Se a ideia da RAM vender Strada, Toro e até Fiorino parece algo completamente fora de contexto quando pensada na realidade além Brasil, prepare-se para descobrir a verdadeira bagunça que é a Dodge do México. Além dos tradicionais muscle-cars, a marca vendeu por lá carros da Hyundai e hoje conta com portfólio que mistura modelos da Mitsubishi e da Fiat.
Em uma mesma concessionária da Dodge do México você pode encontrar o jurássico Journey estacionado ao lado de um Fiat Tipo ou de um Mitsubishi Attrage. Mas até pouco tempo atrás, o showroom também era habitado pelo Fiat Grand Siena com câmbio Dualogic estacionado ao lado de um Challenger Hellcat com motor V8 de 717 cv.
Hyundai Dodge
Antes mesmo da Fiat entrar na jogada e espalhar sua linha de compactos entre as marcas do grupo Chrysler, a Dodge mexicana se aliou à Hyundai para vender modelos de pequeno porte por lá. O acordo começou em 2006 com o lançamento do Attitude, que nada mais era do que um Hyundai Accent de terceira geração com outro nome.
A ideia da Dodge era entrar no segmento de modelos compactos, enquanto a Hyundai poderia vender seus carros no México sem a necessidade de uma operação local. A parceria foi evoluindo e a Dodge chegou a vender também o subcompacto Atos no México como se fosse um legítimo produto da marca norte-americana.
Mas chegou um momento em que a Dodge simplesmente ficou com preguiça de trocar os logotipos da Hyundai pelo seu e vendia o Attitude (Accent) de segunda geração, o Atos e a van comercial H100 com os emblemas da marca sul-coreana. Até mesmo os nomes mudavam e passavam a ser algo como Hyundai Attitude by Dodge.
Em 2013, quando a Dodge já fazia parte do grupo FCA, a parceria foi desfeita. A Hyundai queria atuar sozinha no mercado mexicano, que tinha se provado promissor dada as vendas altas que os modelos by Dodge tinham no mercado. Houve um pequeno hiato entre o fim dos modelos Dodge Hyundai para a comercialização independente.
Fiat e Mitsubishi entram na jogada
Em 2015, sem modelos compactos para chamar de seus, a Dodge resolveu apelar e buscou duas parceiras diferentes. Do Brasil, recrutou o Fiat Grand Siena, enquanto da Tailândia convocou o Mitsubishi Attrage para substituir o antigo Hyundai Accent.
A parceria com a Fiat fazia sentido, afinal a Dodge faz parte do grupo FCA. Mas até hoje poucos entendem o motivo pelo qual a Mitsubishi entrou nesse rolo todo. O sedã Attrage, derivado do Mirage, sempre foi altamente criticado no mercado norte-americano por ser um produto barato e pouco convidativo.
Mesmo assim a Dodge o lançou como terceira geração do Attitude. A diferença para os modelos da Hyundai, dessa vez, foi a grade frontal. A Dodge modificou o desenho da peça para que se encaixasse na identidade visual da marca. Não há logotipos da Mitsubishi no modelo, ao contrário do que acontecia com o Attitude da Hyundai.
Em contrapartida, é oferecido até hoje no México com preços partindo de 196.900 pesos (R$ 51.861). Ele usa motor 1.2 três cilindros aspirado com 76 cv e 10,2 kgfm de torque atrelado à transmissão manual de cinco marchas ou CVT. Com 4,25 m de comprimento, ele é um sedã subcompacto apenas 9 cm mais longo que um Chevrolet Onix hatch.
Me empresta o seu Siena?
Além dele, a Dodge contou com o Vision entre 2015 e 2018. O modelo nada mais era que o nosso velho Grand Siena importado do Brasil na versão topo de linha Essence com motor 1.6 E.torQ de 115 cv e o criticado câmbio Dualogic. Ele trazia todos os logotipos Fiat trocados por Dodge e mais nenhuma alteração.
Por fim, o último Dodge que não é um Dodge de verdade chegou em 2016 importado da Turquia. Considerado como a terceira geração do Dodge Neon, esse Fiat Tipo Sedan rebatizado nada tem a ver com simpático sedã médio de faróis arredondados que foi vendido no final dos anos 1990.
Lá no México ele é vendido na versão de entrada SE equipada com o velho motor 1.4 Fire que hoje sobrevive apenas na Strada e no Fiorino. Por fim, as versões Sport e GT usam o já descontinuado 1.6 E.torQ de 110 cv. Com porte de Toyota Corolla, o Dodge Neon custa entre 257.400 pesos (R$ 67.695) e 343.900 pesos (R$ 90.445).
>>Fiat Mobi 2021 ganha toques de SUV e fica mais caro que o Kwid
>>Com mais versões, Fiat Grand Siena 2021 é o sedã mais barato do Brasil
>>RAM 700 produzida no Brasil começa a ser vendia no exterior