8 kgfm de torque, visual exclusivo, rodas e lanternas escurecidas eram seus atributos.
Sucesso e morte precoce
Por fim, em 2014 foi apresentada a terceira e última geração vendida no Brasil do Ford Ka. Maior que todas as gerações anteriores, esta foi a primeira vez que o Ka ganhou sua versão sedã e chegou aos brasileiros com quatro portas. Rival do Hyundai HB20, Fiat Argo, Volkswagen Gol, Chevrolet Onix e outros carros, a terceira geração do Ka tinha motor 1.0 de três cilindros mais potente do mercado, com 85 cv e 10,7 kgfm de torque. Para as versões mais caras, havia o propulsor 1.5 Sigma de 110 cv. Ele só vinha com câmbio manual de 5 marchas e vendeu diversas unidades.
A reestilização de 2018 como linha 2019 trouxe grandes novidades. Novo visual na carroceria, adoção do motor 1.5 Dragon tricilíndrico de 136 cv, câmbio automático de 6 marchas, mais airbags e central multimídia SYNC 2.5 eram seus atributos. Vendeu muito, até que em janeiro de 2021, no auge do sucesso, a Ford deixou de fabricar no Brasil sua linha de carros e assim o Ka se despediu do país tropical. Na época, a montadora afirmou que focaria em carros mais caros. Desse modo, teria mais lucro e por isso hoje só vende modelos importados e com preços mais elevados.
Você tem alguma história com o Ford Ka? Já andou em um modelo desse? Conte nos comentários
>>Há 40 anos, Fiat Uno chegava ao Brasil para se tornar imortal
>>Chevrolet Corsa: um jovem com 30 anos de bagagem
>>Ford GT90: o esportivo nunca fabricado e que inspirou o Ka