Ano de pandemia, tecnologias avançando rápido e o mercado automotivo mudando a cada segundo. Não foi um ano fácil para todos. Mas esses dez carros tiveram vida ainda mais difícil, tanto que alguns deles até saíram de linha.
Nesse especial com direito a um vídeo completo no canal do Auto+ (se inscreva), reunimos dez exemplos de carros ou tecnologias automotivas que definitivamente não deram certo em 2020 e as razões pelas quais eles não foram para a frente.
Câmbio automatizado de embreagem única
O fato de a Fiat ter tirado o Cronos GSR de linha no Brasil marcou também o fim da era dos carros automatizados de embreagem única. Polêmico, esse tipo de câmbio era alvo de duras críticas por seu funcionamento impreciso, cheio de trancos e por constantemente ser alvo de caras manutenções.
A ideia desse tipo de transmissão era ser mais barata que o automático tradicional e para ser usada em carros populares. Se popularizou com I-Motion da Volkswagen e o Dualogic da Fiat, mas mesmo assim era ruim de dirigir.
Com os custos de produção câmbio automático tradicional baixando ano a ano com a popularização dessa tecnologia, a maioria das marcas abandonou a problemática transmissão de embreagem única. A Chevrolet, pioneira com o Easytronic, foi a primeira a trocar por um automático tradicional quando Onix, Prisma, Cobalt e Spin chegaram.
Peugeot 208
Apesar de ser um dos lançamentos mais importantes do ano, o Peugeot 208 não foi a grande revolução que a Peugeot esperava. Era um carro bastante aguardado pelo público e pela crítica, especialmente por vender muito bem na Europa e receber excelentes respostas pela mídia local.
O problema é que o preço do Peugeot 208 assustou. Ele ficou mais caro que a média da concorrência e esbarrou no fato de não ter motor turbo como todos esperavam. A Peugeot o equipou somente motor 1.6 aspirado de 118 cv, que tem potência abaixo da média da categoria.
Além disso, ele chegou somente câmbio automático – algo que foi corrigido meses depois. As vendas vêm crescendo porque ele se provou ser um bom produto, apesar dessas duas falhas. Resta saber se a Peugeot vai conseguir convencer o público de Polo e Onix a abraçar o 208.
Peruas
O ano de 2020 foi derradeiro para as peruas pois o último modelo dessa categoria produzido no Brasil morreu. A Fiat tirou a Weekend de linha logo no comecinho do ano passado por conta da legislação. Ficaria caro demais adaptar ISOFIX e cinto de três pontos para todos os passageiros.
Na surdina, a Volvo deixou de trazer a belíssima V60, o que marcou ainda mais a derrocada das peruas no Brasil. A esperança fica por conta de modelos esportivos, como a linha RS da Audi composta por RS 4 e RS 6. Além delas, somente a Subaru e a Porsche tem peruas.
É muito provável que nunca mais o Brasil produza uma perua localmente. A não ser que o mercado pare de comprar SUVs e haja uma revolução das peruas. O que é muitíssimo improvável.
Hatches médios
Ainda que não tenha desaparecido por completo por conta dos importados, os hatches médios estão na berlinda tanto quanto as peruas. Hoje, o único hatch médio não de luxo é o Chevrolet Cruze Sport 6, que recentemente ganhou linha 2021 no Brasil.
No ano passado, a Volkswagen trouxe o último lote de Golf GTE pro Brasil, mas vendeu tão pouco que virou carro de locadora. Sobram quais modelos? Os pertencentes às marcas de luxo: Audi, BMW e Mercedes ainda contam com hatches médios e investem forte em versões esportivas.
Mas já reparou que o A3 sedã vende mais que o hatch? E que o Classe A Sedan deixa o hatch pra trás fácil? Nem quando as marcas oferecem uma opção, o público opta pelos hatches médios. É mais ou menos o que aconteceu com as peruas, já que os SUVs são vistos como modelos que oferecem mais status.
Toyota Etios
Desde que a Toyota lançou o Yaris em 2018, o Etios foi perdendo espaço. A marca tirou algumas versões de linha para abrir espaço para o irmão maior e as vendas caíram com força. A redução da gama foi ainda mais forte nos últimos tempos até que em 2020 e o Etios ficou só com uma versão, a X Plus.
Hoje é possível escolher somente o tipo de câmbio: automático ou manual. E a cor, se tiver sorte. Tanto o hatch quanto o sedã vendem cada vez menos por causa do Yaris e a Toyota parece ter esquecido do Etios aos poucos.
Na Índia ele já está fora de linha e não deve demorar muito pra acontecer o mesmo por aqui também. Uma pena pois, apesar de não ser um dos carros mais bonito da Toyota, o Etios é um carro bom de dirigir, robusto e competente.
Renault Logan CVT
Hoje em dia um sedã compacto não ter versão automática é praticamente uma heresia ou receita certa pra fracassar no mercado. Ciente disso, a Renault trouxe câmbio CVT para o Logan e para o Sandero quando reestilizou os irmãos.
Só que isso veio com um preço: a caixa CVT da Renault é grande demais para caber no cofre do dos compactos. Assim, para não raspar na lombada, foi necessário usar a suspensão do Stepway, que é elevada em todos os carros da marca francesa com essa transmissão.
O problema foi o efeito visual causado por isso: algo meio Logan Stepway e que não agradou ao público pois além da suspensão mais alta a Renault colocou plásticos pretos nas caixas de roda. No hatch foi melhor aceito em virtude da proposta visual do carro, mas não por muito tempo pois o Sandero CVT também saiu de linha.
Chevrolet Camaro
Lembrado por muitos pelo hit chiclete do Camaro amarelo, o muscle-car da Chevrolet não está tão em alta quanto na época do sertanejo. E infelizmente não é só aqui no Brasil que ele anda em baixa. Até nos Estados Unidos ele vende menos que o Dodge Challenger, um esportivo que está há mais de dez anos na mesma geração.
Aqui no Brasil, a grande culpa é do Ford Mustang, que chegou com mais equipamentos, preço mais baixo e dirigibilidade mais agradável. A vida do Camaro não ficou fácil ao longo de 2020, como provam as vendas inferiores às do Porsche 911, um carro substancialmente mais caro.
O problema desse atual Camaro foi a dianteira com estilo polêmico com logotipo no meio da grade meio nada a ver. O público não gostou e rapidamente a Chevrolet promoveu uma reestilização de emergência no modelo, que estreou agora como linha 2021 no Brasil.
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