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5 coisas que a Ford poderia ter feito para não falir no Brasil

Apesar de seguir no Brasil como importadora, a Ford poderia ter tido um rumo bem diferente por aqui e ter evitado a falência das fábricas

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Ford Bronco Sport [divulgação]

Apesar de a internet ficar enfurecida toda vez que a Ford é citada em alguma matéria afirmando que a marca saiu do Brasil, isso não é verdade. Ela segue firme e forte como importadora. Mas o que a Ford poderia ter feito para que a sua produção nacional não tivesse entrado em falência?

Listamos cinco hipotéticas estratégias que poderiam ter mudado completamente o rumo da Ford no Brasil. Isso, é claro, se a marca tivesse dinheiro suficiente para fazer isso ou a aprovação da matriz – que vez ou outra transparece que não deixa muito que a divisão brasileira tome as próprias decisões.

New Fiesta sem automático de verdade

Ford New Fiesta [divulgação]
Ford New Fiesta [divulgação]
O New Fiesta foi um produto de certo prestígio para a Ford. Até hoje reconhecido como um carro bom de dirigir e bonito, ele teve um erro crasso em sua reestilização apresentada em 2017 e aposentada em 2019: não adotar câmbio automático de verdade. A Ford insistiu no PowerShift que dava mais problema que qualquer outro câmbio no país.

A grande questão é que o Ka ganhou um câmbio automático de verdade junto a um moderno motor 1.5 Dragon três cilindros aspirado. Esse motor deveria ter sido usado no New Fiesta, não no Ka. Com esse conjunto, a Ford poderia ter cobrado mais por ele e feito um rival de peso para o Chevrolet Onix. Mas no fim o Ka ficou mais sofisticado do que o New Fiesta e ainda por cima falhou.

Não nacionalizar o EcoBoost

Ford New Fiesta [divulgação]
Ford New Fiesta [divulgação]
Outro problema que envolve o New Fiesta é o motor EcoBoost. A Ford trouxe o motor 1.0 três cilindros turbo para o Brasil em uma variante somente com câmbio automático e a gasolina. Em tempo em que a Volkswagen usava o 1.0 TSI no up! com câmbio manual e já flex. O motor deveria ter sido nacionalizado e usado no New Fiesta, EcoSport e até no Ka.

O 1.0 EcoBoost era o motor mais premiado da época e já antecipava uma tendência que não teria mais volta. Se ao invés de nacionalizar o 1.5 aspirado a Ford tivesse feito o 1.0 EcoBoost no Brasil, além de ter tido a primazia entre os modelos turbo 1.0, teria vendido bem mais seus carros. Isso, claro, se não usasse o PowerShift nas versões automáticas.

Ford EcoSport global demais

Ford EcoSport [divulgação]
Ford EcoSport [divulgação]
A glória da primeira geração do Ford EcoSport foi ter sido pensada para o Brasil. Por isso até foi um sucesso absurdo e criou um segmento. Mas a segunda geração tentou agradar a tanta gente que ficou para trás. A culpa maior é dos indianos, que obrigaram o SUV a ter quatro metros de comprimento para pagar menos imposto.

Bem menor que os rivais, o EcoSport não teve chance para o que vinha adiante como Jeep Renegade, Honda HR-V e Nissan Kicks. Nem é preciso citar que o câmbio PowerShift também ajudou a minar o sucesso do EcoSport, não é? Um EcoSport com porte de SUV compacto de verdade e motor EcoBoost poderia ter sido líder de vendas por anos ou até hoje.

Só Ford de baixo custo

Ford Ka [divulgação]
Ford Ka [divulgação]
Enquanto a Ford hoje mira em baixo volume, mas rentabilidade alta, no passado seu erro foi justamente ter feito o contrário. A marca precisava de carros mais caros produzidos aqui ou na Argentina para manter a operação saudável. Um SUV médio como o Escape era mais do que necessário, assim como carros acima de Ka e EcoSport.

Volume excessivo fez mal à Ford, que precisava equilibrar a balança das vendas com carros mais caros e sofisticados. Foi isso que a Fiat fez com Toro e agora com o Pulse. E também foi o foco da Nissan ao tirar V-Drive e March de linha para focar em Versa e Kicks. Ka e EcoSport deveriam ter sido mantidos na base, mas com irmãos mais sofisticados logo acima.

Anúncio ao contrário

Ford Bronco Sport Wildtrack [Auto+ / João Brigato]
Ford Bronco Sport Wildtrack [Auto+ / João Brigato]
Esse último ponto não evitaria o fechamento das fábricas, mas causaria menos dano. Na irreversível situação na qual a Ford precisou tomar a decisão que se deu no Brasil, o anúncio com o qual o fechamento da fábrica foi feito deveria ter sido ao contrário. Primeiro a marca divulgou que fechou a fábrica da Camaçari, na Bahia, para somente depois anunciar uma nova linha de modelos. Esse foi o erro: anunciar o caos antes das mudanças.

Se a Ford tivesse prometido o lançamento de Bronco Sport, Maverick, Transit, Mustang Mach E e Territory antes de revelar que fecharia a fábrica, o impacto seria menor. Já que a cada anuncio novo, choviam comentários questionando se a Ford não tinha saído do Brasil. Era melhor prometer o futuro antes de anunciar as mudanças do presente.

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