Já faz um certo tempo que as montadoras no Brasil defendem a eletrificação parcial do país baseado no uso do etanol. A Volkswagen já é uma das que aposta nisso e agora a Stellantis com Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM reforça esse time. O grupo anunciou que terá carros híbridos movidos a etanol no nosso país em breve.
Em um estudo revelado pela própria Stellantis, houve uma simulação de um teste de 240,49 km com quatro carros em situações diferentes. Um abastecido com gasolina, outro com etanol e dois elétricos, sendo um deles carregado com energia obtida no Brasil e outro na Europa.
A diferença na captação de energia se deu por conta da contagem de emissão de CO² feito pelas matrizes energéticas de região. Como o Brasil baseia boa parte de sua captação energética de fontes renováveis, enquanto a Europa usa fontes poluidoras, o resultado saiu de maneira bem divergente.
No trajeto percorrido, um carro a gasolina emitiu 60,64 kg CO²eq, enquanto um movido a etanol marcou 25,79 kg CO²eq. Ele é menos poluidor, até mesmo, que um elétrico com fonte de abastecimento europeia, o qual emitiu 30,41 kg CO²eq contra 21,45 kg CO²eq de um elétrico que roda no Brasil.
Ou seja, na prática, um carro movido a etanol quase tão limpo quanto um 100% elétrico abastecido por fontes renováveis. Na comparação, foram utilizadas metodologia que consideram não apenas a emissão de CO² associada à propulsão, mas as emissões correspondentes a todo o ciclo de geração e consumo da energia utilizada.
“Os resultados comprovam as vantagens comparativas da matriz energética brasileira, principalmente a importância dos biocombustíveis para uma mobilidade mais sustentável”, analisou Antonio Filosa, presidente da Stellantis América do Sul. E é por isso que o grupo decidiu investir em híbridos a etanol por aqui, não somente elétricos.
Híbridos brasileiros
Com isso, em seu comunicado oficial, a Stellantis revelou que “trabalha a opção estratégica de desenvolver no Brasil soluções, tecnologias e componentes para veículos híbridos que combinem etanol e eletrificação”. Ou seja, Fiat, Peugeot, Citroën, Jeep e RAM poderão ter acesso a essa tecnologia futuramente em seus carros.
Hoje o motor 1.3 GSE quatro cilindros turbo já é usado para a versão híbrida do Compass, a 4xe. Esse motor é produzido no Brasil e, em seu desenvolvimento, teve uma versão que bebia apenas etanol e prometia consumo próximo a de motores a gasolina. É bastante provável que os carros híbridos brasileiros da Stellantis usem esse motor como base.
O sistema pode ser o próprio 4xe do Compass ou um híbrido mais simples com motor elétrico na dianteira (para o plug-in), híbrido tradicional (que se carrega sozinho como os Toyota Corolla e Corolla Cross ou GWM Haval H6 HEV) ou até um híbrido-leve que usa um motor elétrico no lugar do alternador (modelos Hybrid da CAOA Chery).
Vão desistir dos elétricos?
Ainda não ficou claro quais carros ou marcas terão os motores híbridos a etanol da Stellantis no Brasil ou se todas as marcas do grupo que atuam oficialmente hoje no Brasil com produção nacional (Fiat, Peugeot, Citroën, Jeep e RAM) terão modelos eletrificados dessa maneira.
O grupo, contudo, reforça que seguirá investindo em elétricos, mas que o foco é nos híbridos. “Os elétricos, embora sejam eficientes no processo de descarbonização, têm um custo muito elevado, que impede sua aquisição por amplas faixas de consumidores”, afirma a marca em seu release.
“A solução 100% elétrica ainda não tem a escala necessária e precisa ser desenvolvida e aprimorada, para que possa entrar como alternativa de massa em uma estratégia efetiva de descarbonização em um país em desenvolvimento com características de renda como as do Brasil”, completa.
No Brasil, a Stellantis já diversos carros elétricos como Fiat 500e, Peugeot e-208 Peugeot e-2008, além dos furgões Citroën Ë-Jumpy, o Peugeot e-Expert e o Fiat e-Scudo. O grupo ainda inclui o Jeep Compass 4xe na conta por ser o único híbrido plug-in de toda a Stellantis à venda no Brasil.
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