Eis que o ‘novo normal’, mais uma vez, se mostra presente num lançamento do setor automotivo. O convite para a coletiva de imprensa do Ford Territory, claro, como de praxe, chegou por e-mail. Tratava-se de uma das muitas apresentações online que são transmitidas atualmente por conta da pandemia instaurada pelo novo Coronavírus. Porém, desta vez, o carro também chega para teste na porta de casa – afinal, a maioria dos jornalistas estão em home office.
Assim como a chegada do carro em domicílio (algo inédito na Ford em se tratando em testes de primeiras impressões), as medidas de higienização também soaram como novidade. Com o devido uso de máscara, o motorista da montadora realiza a entrega do carro sem qualquer contato físico. Plásticos revestem diversas partes do habitáculo, como volante, manopla do câmbio e banco do motorista.
Sem mais delongas, vamos ao carro em si. O Ford Territory não é só mais um SUV no (vasto) portfólio da Ford, mas uma aposta de peso para mexer com a concorrência. A marca, aliás, já conta com exemplares na categoria que vão desde o exclusivo Mustang Mach-E até o EcoSport – que nasceu no Brasil e já conquistou mais de 100 países em seus quase 20 anos de existência.
Com pré-vendas iniciadas no Brasil em 7 de agosto, o Territory chega às revendas só em setembro (em duas versões de acabamento), mas já sai na frente dos rivais Jeep Compass e Volkswagen Tiguan devido ao visual atualizado. A (vasta) tecnologia embarcada também precisa ser levada em conta.
De olho na concorrência
Mas como tudo tem um preço, claro, pela versão topo de linha aqui avaliada (Titanium), a Ford pede nada menos que R$ 187,9 mil – a SEL custa R$ 165,9 mil. Se por um lado, o Compass Limited passa pouco dos R$ 170 mil, já com opcionais, o Tiguan R-Line quase encosta nos R$ 215 mil.
A pergunta que todo mundo faz quando avista o carrão é: qual o motor? Então, vamos lá! Embaixo do capô vai o 1.5 Turbo EcoBoost GTDi, que gera 150 cv. O torque é de 22,9 kgfm a breves 1.500 giros. A faixa vai até 4.000 rpm.
São números interessantes, mas não tornam o Territory o mais rápido da categoria, não. O concorrente direto, Compass, chega a 100 km/h em 8,8 segundos na versão topo. Enquanto isso, o Ford realiza o feito em 9,2 segundos. A potência do Jeep também é maior: 166 cv.
Demais números
As demais respostas estão na ficha técnica. O peso é de 1.632 quilos. A relação peso potência, 10,88. A transmissão é CVT (continuamente variável) que simula oito velocidades.
Apesar de contínua, a linearidade do câmbio poderia ser melhor. Enquanto simula a ‘sexta marcha’, por exemplo, o giro vai lá para cima e compromete o desempenho. Para que o sistema obedeça, é necessário entrar em ação. Basta manusear a alavanca de câmbio. Aqui, não há aletas atrás do volante.
No mais, o controle é total a bordo do Territory, afinal, assistência ao motorista é o que não falta. Tem controlador de velocidade adaptativo, monitoramento de ponto cego e sistema de alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência.
Sistema de estacionamento automático também está na lista. Entretanto, fica mais fácil estacionar sozinho do que esperar a tecnologia encontrar e indicar a vaga para início da ação. Sem contar que as câmeras 360 graus ajudam em qualquer situação. Tem até visualização panorâmica – sim, você se sente jogando um game de corrida.
A direção elétrica merece elogios. Deixa o carro completamente leve. O volante (multifuncional), aliás, tem correção de altura e profundidade. Ponto também para o sistema de suspensões. Nada tão molenga, ou rígida demais a ponto de deixar a viagem desconfortável. É calibrada na medida certa. Rolagem extrema da carroceria também não se vê por aqui. O trabalho da engenharia, de fato, deixou o veículo grudado no chão.
Visão geral
Ainda mais chamativo que os atributos presentes nos bastidores (como mecânica e tecnologia), é o visual todo moderno do SUV da Ford. Beleza é relativa, mas aqui é difícil alguém discordar. O Ford Territory é um dos utilitários mais bem resolvidos do mercado – se não o mais!
A junção entre a imponente grade negra, os faróis full LED e as lanternas traseiras que invadem a tampa do porta-malas (com abertura elétrica) formam um belo conjunto. E isso tudo é completado pelas rodas de 18 polegadas e 15 raios. O acabamento é diamantado.
Soluções como janelas estreitas dão ainda mais parrudez ao veículo, que parece até maior do que realmente é. Por dentro, além de bom isolamento acústico, há espaço suficiente no habitáculo para os cinco ocupantes. Este, aliás, é forrado pelo sofisticado revestimento em couro claro na versão avaliada.
Por dentro
Do lado de dentro, o Territory recebeu um útil carregador de celular sem fio. O sistema multimídia tem tela sensível ao toque de 10,1 polegadas. Nela, são quatro quadrantes ajustáveis que não são lá muito funcionais, mas são visualmente agradáveis. A central é integrada aos sistemas Android Auto e Apple CarPlay – entretanto só este último é wireless.
Uma das principais cartadas do Territory é chegar com força neste mundo conectado. Como hoje em dia grande parte da população depende do smartphone para se comunicar, comprar e até mesmo, ir e vir, por que não incluir seu carro à essa nova realidade?
Pois é, o FordPass trata-se de um aplicativo que, uma vez instalado, permite interação quase total ao carro. Por meio dele é possível, por exemplo, ler o manual do carro, agendar serviços pós-vendas, saber sobre recalls e até mesmo ligar o motor a distância e bisbilhotar quanto há de combustível no tanque.
E tem mais: por meio do app, o proprietário pode travar e destravar as portas, localizar o carro ou, por exemplo, checar a pressão dos pneus. Os primeiros 250 clientes que adquirirem um Territory têm um ano grátis do serviço, como cortesia.
Mais conteúdo
Além de aplicativo, central multimídia e outros mimos, o Ford Territory tem uma lista de série bastante recheada. Sentado no banco do motorista, não tem como deixar de reparar no quadro de instrumentos digital, com ela de 10″. Tem três formatos personalizáveis.
E o belíssimo acabamento é caprichado. Mistura detalhes em piano black, e até cromado. Tem ainda um detalhezinho em plástico que imita madeira… E não dá para deixar de lado o teto solar panorâmico.
O painel é sensível ao toque. O conteúdo ainda engloba ar-condicionado automático e digital com saídas para o assento traseiro, quatro entradas USB e luz ambiente com tom configurável. Para a segurança, são seis air bags, de série.
A Ford não fala em números, mas também pudera, afinal, a pandemia da Covid-19 está virando o mercado de cabeça para baixo. “Impossível prever”, como relataram os executivos da marca. Mas o carro promete fazer um estrago na cartela de clientes da concorrência, afinal, tem predicados de sobra.
Uma das (poucas) ressalvas é o consumo. Foi difícil superar os 9 km/l (gasolina) de média combinada durante os dias de test-drive. Mas essa, certamente, não é a principal preocupação de quem vai pagar quase R$ 200 mil por um carro.
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