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A moda hoje é SUV, o novo Citroën C3 parece um. O preço de tudo está cada vez mais alto, mas o Citroën é um dos carros mais baratos do Brasil. Ninguém mais quer câmbio manual, o hatch tem transmissão automática. E ainda tem a cereja do bolo: visual diferentão e teto com pintura bicolor. Será que estamos diante de uma revolução?
A Stellantis demorou mais do que deveria para lançar a nova geração do Citroën C3. Mas essa demora tem uma razão de ser: o modelo foi pensado para atender a cada pequeno anseio do brasileiro – e do indiano. Para o nosso país, a engenharia da Fiat entrou forte e acertou diversos pontos do carro, em especial a suspensão.
Ele roda como um típico Citroën da era de ouro: suspensão bem macia, confortável e com ótima absorção de impactos. Passa sensação de robustez ao enfrentar terrenos difíceis e roletar lombadas. Sabe a batida seca dos antigos C3? Esse novo modelo não faz isso e absorve todas as irregularidades como se tivesse complexo de Jeep Renegade.
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Mais brasileiro
A direção com assistência elétrica foi outra a receber um tratamento extra do lado italiano da Stellantis. Ela é bem rápida e leve, exigindo menos esforço que o padrão das marcas francesas, mesmo em alta velocidade. Até então, todo Citroën e Peugeot tinha direção bem pesada em altas velocidades, o que era bem agradável, mas agora ele está mais suave.
Nosso contato com o hatch compacto foi basicamente restrito a uma longa reta pela beira das praias da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, enfrentando um pouco de trânsito, mas pouquíssimas curvas. Ainda não foi possível sentir como a carroceria mais alta do novo C3 interferiu em sua dinâmica em curvas.
França e Itália
Debaixo do capô são dois mundos diferentes. As versões de entrada Live, Live Pack e Feel usam motor 1.0 Firefly três cilindros aspirado. É o mesmo motor do Fiat Argo e do Peugeot 208, entregando 75 cv e 10,7 kgfm de torque. Esse parece o casamento mais certo para o novo Citroën C3.
A única grande questão fica por conta da vibração excessiva e do alto volume do motor na cabine. Aliás, ainda bem que o som do motor invade a cabine, pois a Citroën esqueceu de colocar um simples conta-giros no painel de instrumentos digital do hatch compacto. Mas vou tocar nesse ponto depois.
Ao menos o escalonamento das marchas é bom, aproveitando bastante do torque em baixa do C3 1.0 para trocar de marcha rápido e baixar a rotação. O melhor câmbio do modelo, na realidade, é o automático de seis marchas, que vem somente com o motor 1.6 aspirado de 120 cv e 15,7 kgfm – esse já usado pelo Citroën C3 no Brasil desde sua primeira geração.
Se no 208 o 1.6 é suficiente, o C3 fica um pouco além disso, chegando à beira de ser divertido. Mas seria mais interessante ver o motor 1.3 Firefly com câmbio CVT da Fiat em seu lugar ou (melhor ainda) o 1.0 três cilindros turbo do Fiat Pulse. Vale lembrar que o modelo 1.6 tem também versão manual, mas não tivemos contato com essa variante.
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Questões de custo
Como o Citroën C3 parte de R$ 68.990 e vai até R$ 97.990, fica nítido que ele foi pensado para ser um carro barato. Isso se reflete bastante no interior. O acabamento é bem superior ao de Fiat Mobi, Renault Kwid, mas também fica acima da qualidade vista em Chevrolet Onix e Volkswagen Polo. Porém, traz algumas simplificações nítidas.
Exemplo disso é o comando do botão do vidro elétrico traseiro, que fica no console central e é acessível por todos os passageiros. A chave é simplória, sem função canivete e aparência de peça usada em uma moto, apesar de ter comandos para trancar e destrancar a porta nela. Nada de tecido nas portas ou materiais macios ao toque.
Isso contrasta absurdamente com a central multimídia de 10 polegadas com excelente tela, horizontalziada, fácil e rápido de mexer. O ar-condicionado, ao contrário do Cactus e do 208, tem comandos físicos na parte inferior do painel, logo acima de um grande porta-objetos de dois andares e que conta ainda com porta-copos.
O espaço interno é supreendentemente bom porque o novo Citroën C3 é um carro altinho e nitidamente verticalizado. A posição de dirigir é alta, cerca de 10 cm mais alta que a média da categoria e isso é sentido ao volante, mas especialmente no banco do passageiro. Atrás, você se senta como em uma cadeira, com as pernas bem esticadas e há espaço.
Veredicto
Poucas vezes vemos um lançamento de tanto potencial de impacto quanto o Citroën C3. Mirando preço intermediário entre os subcompactos (Mobi e Kwid) e os compactos (208, Onix e HB20), o modelo preenche um espaço que ninguém preenchia ainda. Além disso, é o automático mais barato do Brasil.
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