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Citroën C3 Feel 1.6 é a melhor e a pior versão do hatch | Avaliação

A força que falta ao modelo 1.0, mas sem o refinamento que a faixa de preço exige faz a versão Feel 1.6 do Citroën C3 pender para dois lados

Citroën C3 Feel 1.6 manual [Auto+ / João Brigato]
Citroën C3 Feel 1.6 manual [Auto+ / João Brigato]

Enquanto na geração anterior, o Citroën C3 se apresentava como uma alternativa ao Peugeot 208 sem muito argumento de compra para além disso, a nova geração mudou de rumos. Trocou de categoria, vestiu o estilo de SUV e se tornou um projeto de baixo custo para países emergentes que precisam de um carro barato e robusto.

A realidade é que o Citroën C3 se tornou o sucessor do Fiat Uno dentro da Stellantis, uma missão que os Fiat Mobi e Argo até tentam desempenhar, mas não conseguem. O foco do C3 é custo-benefício forte, por isso as versões 1.0 aspiradas são as de melhor pedida. Mas e o Feel 1.6 manual? Ao mesmo tempo é a melhor e a pior versão do Citroën C3.

Fiat ou Citroën

A única versão do Citroën C3 que é vendida com duas opções de motorização é a Feel. Com motor 1.0 da Fiat, sai por R$ 82.490, enquanto com o 1.6 de origem Peugeot Citroën, chega a R$ 90.490. Uma diferença de R$ 8 mil só por conta do motor mais potente, mas bem menos moderno que o Firefly. 

Citroën C3 Feel 1.6 manual [Auto+ / João Brigato]
Citroën C3 Feel 1.6 manual [Auto+ / João Brigato]
Com o 1.6, o Citroën C3 tem 120 cv e 15,7 kgfm de torque, mas que parecem menos do que antes. Esse motor recentemente foi atualizado por conta das leis de emissões de poluentes necessárias pelo Proconve L7. Antes da mudança, era um motor com performance suficiente no Peugeot 208, mas no C3 fica um pouco abaixo disso.

Ele demora 10 segundos para chegar aos 100 km/h e não acelera com tanto ímpeto quanto esperado por um motor 1.6 aspirado. Não chega a ser um carro manco ou lento, mas já está um pouco abaixo da linha do suficiente, mostrando a idade desse propulsor que remonta aos tempos do Peugeot 206.

Citroën C3 Feel 1.6 manual [Auto+ / João Brigato]
Citroën C3 Feel 1.6 manual [Auto+ / João Brigato]
A vantagem frente ao 1.0 é que a Citroën usou a sua transmissão, ao invés da Fiat. Ou seja, engates bem mais precisos, menos borrachudos, mas ainda assim longos. Além disso, a relação de marcha foi esticada, deixando a quinta só para a estrada. Como resultado, o consumo é relativamente bom.

Durante nossos testes, ele marcou 10,3 km/l de média entre estrada e cidade (50% cada trajeto) na gasolina. Oficialmente são 10,9 km/l na cidade e 12,8 km/l na estrada com gasolina, enquanto no etanol ele marca 7,8 km/l e 9 km/l, respectivamente. 

Citroën C3 Feel 1.6 manual [Auto+ / João Brigato]
Citroën C3 Feel 1.6 manual [Auto+ / João Brigato]

Maestria

Um dos pontos no qual a Citroën sempre foi referência (e segue sendo) é o conforto de suspensão. Junte isso à espuma macia dos bancos e terá no C3 o hatch compacto mais confortável do mercado. A absorção de impacto é excelente, revelando uma robustez temperada pela expertise da Fiat, mas com o toque de conforto extra da Citroën.

Em ruas esburacadas, o C3 vai tranquilo e mal se faz sentir, assim como no momento em que cai em uma cratera típica do asfalto brasileiro. Nas curvas, por ser um carro tão alto quanto um SUV, ele costuma adernar e jogar um pouco, mas nada diferente de um modelo aventureiro. É o tipo de detalhe que pouca gente vai notar.

Citroën C3 Feel 1.6 manual [Auto+ / João Brigato]
Citroën C3 Feel 1.6 manual [Auto+ / João Brigato]
Na mesma tocada da suspensão, temos uma direção bem leve e rápida. Não chega à leveza exagerada dos Fiat quando são manobrados, além de ganhar peso na estrada suficiente para dar segurança. O volante pequeno ajuda a dar a sensação de ser um carro mais ágil, além de facilitar as manobras. 

Igualdade de direitos

Os R$ 9 mil que separam as versões Feel do Citroën C3 trazem, além do motor mais potente…nada. A lista de itens de série é idêntica e é constituída de ar-condicionado analógico, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, vidros elétricos nas quatro portas, banco com ajuste de altura e luz diurna de LED. 

Citroën C3 Feel 1.6 manual [Auto+ / João Brigato]
Citroën C3 Feel 1.6 manual [Auto+ / João Brigato]
Há ainda direção elétrica com ajuste de altura, assistente de partida em rampa, controle de tração e estabilidade, airbags duplos, rodas de liga-leve de 15 polegadas, retrovisores elétricos e monitoramento de pressão dos pneus. Sensor de ré é um opcional que deveria ser item de série nessa faixa dos R$ 90 mil.

[Auto+ / João Brigato]
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Mas essa não foi a única economia da Citroën no C3. Mesmo o 1.6 segue com o terrível painel de instrumentos digital minúsculo que mais parece o computador de bordo do Peugeot 208. Não tem conta-giros, algo necessário em carros com câmbio manual, mas que parece ter virado uma (péssima) tendência.

É um contraste forte com a central multimídia, que tem tela excelente, bem posicionada, com tamanho adequado e é fácil de mexer. Ela conta com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, que é facilmente conectado e não apresenta delay. As últimas atualizações permitiram a central não travar mais como antes, virando referência na categoria.

Há de destacar ainda o posicionamento ruim do comando dos vidros traseiros, que ficam no centro do console. Um contraste com a grande quantidade de porta-objetos presentes no interior do C3. Mesmo garrafas grandes cabem nas portas e no porta-copos dianteiro, que ainda é acompanhado de dois nichos para dividir objetos.

[Auto+ / João Brigato]
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Os plásticos internos são simples, mas nada que faça ele passar vergonha. É superior ao Mobi e ao Kwid, além de ter mais qualidade que o Polo, mas não chega no nível de Argo e 208. Considerando a faixa de preço do C3 e seu posicionamento de baixo custo, o acabamento está mais do que a contento.

Pequeno notável

Uma das grandes vantagem do Citroën C3 em ter altura de SUV é o espaço interno. Ele é um carro com comprimento menor que o do Peugeot 208, com o qual compartilha plataforma. São 3,98 m de comprimento, 1,73 m de largura, 1,58 m de altura e entre-eixos de 2,54 m. Ou seja, 7 cm mais curto que o Peugeot, mas entre-eixos 1 maior, 13 cm a mais na altura e mesma largura.

O truque para ter mais espaço interno foi a Citroën ter jogado os bancos para cima. O passageiro dianteiro senta exageradamente alto, enquanto o motorista se salva com o ajuste de altura, que tem boa amplitude. Atrás, o banco é elevado, o que faz com que as pernas fiquem mais retas como em uma cadeira.

Com isso, um passageiro de 1,87 m, como eu, pode sentar atrás de um motorista da mesma altura. A cabeça fica no limite para raspar no teto, mas o joelho não pega no banco. É uma tarefa impossível no Peugeot 208 com sua posição de dirigir mais deitada e espaço traseiro extremamente acanhado. Porta-malas leva ótimos 315 litros.

[Auto+ / João Brigato]
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Veredicto

Vale à pena pagar R$ 8 mil a mais só pelo motor 1.6 no Citroën C3 Feel? Sendo curto e simples: não. A performance não é estrondosamente melhor que o 1.0, além de não ter sequer um equipamento a mais. Anda melhor e tem um câmbio de mais qualidade que o que usa conjunto Fiat, mas a conta não fecha.

Ao chegar na faixa dos R$ 90 mil, o Citroën C3 precisaria entregar mais itens de série, acabamento não tão simples, um motor turbo e a transmissão manual deixa de fazer tanto sentido aqui. É fato que o compacto compensa nas versões 1.0, mas se cogita subir para o 1.6 ou precisa do automático, leve o Peugeot 208 ou o recém lançado Fiat Argo CVT.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

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