O mundo dos carros pode mudar da noite para o dia. Prova disso é que, se não fosse pela intervenção da Fiat, teríamos um Dodge March. Ou talvez um Chrysler Tiggo 5X. Isso porque o então grupo Chrysler, antes de se tornar FCA e ainda mais longe de ser Stellantis, havia assinado uma seríssima parceria com a Nissan, depois de desistir de se juntar à Chery.
As aventuras de uma falida
Em abril de 2008, o grupo Chrysler anunciou à imprensa uma parceria criada entre os norte-americanos e a Nissan. A japonesa, que na época já pertencia à Renault, mas não formava a Aliança tão forte quanto hoje, buscava um parceiro para se solidificar nos EUA. Como a Chrysler também precisava de ajuda, foi juntar a fome com a vontade de comer.
O primeiro resultado dessa parceria foi o bizarro Dodge Trazo C, apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo em 2008. O modelo nada mais era que um Nissan Tiida Sedan (vendido como Versa nos EUA) com logotipo diferente. Ele indicava parte da parceria entre as marcas. Mas a amizade entre as duas montadoras ia além.
Dodge japonês
Segundo reportagem da Motor Trend na época, um comunicado oficial da Nissan e da Chrysler dizia que “a Nissan vai fabricar um novo carro compacto eficiente baseado em um conceito único da Chrysler. Esse segmento será novo para a Chrysler e será vendido nos EUA, Europa e em outros mercados globais a partir de 2010, sendo feito pela Nissan no Japão”.
A fábrica escolhida foi a de Oppama, que fazia modelos como Cube, March, Tiida, Tiida Sedan, Note e Bluebird Sylphy. A ideia era usar a plataforma do March de quarta geração, que estava em desenvolvimento e que foi vendido no Brasil – lembrando que ele foi lançado globalmente em 2010 e no Brasil em 2012.
Esse modelo seria destinado à Dodge, visto que a marca era a de entrada do grupo que, na época, tinha Chrysler, Jeep, Dodge (que ainda não tinha separado a Ram como marca). Como a Dodge era focada em modelos de entrada e uma marca de baixo custo, não de muscle-cars como é hoje, o Nissan March americano faria sentido sobre sua custódia.
O acordo entre Chrysler e Nissan também provia o desenvolvimento conjunto da terceira geração da Ram / Dodge Dakota, que nunca foi lançada, junto de uma variante Nissan, que seria vendida como Frontier. Havia também a intenção de transformar a Ram 1500 em Nissan Titan. Só que a chegada da Fiat colocou todos os planos por água abaixo.
Chery Chrysler
Só que antes mesmo do acordo com a Nissan, o grupo Chrysler havia assinado com a chinesa Chery um acordo para produzir carros compactos. O acordo previa cooperação entre Chrysler, Dodge e Jeep no desenvolvimento de um modelo compacto junto à Chery. Vale lembrar que, em 2009, os carros eram terríveis, tendo QQ, Face, Cielo e o primeiro Tiggo.
O acordo não especificava que tipo de carroceria seria produzida, tendo maior chance de ser um SUV compacto baseado no Tiggo de primeira geração ou um hatch compacto usando o Cielo ou o Celer como base. O novo modelo seria vendido exclusivamente na China, podendo usar o logotipo da Dodge ou da Chrysler.
Mesmo com a parceria com a Nissan assinada, a Chrysler dizia que o acordo estava mantido com a Chery. Contudo, os planos de lançá-lo em 2010 seriam postergados por conta de problemas de má qualidade dos carros da marca chinesa – algo bem evidente para os modelos dessa época.
Se não fosse a Fiat…
No final das contas, a Chrysler foi comprada pela Fiat em 2009, criando assim o grupo FCA. Todos os acordos feitos com marcas rivais, como Nissan, Chery e até alguns resquícios da Diamond Star, antiga parceria com a Mitsubishi, foram desfeitos. Os compactos feitos com a Nissan e Chery nunca viram a luz do dia, muito menos as picapes Nissan de origem Dodge.
Você acha que as parcerias do grupo Chrysler com Chery e Nissan teriam dado certo se a Fiat não tivesse interferido? Conte nos comentários
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