Um dos maiores grupos automotivos do mundo, a Stellantis não viveu um 2024 positivo. Ainda que os resultados de suas marcas no Brasil tenham sido positivos, lá fora a situação não é tão positiva. Não que alguém tenha perguntado, mas se pudesse assumir o lugar deixado por Carlos Tavares na virada do ano, eis o que faria para tentar salvar a Stellantis.
Chrysler, DS e Lancia? Tchau
Não é de hoje que a Stellantis vem lutando para achar lugar para todas as suas marcas. Prova disso, é que as marcas mais deficitárias tiveram estipulado um prazo de dez anos para voltar a lucrar ou seriam fechadas. Para salvar o grupo, o mais fácil é cortar logo o mal pela raiz e voltar a investir em marcas com verdadeiro potencial.
A Chrysler seria a primeira a ser aposentada. Por mais que tenha um legado gigantesco, deixou de ser relevante há muitos anos. O 300 morreu sendo um carro jurássico, enquanto sobreviver somente com uma minivan em um cenário global não parece algo saudável. Com dor no coração, deixaria a Chrysler descansar em paz.
A segunda que iria junto é a Lancia. Por muitos anos, a marca sobreviveu somente fabricante versões mais chiques dos carros da Fiat, mas com zero relevância. Agora ela faz isso com modelos da Peugeot, mas com um design bem estranho. O Ypsilon poderia ser o renascimento da marca, mas não foi. Melhor sair de cena.
Depois, temos a DS. Por mais que a ideia de uma marca de luxo francesa faça muito sentido, a DS nunca se provou suficientemente atraente para ser algo além de uma submarca da Citroën. Com todo o mundo desistindo de só vender carros elétricos e a DS insistindo nisso, melhor deixar o luxo para outra montadora.
A luxuosa e a esportiva
No patamar mais alto da Stellantis, teríamos a Alfa Romeo como representante máxima. A marca trabalharia fortemente em conjunto com a Dodge no desenvolvimento de motores e plataformas de tração traseira, mas cada uma mirando lados diferentes. Os carros da Dodge seriam esportivos, mas não tão luxuosos, enquanto os Alfa teriam todos os frufrus.
É algo mais complexo do que foi feito com Alfa Romeo Tonale e Dodge Hornet, que são o mesmo carro, mas com para-choques trocados. Pense em algo mais como Fiat Toro e Ram Rampage: essencialmente o mesmo carro, mas com uma casca externa bem diferente, pegada de mercado diferente e uma claramente mais refinada do que a outra.
Alfa Romeo e Dodge teriam SUVs compartilhados sempre com tração traseira, indo de algo com porte pouco acima do Jeep Compass para deixar a Alfa brigar com BMW X3, passando por modelos maiores no porte de um Mercedes-Benz GLE (talvez até opção sete lugares). Mas seria necessário também um SUV gigantesco mega luxuoso para Alfa e esportivo para a Dodge.
O dinheiro que sobrou dos investimentos que seriam feitos em Lancia, Chrysler e DS, viria para cá. A ideia é custear uma nova geração do Giulia, mas que a Alfa Romeo aprendesse com o BMW Série 3 como fazer um modelo assim. Se a base do atual Dodge Charger servir, melhor ainda, porque rende um elétrico. As duas marcas também teriam vários SUVs cupê.
Para que a vida de Dodge e Alfa Romeo se torne mais fácil, além de mais lucrativa, lembra do rumor de que a Chery ia comprar a Maserati? Deixa isso acontecer. Assim, a Alfa consegue ter esportivos no patamar que os Maserati estão e ganhar volume, enquanto a Dodge teria a chance de trazer o Viper de volta.
Segmentos de base
Na base da Stellantis temos Citroën, Peugeot, Opel, Vauxhall e Fiat. Um imbróglio de marcas que precisa ser organizado. Não faz o menor sentido ter a Vauxhall somente no Reino Unido, sendo somente uma Opel com o mesmo nome. Transforma tudo em Opel e segue a vida. Lá fora, é a marca mais careta, sensata e pode usar modelos de todas as irmãs.
A Citroën segue direcionada como marca de entrada do grupo, apostando em modelos de baixo custo e preço inferior. O interessante seria puxar mais para o lado da Dacia, oferecendo também carros de maior porte em relação aos seus rivais, mas com o preço mais baixo. O C3, por exemplo, tinha que ser maior que o 208.
Já a Fiat precisa de mais brasilidade na Europa. Lá fora eles só tem Panda, Grande Panda, 500 e o Tipo, que mais parece um Argão / Cronão. Deixa o Brasil comandar as operações, leva a Toro, o Pulse e o Fastback para a Europa e se descola de outras marcas. Aqui dá absurdamente certo.
Já a Peugeot segue como a mais sofisticada do quarteto de marcas, sendo um pequeno degrau acima. A estratégia da Stellanis no Brasil de oferecer preços mais convidativos tem funcionado para a marca. Contudo, a Peugeot precisa de mais SUVs, especialmente um regular com a pegada do 3008, além de um 2008 cupê.
As estrelas da FCA
Jeep e Ram, na época da FCA, eram descritas como as marcas mais importantes do grupo. Hoje na Stellantis perderam um pouco do brilho para Fiat e Peugeot, mas ainda assim têm papel importantíssimo dentro da gama. A Jeep fornece tecnologia e conhecimento para ajudar a desenvolver os SUVs das outras marcas, que são essenciais para todas.
Contudo, a marca precisa de alguns modelos novos. O Cherokee precisa urgentemente voltar para colocar a Jeep no mercado dominado por Honda CR-V e Toyota RAV4. É um segmento global de suma importância. Já o brasileiro Commander, faz sentido e falta nos EUA. Compass e Renegade de nova geração já estão em desenvolvimento, então segue assim.
O importante seria ter um Compass cupê para brigar no segmento de médios de entrada e que o próximo Cherokee também tivesse essa alternativa. A Jeep também precisa de mais SUVs híbridos, tanto HEV, quanto PHEV, mas um sistema mais eficiente que o gastão 4xe. Nisso, a Ram também se beneficiaria.
Afinal, poderia ter acesso aos sistemas eletrificados da marca irmã para colocar em vários outros modelos. A Ram precisa urgente de uma caminhonete média para brigar com Toyota Hilux / Tacoma, Ford Ranger e Nissan Frontier. Dakota seria um ótimo nome, mas não pode ser baseada na Fiat Titano, ao menos não do jeito que está.
Seria interessante também ver um SUV derivado da Ram 1500, sem ser o Jeep Wagoneer. Trazer um SUV para dentro da Ram possibilitaria à Stellantis brigar com Chevrolet Tahoe e Suburban, inclusive nos serviços policiais. A Rampage teria uma nova geração, só que maior e não baseada na Toro, para brigar com a Ford Maverick nos EUA.
O que você faria para salvar a Stellantis? Conte nos comentários.