Não faz muito tempo que aqui no Auto+ eu avaliei o Mercedes-Benz EQS AMG e sai com uma sensação de que o elétrico não honrava as três poderosas letras da Mercedes. Confesso que meu medo era que o BMW i4 M50 fizesse o mesmo com a divisão esportiva da rival. Mas nesse breve contato, ao que tudo indica isso não aconteceu.
Ele ainda não é um M completo, como um M3 ou um X6 M, dois modelos que a BMW disponibilizou no mesmo dia para testes a fim de comprovar que o i4 não fica tão distante deles. A realidade é que a versão M50 está um patamar do que seria um Mi4 ou i4 M de fato, com performance brutal, mas uma precisão ímpar na pista. Mas as origens estão lá.
Por R$ 596.950, ele é a versão mais cara e potente do BMW i4, além de ser o único Série 4 de quatro portas (carroceria Grand Coupé). Tem 544 cv e 81,1 kgfm de torque provido por dois motores. O dianteiro entrega 258 cv, enquanto o traseiro tem à disposição 340 cv e 43,8 kgfm de torque – exatamente o mesmo conjunto usado pelo i4 de entrada.
Na pista, isso se traduz em uma patada violenta na aceleração que te leva aos 100 km/h em 3,9 segundos. É forte como uma montanha-russa e que te obriga a ficar com a cabeça já no encosto para não sentir uma chicoteada. Me fez lembrar a sensação de dirigir o Porsche Taycan Turbo S pela primeira vez – até hoje referência em aceleração de elétrico.
Mas e as curvas?
Um carro elétrico acelerar bruscamente não é nenhuma novidade. Mas o i4 faz isso de maneira interessante. O motor tem som simulado bastante instigante e interessante. Fica claro que é um elétrico, mas parece um ronco de motor – não chega a ser tão bem acertado quanto o do EQS AMG, mas ainda assim é bem divertido.
O controle de largada ainda traz um belo tranco ao ser acionado como se fosse o balanço do motor ao acelerar até a rotação ideal antes de largar. Mas para ser um BMW M de verdade, o i4 precisa ser bom de curva e gostar de levar a traseira para um passeio. E ele faz isso de maneira extremamente divertida.
A traseira desliza controlada, mas com vontade. Basta instigar o cupê para que ele desgarre a retaguarda com alegria como um bom BMW M, mesmo com tração integral. Mas basta triscar no acelerador para que ele volte à trajetória perfeitamente e controladamente. É quase como se ele estivesse conectado ao seu cérebro.
Junte isso à direção pesada, com aro grosso, mas precisa e rápida e verá que é o tipo de carro que mantém o espírito esportivo que tanto necessita. O contato rápido não deixou perceber as nuances da suspensão para além de um controle bem feito em curvas, que impede que a carroceria role – algo auxiliado pelo centro de gravidade baixo.
Novidades e aperto
Por dentro o acabamento é de primeira, como se espera de um BMW. Tudo bem montado e no lugar. Diferentemente do Série 4, porém, o BMW i4 tem central multimídia paralela ao painel de instrumentos – uma solução visual que a Mercedes-Benz já usou e abandonou. O modelo ainda conjugou o ar-condicionado com a central, algo que vejo como retrocesso.
Na traseira, o espaço é acanhado. O piso alto faz com que as pernas não fiquem esticadas o suficiente, o que piora com o fato de que a distância para o banco da frente é curta. Não é um carro para pessoas altas se sentarem atrás, já vale o alerta. Já o porta-malas de 470 litros é razoável para a proposta do carro.
Veredicto
Se seu medo era que um BMW M elétrico não fosse um Motorsport de verdade, pode tirar seu cavalinho da chuva. O i4 é verdadeiramente divertido, bom de dirigir e segue com o espírito da divisão esportiva em que te deixa divertir com uma traseira feliz, até que precise de controle novamente.
Esse é apenas um primeiro passo da divisão em direção à eletrificação, mostrando o potencial que um possível i4 M de verdade pode ter. Considerando ainda que a autonomia é de 510 km e o preço de R$ 596.950 o coloca mais próximo de um BYD Han do que de um Mercedes EQE ou de um Audi RS e-tron GT, o BMW i4 se mostra (surpreendentemente) uma compra racional.
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